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Conheça o Museu da Cidade de São Paulo

O Museu da Cidade de São Paulo está espalhado por 17 imóveis pela cidade. Eles contam a nossa história pela arquitetura através dos séculos

Por Luisa Cella | Fotos Marcelo Min
Atualizado em 19 jan 2017, 15h31 - Publicado em 8 jan 2014, 17h13
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Você conhece o Museu da Cidade de São Paulo?

Gerenciado pela Secretaria de Culturado Governo do Estado de São Paulo, ele se distingue dos demais por não possuir um endereço único, mas 17 imóveis espalhados por vários bairros da capital. Vistos como elos de uma grande coleção de arquitetura, os locais eternizam diferentes etapas da cultura e das construções paulistanas, uma trajetória que vai do século 17 ao 20. Conheça a seguir as histórias de algumas dessas casas e de seus períodos.

Século 17 – Casa Sertanista

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Erguida no século 17, a Casa do Sertanista – ou Casa do Caxingui, como também ficou conhecida devido a sua localização – é uma das raras construções que representam a maneira como os bandeirantes moravam quando avançavam pelos campos virgens da colônia. Esta residência, instalada na região onde surgiu posteriormente o bairro do Morumbi, revela os moldes arquitetônicos da época: paredes de taipa de pilão com 1 m de espessura, chão de terra batida e telhado de quatro águas coberto, naquele tempo, de telhas moldadas nas coxas dos escravos. A disposição dos cômodos também remete aos costumes de seus habitantes. Os quartos fcam ao lado da ampla sala central, e uma generosa varanda frontal marca a fachada. O proprietário do imóvel era o padre Belchior de Pontes, e há registros de que pertenceu, posteriormente, às tradicionais famílias Beu e Penteado. Em meados do século 20, foi doado à Prefeitura de São Paulo, responsável por promover a primeira reforma, em 1970, quando o espaço reabriu como sede do Museu do Folclore. O mais recente restauro, finalizado em abril de 2013, buscou reencontrar e conservar a condição original do exemplar da arquitetura arcaica brasileira. A inauguração contou com uma mostra da artista plástica Sandra Cinto.  Novas exposições devem acontecer neste ano. Além desta obra, o Museu da Cidade tem dois outros ícones do século 17: a Casa do Bandeirante e a Casa do Tatuapé.

Século 18 – Solar da Marquesa de Santos

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O endereço ganhou fama especialmente quando, no século 19, tornou-se a casa da nobre Domitila de Castro Canto e Melo, ex-amante de dom Pedro I, que veio do Rio de Janeiro a São Paulo após o término do caso com o imperador. Apesar da marcante ocupação da aristocrata – conhecida por sua vida social agitada –, a trajetória do imóvel data, na verdade, do século anterior. Há registros da existência, em 1739, de duas obras de taipa de pilão no terreno. Seria da junção delas, em 1757, a origem do solar. Em 1808, o conjunto foi doado ao brigadeiro  Leme, o primeiro proprietário registrado. Só em 1834, passou à marquesa e, do começo do século 20 a 1967, funcionou como sede da Companhia Paulista de Gás. Os diferentes usos e adaptações alteraram profundamente o espaço. Quando a prefeitura tomou posse e precisou pensar o restauro, percebeu que era impossível reconstruir apenas um dos vários estágios pelos quais o local passou. A solução foi preservar e destacar elementos de suas diversas etapas. No princípio, as intervenções mais recentes, feitas pela companhia, foram demolidas. Por outro lado, mantiveram-se os vestígios da calçada original do século 18, assim como as paredes de taipa de pilão e de pau a pique, expostas nas salas. Do século 19, ficaram forros, murais e pinturas artísticas. A exposição permanente revela peças de mobiliário e objetos utilizados pela antiga aristocracia. Além do solar, outras atrações do museu datadas do século 18 são o Sítio Morrinhos e a Casa do Sítio da Ressaca.

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Século 19 – Casa da Imagem

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A residência, datada de 1880, faz parte do importante eixo arquitetônico, histórico e cultural o Museu da Cidade de São Paulo, na região central. Na antiga Rua do Carmo, hoje chamada Roberto Simonsen, a Casa da Imagem conversa com o Beco do Pinto e o Solar da Marquesa de Santos. Documentos revelam que, no endereço, situado nos arredores do Pátio do Colégio,  existia um imóvel desde o século 17. No entanto, ao se tornar dono da propriedade em 1870, o major Benedito Antônio da Silva mandou demolir o casarão de taipa de pilão. A decisão acompanhava o processo de mudanças corrente em São Paulo. No lugar, o major ergueu sua morada, considerada atualmente um dos mais importantes exemplos de como a aristocracia paulista vivia na segunda metade do século 19. Após a venda para o Estado, em 1894, o espaço sofreu alterações pela ocupação da Companhia Paulista de Gás, que expandiu suas atividades para além do solar, alcançando a obra vizinha. A partir de 1970, tornou-se canteiro de  escavações arqueológicas e alvo de pesquisas para um restauro, só efetivado em 2008. A reforma tratou de adaptar os ambientes para receberem o acervo iconográfico, memória fotográfica da cidade. O arquivo de 710 mil imagens reúne documentos da segunda metade do século 19 aos dias de hoje. Além da Casa da Imagem, a Casa do Grito é o único integrante do século 19 do museu.

Século 20 – Casa Modernista

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Quando a cidade passava por um intenso processo de industrialização e urbanização, movimentos artísticos de ruptura começaram a atingir as mais diversas áreas (o mais emblemático deles foi a Semana de Arte Moderna de 1922). A arquitetura entrou em pauta com o lançamento do manifesto Acerca da Arquitetura Moderna, um convite a uma nova forma de construir. Três anos após a publicação, em 1928, o autor do manifesto, o arquiteto de origem russa Gregori Warchavchik (1896-1972), inaugurou o primeiro exemplar moderno do país: a residência da Rua Santa Cruz, hoje chamada Casa Modernista, onde viveu com a esposa, Mina Klabin, até sua morte. A partir de 1972, quando herdeiros do casal passaram a cuidar da propriedade, logo anunciaram a intenção de vendê-la a uma construtora, que prometia erguer ali diversas torres de apartamentos. Em protesto, os moradores do bairro da Vila Mariana iniciaram um movimento e exigiram o posicionamento do Estado, que impediu a compra e realizou o tombamento. A briga na justiça só terminou em 1994,quando o governo foi obrigado a adquirir o ponto e indenizar os proprietários. Depois de passar mais de 20 anos fechada, sendo inclusive alvo de invasões, a morada reabriu as portas em 2008, após um profundo restauro. Agora, este verdadeiro parque de vanguarda, envolto em 13 mil m² de área verde, tornou-se um aparato cultural da cidade. Junto dele, a Oca, no Parque Ibirapuera, integra o Museu da Cidade de São Paulo como outro membro do século 20 na metrópole.

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Museu da Cidade terá uma obra de arquitetura contemporânea

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A ideia da diretoria é esta: conseguir, ainda em 2014, por meio de leis de incentivo, os recursos para viabilizar uma nova obra. O projeto será o primeiro exemplar de arquitetura contemporânea do Museu da Cidade de São Paulo, que tem hoje 17 unidades datadas do século 17 ao 20. Convidado pela prefeitura, o arquiteto Marcos Cartum assumiu a iniciativa, que, segundo suas próprias palavras, gira em torno de dois objetivos principais. O primeiro é melhorar a integração das diferentes partes presentes no endereço da intervenção: a Casa da Imagem, o Beco do Pinto e o Solar da Marquesa de Santos. “Elas deveriam ser bem interligadas espacialmente. Para que isso aconteça, transformaremos o beco num elemento articulador”, explica Marcos. O desenho propõe a alteração dos patamares desse trecho e a abertura de portas de acesso laterais, permitindo circulação mais fácil entre os casarões. A outra meta é erguer, conectado ao solar, um anexo com linguagem atual, esteticamente contrastante à das outras edificações históricas, já que o prédio nos fundos do terreno, concebido durante o século 20, não se distingue com nitidez do conjunto tombado. Por isso, será substituído por uma nova obra – o cubo de três andares, revestido de aço corten e idealizado para potencializar as atividades culturais do local, com espaços expositivos e auditório.

 

 

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