Casas e apartamentos

Casa pátio de praia na Bahia foi erguida em torno das árvores

O projeto de 80 m², assinado pela arquiteta Mari Grobério, foi criado a partir do woodframe e incorpora elementos locais como a taipa.

por Ana Harada
1 set 2024
19h00

Casa pátio de praia na Bahia foi erguida em torno das árvores. Projeto de Mari Grobério. Na foto, fachada.

Uma mangabeira, árvore cujo fruto é muito popular e apreciado no Nordeste, fica no centro da aconchegante Casa Nuhatê, em Caraíva, uma comunidade praiana paradisíaca próxima a Porto Seguro, no condomínio Outeiro das Brisas. Ela é a casa de veraneio de uma família composta por quatro pessoas, com o último integrante, o bebê Luca, recém chegado há apenas um mês. O nome Nuhatê significa “força” na língua pataxó, povo originário ao qual pertence a moradora.

O projeto de aproximadamente 80 m², assinado pela arquiteta Mari Grobério, à frente do escritório que leva seu nome, é uma charmosa casa de praia pátio, que envolve duas árvores já presentes no terreno e outras menores.

Copa das árvores são cobertura no jardim interno

Como a construção respeitou o ângulo de crescimento das plantas, neste pequeno jardim, a copa das árvores é a cobertura de quem fica na rede ou no balanço. Pássaros cantando e brincando nos galhos são a trilha sonora.

“Quando vamos projetar em torno de uma planta, ela tem que ser respeitada desde a raiz até a copa. A árvore tem que funcionar no projeto e o projeto tem que funcionar para ela”, explica a arquiteta. “O pé de mangaba foi a pedra fundamental da casa”, afirma.

Imersão na natureza: árvore no box

Ao redor do pátio se estende a casa, composta por duas suítes, cozinha, varanda e jardim com piscina. Persianas de madeira, janelas e uma porta de correr de vidro permitem o acesso e integração dele aos demais ambientes. Mariana conta que, incialmente, a casa seria um loft para o casal, mas com a chegada do novo membro, uma nova suíte foi incluída.

Ali, foi criado um ambiente bastante especial: ao redor da raiz da mangabeira fica o box de banheiro. Fechado por troncos, ele permite uma experiência de banho única, em plena conexão com a natureza.

Suíte principal em alvenaria contínua

Na suíte principal, placas de madeira de demolição funcionam como cabeceira da cama e divisória entre a área de dormir e a área de banho.

O banheiro tem layout aberto, cubas duplas esculpidas, box duplo e banheira com hidromassagem. Tudo é feito na alvenaria, garantindo um visual contínuo e mais rústico. O tom branco trouxe referências a estética das construções da África e Oriente Médio, comenta Mariana.

No geral, a decoração inspira-se nas arquitetura balinesa e havaiana, acrescentando um toque baiano com a madeira e elemento naturais, como o barro.

Cozinha e varandas com paredes de taipa

A cozinha conta com uma ilha generosa com cooktop e bancada de refeições, além de espaço de armazenamento na parte de baixo.

Já a varanda, divida em dois espaços, tem uma mesa de jantar de um lado e sofás do outro, funcionando, assim, como o living da casa. Ali, o destaque fica por conta das paredes de taipa (ou pau a pique) técnica construtiva tradicional que utiliza uma grade de madeira preenchida com barro.

Mariana diz gostar de incorporar o recurso em seus projetos pelo seu valor histórico e local bem como por suas propriedades térmicas, além é claro, da beleza. Os veios e trincos que se formam quando o barro seca criam texturas e superfícies únicas.

Jardim externo com piscina

No jardim do lado de fora, os destaques são as Alpinias (Alpinia purpurata), Tumbérgias (Thunbergia grandiflora) e Guaimbê ou banana-de-macaco (Thaumatophyllum bipinnatifidum).

Essas últimas, quando terminarem seu desenvolvimento, irão emoldurar a piscina.

Por fim, a porta da casa – um portão de duas folhas metálicas rústicas – recebeu entalhes do artista Flaviano Renê, representando o Sol e a Lua.

Woodframe e madeira de reflorestamento

A técnica construtiva da casa segue um padrão tradicional da região. Troncos de eucalipto formam a estrutura principal, que é fechada por alvenaria, cimento ou concreto. Mariana vem de uma família que trabalha com a madeira de reflorestamento, portanto, está mais do que habituada a empregar a técnica. “É uma técnica eficiente, rápida e ecológica, com uma durabilidade de 30 a 40 anos”, comenta.

O teto recebeu telhas e forro de madeira de pinus na parte interna. O pergolado da varanda também é de eucalipto.

Quartos e jardim ficam sobre um deck em madeira e as áreas molhadas têm piso em alvenaria revestido com resina epóxi, garantindo a resistência necessária em casas de praia.

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Confira todas as fotos na galeria abaixo: