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12 perguntas e respostas sobre madeira

Especialistas respondem 12 perguntas de internautas e leitores, e arquitetos sugerem jeitos contemporâneos de empregar esse material dentro e fora de casa

Por Por Giovanny Gerolla (colaboraram Edson G. Medeiros, Eliana Medina e Marianne Wenzel)
Atualizado em 16 fev 2024, 11h00 - Publicado em 28 Maio 2010, 11h36

Mais de mil anos atrás, os chineses já trabalhavam com encaixes geométricos perfeitos entre vigas e pilares de madeira para erguer construções leves e resistentes a terremotos. Na Escandinávia, toras empilhadas sempre formaram paredes, enquanto na Alemanha hoje 20% das residências empregam esse recurso natural. Embora o Brasil tenha herdado a tradição construtiva portuguesa (alvenaria de tijolos de barro), a madeira habita nosso imaginário quando o assunto é casa: remete à natureza, ao aconchego e ao conforto. Para acertar na escolha, avalie espécies compatíveis com a aplicação piso, estruturas, paredes, decks, portas, esquadrias e sempre questione a origem do produto, além de analisar a distância entre o ponto de extração e o de consumo. E a madeira é um material tão versátil que pode ser até usada em banheiros. Saiba como!

 

Geraldo Zenid, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), lista algumas opções à peroba-rosa, hoje escassa: angelim-pedra, angelim-vermelho, bacuri, cupiúba, eucalipto, garapa, goiabão, itaúba, maçaranduba, pau-roxo e sapucaia. Antes de fazer a escolha, ele indica que se elabore um projeto segundo critérios da NBR 7 190. Com base nela, o engenheiro ou o arquiteto calcula a classe de resistência necessária e as propriedades requeridas para atender ao uso específico. Com esses dados, o projetista sugere tipos adequados às necessidades calculadas, explica.

Quais as espécies próprias para estruturas de telhado?

 

Os pilares e as vigas desta casa em Angra dos Reis, RJ, empregam toras brutas...

É verdade que madeira verde empena?

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Verde é como se chama o material recém-cortado ou serrado, com os poros encharcados. Nesse estado, ele perde água para o ambiente até atingir um ponto de equilíbrio, variável conforme a espécie e a umidade relativa do ar no local. A partir desse estágio, a saída de água, comum em dias secos, provoca o empenamento. Em épocas chuvosas, por outro lado, o material incha. Para se prevenir dessa movimentação, opte por cedro, mogno ou ipê, que têm boa estabilidade dimensional.

Como proteger portas, janelas e estruturas das intempéries?

Na reforma desta cobertura no litoral paulista, o paredão de 8 x 3 m atrás ...

Depende se ficam em área externa ou interna, se sofrem incidência direta do Sol, se há muita umidade no ar, enumera Flávio Maranhão, professor do curso de Engenharia Civil da Universidade São Judas, de São Paulo. O tratamento em autoclave e com metais pesados pode ser recomendado a casos de exposição intensa ao Sol, à chuva ou à maresia. Para a madeira menos exposta, de uso interno ou em locais secos, Flávio indica verniz ou stain. O segundo não tampa os poros, permitindo que toda a água que penetre saia na forma de vapor, ressalta. Dependendo da situação, como em pilares enterrados, combinam-se ambas as precauções.

Qual a frequência da manutenção em áreas externas?

 

Decks de 45 a 108 m² marcam as casas deste empreendimento no interior de Sã...

Caixilhos e portas expostos às intempéries pedem manutenção anual. O tratamento emprega lixa, verniz e pintura, se for o caso, diz a arquiteta Letícia Ruivo, de São Paulo. Pisos requerem cuidados a cada nove meses, com lixamento e aplicação de vernizes específicos para uso externo.

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O que distingue o piso laminado do maciço?

 

Grande adepto de pisos de madeira, o arquiteto Guilherme Torres, de Londrina,...

O primeiro tem miolo de HDF ou HPP (feito de fibras de madeira) e é revestido de uma lâmina decorativa. Instalado por encaixe, pode cobrir pisos existentes de cerâmica, lajota, vinil e concreto (desde que limpos, nivelados e isentos de umidade), e já vem com acabamento de fábrica. Já os maciços utilizam madeira nativa e apresentam diversos formatos, como tacos, assoalhos e parquês, fornecidos com ou sem acabamento. Para a instalação, feita normalmente com colagem, o contrapiso deve estar nivelado e seco. O piso maciço aceita restauro ao longo dos anos, com lixamento e aplicação de nova camada de proteção, lembra Ariel de Andrade, gerente executivo da Associação Nacional dos Produtores de Pisos de Madeira (ANPM).

Em que ambientes a madeira vai bem como revestimento de parede?

Réguas de demolição (Home Design Casual) com larguras de 15 ou 20 cm e com...

 

Muito usados em quartos de criança e copas, os lambris (réguas pintadas, envernizadas ou de demolição fixadas vertical, diagonal ou horizontalmente) fazem boa parceria com papel de parede ou pintura, segundo a arquiteta Paula Nicolini, de São Paulo. Já o revestimento de parede inteira é mais comum em home theaters e halls de entrada. De todo jeito, antes da instalação a parede deve estar seca e sem infiltrações, além de regularizada. Ela receberá o ripado sobre o qual será montado o painel. Assim, o ar circula por trás dele, evitando mofo, diz Paula.

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Posso usar madeira em banheiros e cozinhas?

 

Nesses ambientes, prefira restringi-la às paredes, sem encostar no piso para manter distância da água (opte por uma espécie de cerne duro, como jatobá, ipê ou peroba-rosa). É bom que as réguas tenham recebido fungicida e cupinicida. Além disso, recomendo tratar a estrutura atrás dos painéis com verniz náutico. O mesmo cuidado vale para decks que ficam dentro do boxe, aponta a arquiteta Paula Nicolini. Na manutenção anual, utilize produtos à base de poliuretano.

Que cuidados adotar em bancadas?

 

Escolha uma madeira densa, que absorve menos água, aconselha o engenheiro Flávio Maranhão. Exemplos: sucupira, jacarandá, pínus e eucalipto. O tratamento com silicone é o mais adequado pode durar até cinco anos se o local não estiver diretamente exposto à água (nesse caso, faça reaplicações anuais).

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Como se prevenir contra cupins?

 

Segundo o pesquisador Gonzalo Antonio Carballeira Lopez, do IPT, a principal medida é a especificação de madeiras resistentes (ipê, aroeira, peroba-rosa, jatobá, itaúba, entre outras de cerne duro) ou tratadas. Se notar sinais de ataque (pequenos grãos junto a rodapés, janelas e batentes), chame uma empresa especializada no diagnóstico de infestações por cupins.

Como vedar os vidros em portas e janelas de madeira?

 

Atualmente, os materiais mais utilizados são borrachas de EPDM, silicones (alguns têm até fórmulas fungicidas) e espumas, que barram a entrada de água e poeira e impedem a trepidação dos vidros provocada pela ação dos ventos. A antiga massa de vidraceiro, combinação de gesso com óleos vegetais, está praticamente fora de uso. Além de não possibilitar a retirada do vidro após a instalação, seu acabamento deixa a desejar, opina o arquiteto Tony Jantalia, da A8 Arquitetura, de São Paulo. Regra básica: limpe com água e detergente e seque totalmente a área de contato onde o vedante será aplicado.

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O que fazer para reaproveitar o resto de fôrmas e escoras depois que a obra é finalizada?

 

Como a madeira usada nessas peças normalmente tem baixa qualidade, pouca resistência e não recebe tratamento adequado, não há jeito nobre de empregá-la (em móveis ou estruturas, por exemplo). Dependendo do estado, elas podem entrar na pérgula de um orquidário ou compor caixas de uma horta, diz a arquiteta Maria de Paula, de São José do Rio Preto, SP, que prefere escoras de ferro e fôrmas modulares de polipropileno sempre reutilizáveis e recicláveis, segundo ela.

Qual a durabilidade das casas pré-fabricadas?

 

De acordo com a arquiteta Bia Prado, de São Paulo, uma casa pré-fabricada com fundações de alvenaria e concreto dura mais de 50 anos, desde que tenha sido tratada com formicidas e antipragas, além de verniz náutico hidrorrepelente reaplicado de acordo com as recomendações do fabricante. Cerque a construção com tubos de PVC perfurados enterrados a 20 cm de profundidade, recomenda. A cada 5 m, acopla-se um tubo vertical, cuja abertura, que fica para fora do solo, recebe veneno contra pragas uma vez por ano. Assim, forma-se uma barreira protetora, fala a arquiteta.

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