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“A Arquitetura é vital”

Leia um bate-papo com o filósofo suíço Alain de Botton, que é idealizador do projeto Living Architecture.

Por Reportagem: Mariane Morisawa
Atualizado em 15 dez 2016, 13h35 - Publicado em 30 Maio 2011, 11h05
Um título para uma foto sem titulo

O filósofo suíço Alain de Botton é idealizador do projeto Living Architecture e autor do livro A Arquitetura da Felicidade (Rocco).

Construções belas trazem felicidade?

Sozinha, a arquitetura não é capaz de nos deixar contentes sempre. Sua eficácia compara-se à do clima: um dia bonito tem o poder de mudar nosso estado mental. Mas, sob o peso dos problemas, não há céu azul ou edifício que nos façam sorrir. Daí a dificuldade de elevar a arquitetura a uma prioridade política: ela não tem nenhuma das vantagens evidentes da água pura ou do suprimento de alimentos. E, ainda assim, é vital.

Por que se suspeita tanto de prédios contemporâneos?

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Eles podem parecer mais um lembrete do brutal mundo atual. O presente com frequência parece amedrontador, algo do qual se deve fugir, em vez de abraçar. A Grã-Bretanha foi o primeiro país industrial, e a mudança rápida deu à nação uma sensação poderosa de nostalgia. Vem daí a preferência pelas casas antiquadas. Somos nostálgicos porque estamos longe de levar vidas rústicas. Queremos escapar daquilo que achamos ter demais: tecnologia e concreto.

Mas não seria uma questão de gosto?

O gosto diz muito sobre o que falta em nosso cotidiano. Está muito longe do trivial discutir sobre um sofá, por exemplo. Afinal, ele sugere um modo de vida, uma atitude em relação à existência. Sobre uma peça angular, de pés metálicos, feita por uma moderna marca italiana, um homem pode dizer: “Eu amo este”, mas, de fato, ele é atraído pelas qualidades de ordem, lógica e racionalidade do móvel. Enquanto isso, sua mulher se irrita porque odeia os traços de seu marido parecidos com os do sofá – e adoraria imbuir o casamento da doçura e do romantismo de uma chaise longue do século 18. As brigas que se desenrolam nas lojas de móveis são, portanto, totalmente lógicas: muita coisa está em jogo.

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