Fato ou mito: música ajuda as plantas crescerem?
Estudos sugerem que elas realmente respondem ao som, mas há controvérsias. Entenda!

Já pensou se sua horta pudesse ouvir e apreciar músicas? Você acha que ela iria preferir que gênero? Harry Styles ou Vivaldi? A verdade é que, embora alguns estudos indiquem que as plantas reagem a sons musicais e apresentem evidências convincentes, ainda não existe um consenso sobre a teoria.

Tudo começou com o livro A Vida Secreta das Plantas, publicado em 1973 e escrito por Christopher Bird e Peter Tompkins, que relatou as “relações físicas, emocionais e espirituais entre a vegetação e o homem”. Estudos científicos, citados pelos autores, sugeriram que o cultivo consegue crescer com ajuda da música e que possui um nível de consciência para responder pessoas de forma inteligente.

Dr. T. C. Singh, chefe de botânica da Universidade Annamalia, na Índia, conduziu, em 1962, um dos primeiros estudos sobre o efeito de canções nas plantações. Para conseguir resultados, ele expôs bálsamos à música clássica e percebeu que a taxa de florescimento aumentou 20% e a de biomassa 72%, em comparação com um grupo de controle – onde não aplicou o fator testado.

Para confirmar o fenômeno, ele também botou música raga em altos falantes e descobriu que rendiam de 25% a 60% a mais do que a média nacional. Mais tarde, pesquisadores da universidade experimentaram colocar sons de flauta, violino, harmônio e as vibrações da dança tradicional indiana. Apesar de todos se mostrarem positivos, eles determinaram que o violino era o instrumento mais eficaz.

O engenheiro canadense Eugene Canby, por sua vez, replicou as conclusões e tocou a sonata para violino de J.S Bach para seus campos de trigo – obtendo um acréscimo de 66% do rendimento.
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Outro livro que ajudou a popularizar a ideia foi The Sound of Music and Plants – “O Som da Música e das Plantas”, em tradução livre – de Dorothy Retallack. Os experimentos da autora mostraram um cultivo muito mais saudável, contrário do grupo de controle, ao apresentar uma nota F estendida.

Em seguida, ela colocou diferentes tipos de melodias, incluindo clássica, jazz e rock. Os ramos expostos à clássica e jazz mais suave cresceram em direção ao alto-falante e até se entrelaçaram em torno dele. Já os em contato com o rock prosperaram longe das caixas de som e revelaram sinais semelhantes ao de excesso de água.

Sendo assim, muitos pesquisadores que produziram esses experimentos concluíram que os plantios exibem uma resposta empática à música. Porém, vale ressaltar, que muitos deles tinham crenças incomuns. Retallack, por exemplo, achava que os ramos detinham de percepções extrassensoriais e se esquivavam do rock por causa das letras.

A melhor explicação científica para este fenômeno é que a vibração de certos tipos de melodias e som podem ajudar a estimular o processo de fluxo citoplasmático – quando as plantas transportam nutrientes, proteínas e organelas em seus fluidos (citoplasma). Na natureza, cantos dos pássaros ou brisas fortes auxiliam o método.

Apesar de você encontrar jardineiros que juram que sua horta prospera melhor ouvindo canções, ainda não há evidências decisivas disso. A teoria também recebeu críticas de botânicos que diziam que os experimentos eram pseudociência ou cientificamente falhos e não replicáveis.

A Universidade da Califórnia, em um post, apontou que há diversas variáveis nas pesquisas que podem não ter sido gerenciadas ou contabilizadas de maneira adequada. Luz, água, pressão do ar e condições do solo são algumas.
Além disso, eles sugerem que eram os cuidadores que estavam realmente se beneficiando da música – muitos dizem que falar com as mudas ajuda no crescimento porque faz com que os seus criadores fiquem mais atentos.

Apesar das discordâncias, o conceito não morreu por aí. O programa de televisão MythBusters abordou esse assunto em 2004, instalando estufas com algumas condições diferentes: uma não possuía nenhum tipo de melodia, outra tocava música clássica, a terceira death metal, duas emitiam gravações de discurso negativo e uma de discurso positivo.

A horta do death metal foi a que apresentou o melhor resultado. A música clássica ficou em segundo lugar; seguida pelos discursos, os dois tipos com um desenvolvimento semelhante; e, por último, a estufa sem nenhum som.

No final das contas, não conseguimos responder se é um fato ou mito, mas determinamos que há muitas coisas que você pode fazer para tornar seus ramos mais altos e fortes. Não esqueça: cada espécie contém suas próprias necessidades relacionadas às condições de luz, irrigação, poda e fertilização.
*Via Bloomscape