A cor e seus efeitos
Um guia básico para te orientar na hora de escolher as cores e combinações
1. Quais tons tranquilizam ou agitam?
“Matizes frios, como azuis e verdes, acalmam. Já os quentes, como amarelos, laranjas e vermelhos, estimulam”, diz a presidente do Comitê Brasileiro de Cores (CBC), Elisabeth Wey, de São Paulo. Escolha a nuance adequada à sua personalidade e à atividade realizada no ambiente que vai ser pintado.
2. Como as cores são usadas na arquitetura?
Não há regra. Há quem prefira o monocromático. Para a arquiteta e designer paulista Carol Gay, “a cor evidencia volumes, cria profundidade, integra com o meio externo, traz sentimentos e sensações e faz referência à natureza”. Por isso, essa decisão depende de um estudo detalhado dos objetivos do projeto.
3. Há tons ideais para climas quentes ou frios?
Para Marcos Ziravello Quindici, químico e membro do conselho técnico-científico da Pró-Cor, “cores mais claras vão bem em regiões quentes porque não retêm calor. As saturadas trazem acolhimento a locais frios”. O vice-presidente da Pró-Cor, Paulo Félix, entretanto, avalia que “condições culturais e econômicas do local, quantidade de luz , umidade e efeitos psicológicos também são fatores atuantes”.
4. Como associar cores num mesmo ambiente?
Uma idéia é utilizar os sistemas de combinações harmônicas, contrastantes ou monocromáticas. “As harmônicas são associações de matizes vizinhos no círculo cromático – vermelhos com laranjas e violetas, laranjas com amarelos e vermelhos ou ainda amarelos com laranjas e verdes”, informa Wilma Yoshida, coordenadora do laboratório de cores da Tintas Coral. As contrastantes ficam opostas no círculo cromático e criam ambientes mais surpreendentes – vermelhos com verdes, laranjas com azuis ou amarelos com violetas. Já as monocromáticas permitem unir tons sobre tons, mais claros e mais escuros, de uma mesma cor (degradê).
5. As cores ampliam ou reduzem o espaço?
“Em geral, as claras parecem ampliar e as escuras aproximam e trazem aconchego”, responde o arquiteto Flávio Butti, de São Paulo. “Branco no teto é uma boa maneira de refletir a luz natural.”
MODOS DE PINTAR
6. Posso usar a mesma cor na casa toda?
“Nesse caso, sugiro um tom off-white, branco acrescido de um pouquinho de outra cor, derivada do piso”, recomenda o arquiteto de interiores Fernando Piva, de São Paulo. “Mantenha tetos, rodapés e portas totalmente brancos, para um contraste suave.”
7. Tons fortes estão na moda?
É sempre um risco pintar paredes internas com cores intensas. “Para não cansar, a dica é não tingir os tetos com a mesma tonalidade”, diz Fabio Laniado, consultor da Terracor, de São Paulo. “Deixe-os brancos, o que ainda aumenta o pé-direito”, completa a arquiteta de interiores Paula Nicolini, de São Paulo.
8. Fica bom colorir mais de uma parede?
“Não há regras para o número de paredes a serem pintadas”, aponta Fabio. “O mais comum é usar um tom saturado em apenas uma por ambiente, pois o contraste atrai o olhar”, diz. Exceção feita quando a cor visa destacar um volume (exemplo: a caixa da escada).
9. É legal pintar um cômodo de cada cor?
Nesse caso, o melhor é eleger versões suaves – como diferentes tons pastel. “Assim, a linguagem fica homogênea em todos os ambientes”, diz Fabio. Mesmo usando matizes saturados, o importante é que exista uma comunicação visual entre todos os espaços da casa.
10. Como combinar piso, parede e rodapés?
“Se o piso cerâmico for mesclado, por exemplo, a parede deverá ser neutra – branco, gelo, palha -, para não haver excesso de informação visual”, sugere Rômulo Russi, do Senac de São Paulo. Se o piso for homogêneo, as cores podem ser as mais variadas, dentro da lógica de combinações cromáticas. Para o rodapé, o professor afirma que madeiras pintadas de branco, a uma altura de até 20 cm do chão, são as mais empregadas. “Ou repita o material do próprio piso”, conclui.
11. Como harmonizar paredes e móveis?
“O ideal é começar pelas paredes, caso a decoração não esteja pronta”, ensina Rômulo. Se os móveis já existirem, o jeito é escolher uma cor neutra para as paredes, como branco, palha ou pérola. “Apenas evite usar madeira e muitas paredes escuras, evitando um visual pesado, e não deixe tudo branco”, pondera Ronny Kleiman, diretor da MR. Closet.
12. A luz altera a cor?
“O ideal é fazer um teste no local onde o tom será aplicado, com a iluminação já definitiva”, explica o arquiteto Augusto Galiano, da Lunare Iluminação. Há pequenas embalagens de tinta no mercado próprias para isso. E atenção: como a regulagem das máquinas tintométricas pode variar de loja para loja, o ideal é comprar toda a tinta no mesmo ponto-de-venda.
13. Vale qualquer tonalidade no lavabo?
Esse ambiente ganha graça com cores intensas. “Como verde, bege-dourado ou rosa-queimado”, propõe Paula Nicolini. Para dar profundidade ao espaço, a arquiteta e designer paulista Carol Gay sugere usar variações do mesmo matiz: fundo claro e laterais escuras, por exemplo. Ousadia completa? Invista em listras verticais, que aumentam o pé-direito, ou horizontais, que ampliam visualmente a área.
14. Qual a melhor cor para cada ambiente?
“Essa é uma questão de gosto e personalidade”, diz Fernando Piva. “Opções vibrantes podem ser usadas em espaços de descanso, desde que estejam na parede ondeo contato visual é menos freqüente.” Exemplo: a parede atrás da cama do quarto. É possível ter uma sala de almoço verde-clara, que representa tranqüilidade, ou mesmo laranja, cor quente e mais alegre.
TUDO SOBRE TINTAS
15. Quais são os novos produtos?
Os últimos avanços da indústria criaram as tintas à base de água. Com pouco ou nenhum solvente, elas colaboram para o meio ambiente e para a saúde dos usuários. Há ainda opções com nseticidas e fungicidas, perfumadas e as próprias para gesso.
16. Como escolher uma tinta de qualidade?
Prefira um produto de um dos fabricantes do Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias, garantia de conformidade às normas técnicas. A relação dos participantes consta do site ww.abrafati.com.br. “Em termos de qualidade, em primeiro lugar estão as acrílicas premium, em seguida as látex PVA e depois as acrílicas econômicas”, diz Antônio Carlos de Oliveira, supervisor técnico das Tintas Arquitetônicas da Renner/ PPG. Mas atenção: as econômicas podem oferecer cobertura inferior e exigir várias demãos.
17. Há acabamentos que ocultam imperfeições?
“As tintas brilhantes evidenciam os defeitos da parede”, diz Roberto Abreu, diretor de marketing da Akzo Nobel – Divisão Tintas Decorativas. “Se quiser disfarçar as imperfeições, prefira as versões foscas”, indica.
18. Semibrilho, acetona ou fosca?
A primeira tem alta concentração de resina e pigmentos e por isso oferece longa durabilidade, boa cobertura e lavabilidade. A acetinada se destaca pela ótima qualidade e a superfície aveludada. Já a fosca de primeira linha tem concentração média de resina. Detalhe: as foscas de segunda e terceira linhas trazem menos resina e pigmento na mistura; por isso, rendem menos e pedem mais demãos.
19. Por que surgem manchas e descascados?
Se a preparação da parede seguiu as instruções de profissionais e fabricantes (inclusive os 28 dias necessários à cura do reboco), veja se a superfície não ficou úmida da chuva. “Na aplicação, a temperatura deve estar entre 10 e 40 0C, e a umidade relativa do ar entre 40 e 85%”, conta Gisele Bonfim, da Associação Brasileira dos Fabricante de Tintas (Abrafati). A massa usada para corrigir imperfeições também pode deixar a superfície com diferentes porosidades – e manchar. “Já o descascamento ocorre quando a pintura é feita sobre cal ou gesso: nesses casos, use fundo preparador”, diz ela.
20. Que tinta facilita a limpeza das paredes?
O melhor é adotar as mais laváveis, como as acetinadas ou semibrilho. “Se as paredes já estiverem pintadas com tintas látex PVA ou acrílico fosco, aplique verniz acrílico, que torna a superfície mais brilhante, resistente e de fácil limpeza”, orienta Valter Bispo, coordenador de produtos da Eucatex.
21. Quais os melhores produtos e cores para apartamentos?
“Quando o espaço é reduzido ou o pé-direito é baixo, indica-se a utilização de tons suaves, que ampliam”, diz Roberto Abreu, da Akzo Nobel. O arquiteto paulista Flávio Butti lembra que não deve haver contraste entre a cor das paredes e a do teto, para que o efeito de amplitude seja maior. “Tintas à base de água têm secagem mais rápida e por isso são melhores para ambientes fechados, pois permitem dar as demãos em intervalos menores de tempo”, completa o arquiteto.