Como obter bem-estar com a iluminação. Fernando Prado responde
O lighting designer Fernando Prado comenta os erros que cometemos ao iluminar o ambiente e as formas de corrigi-los para tirarmos proveito da luz
Basta um encontro com o lighting designer Fernando Prado para nos apaixonarmos pela arquitetura da luz. Filho de arquitetos e hábil no manejo da iluminação como fonte de bem-estar, o premiado designer e atual diretor da Lumini, que acaba de lançar uma luminária em homenagem à Semana de Arte Moderna, falou a BONS FLUIDOS.
BONS FLUIDOS – Como obter bem-estar com a iluminação?
FERNANDO PRADO – Dentro de casa, você quer relaxar, desacelerar. Então, as lâmpadas das áreas de convivência devem ser as incandescentes ou halógenas, que são alaranjadas, reproduzindo o aconchego do pôr do sol. Diferentemente do tipo que se usa no ambiente de trabalho, que puxa mais para o tom do meio-dia, brilhante. Aí e na cozinha, eu sugiro as fluorescentes. E para o banheiro uma mistura de fonte halógena e fluorescente.
BF – O abajur é a melhor fonte de luz que se pode ter na sala?
FP – O abajur é uma fonte de luz que tem relação direta com a segurança. Em nosso inconsciente, desperta uma memória ancestral. Pela tonalidade alaranjada emitida pela lâmpada incandescente e a cúpula, que ajuda na difusão, é o equivalente à fogueira, que fazia a caverna ser mais segura.
BF – Que erro mais cometemos?
FP – A lâmpada dicroica é muito útil se for utilizada de forma pontual – para dar destaque a um quadro, um vaso. Mas começou- se a usá-la na casa toda, em cima do sofá e no banheiro. Isso é ruim porque a pessoa já sai do banho suando. Outro problema é que no boom do apagão as pessoas trocaram as incandescentes por fluorescentes sem critério. Os ambientes ficaram muito desconfortáveis porque essas lâmpadas são muito claras e não deixam relaxar. Nas áreas de convívio, eu continuaria usando incandescentes ou led – menos danoso ao ambiente porque não tem mercúrio, não emite raios ultravioleta e tem vida útil infinitamente maior que os outros tipos.
BF – Uma das luminárias premiadas que você criou, a Bossa, é feita de forma semiartesanal.
FP – Dos 250 funcionários que trabalham na parte fabril da Lumini, uma parcela significativa está envolvida nessa produção semiartesanal. Usa-se a máquina, mas o resultado, de fato, depende do operador. Essa mão de obra qualificada está em extinção. Me sinto um pouco no caminho contrário do mundo. Ainda acredito no fazer artesanal.