Aquascaping: um hobby de tirar o fôlego
Respire fundo e dê um mergulho no paisagismo de aquários

Quando se pensa em arte e arquitetura de paisagens, parques, praças e até pastagens podem vir à mente. Porém, existe uma matéria toda dedicada a um tipo de paisagem bem diferente, que se encontra em espaços subaquáticos. É o chamado aquascaping.

Esta arte de criar jardins submersos dentro de aquários combina arquitetura, escultura, pintura, organização paisagística e um cuidado especial com a fauna e flora que lá habita.

Indo de simples arranjos de madeira a elaborados ambientes de selva, os resultados são composições tão dinâmicas quanto contrastantes, com potencial para serem uma manifestação artística em qualquer ambiente interno.

Projetos de aquascaping podem apresentar diferentes estéticas de acordo com uma gama de influências estéticas, incluindo o “estilo holandês” semelhante a um jardim e o “estilo da natureza” de inspiração japonesa. Mas antes de mergulhar em tipos e técnicas, descubra a história do paisagismo aquático.
Era uma vez na Inglaterra

A história do aquascaping começa com a novidade do aquário no século XIX na Inglaterra da Rainha Vitória.
Em 1836, o médico inglês Nathaniel Bagshaw Ward propôs usar sua “Caixa Wardian” – uma das primeiras versões de um terrário – para abrigar animais tropicais, o que ele fez em 1841, utilizando plantas aquáticas e peixes de brinquedo.
Alguns anos depois, a zoóloga marinha e também britânica Anne Thynne construiu o primeiro aquário marinho estável e sustentável. Ela manteve nele uma coleção de corais e esponjas por mais de três anos. Logo depois, outro conterrâneo de Robert Pattinson Robert Warington realizou o experimento de colocar peixes dourados, enguias e caracóis em um recipiente de quase 50 litros.
De Londres para o mundo

A criação de peixes logo se tornou um hobby popular, particularmente após aquários ornamentais com estruturas de ferro fundido terem sido apresentados na Grande Exibição de 1851 – a vitrine internacional no Crystal Palace de Londres.
A mania dos viveiro submersos pegou rápido com a criação do primeiro aquário público do naturalista inglês Philip Henry Gosse no Zoológico de Londres. Foi Gosse quem cunhou o termo “aquário” em seu livro de 1854, The aquariums: an unveiling of the wonders of the deep water.
No final dos anos 1800, o interesse pelos viveiros submersos chegou na Alemanha e nos Estados Unidos, e mergulhou de vez nas casas após a Primeira Guerra Mundial, quando a eletricidade permitiu a introdução de iluminação artificial, aeração, filtração e aquecimento da água.
Quanto mais planta melhor

Acompanhando a popularização dos aquários, a criatividade nos designs também se desenvolveram. Acredita-se que a arte do paisagismo aquático e o arranjo de plantas para criar viveiros artísticos foram introduzidas na década de 1930 na Holanda, com a introdução de técnicas de aquascaping no estilo holandês.

Deste modo pretendia-se imitar um jardim inglês densamente plantado, porém em baixo d’água – seguindo princípios de harmonia, profundidade e simplicidade. O estilo holandês gira principalmente em torno de plantas bem coloridas, de diversos tamanhos e texturas, enquanto evita rochas, troncos e outras ornamentações na cena.
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Entra o minimalismo japonês

Em contraste com o visual do país das tulipas, o fotógrafo, designer e aquarista Takashi Amano introduziu um novo estilo de paisagismo aquático na década de 1990.
Amano é autor de Nature Aquarium World, uma série de três livros sobre aquascaping, plantas e peixes de aquário de água doce. Em vez de jardins coloridos, suas composições se baseiam em técnicas de jardinagem japonesas e evitam a ornamentação artificial, em um esforço para destacar a beleza de paisagens naturais.

Normalmente os aquários são organizados em torno de um único ponto focal, com arranjos assimétricos e relativamente poucas espécies de plantas. Também são combinadas pedras ou troncos cuidadosamente selecionados.
O estilo é amplamente inspirado no conceito estético nipônico de wabi-sabi – a apreciação da beleza “imperfeita, impermanente e incompleta”.
Diversos estilos para você escolher

Desde então, uma grande variedade de estilos, interpretações e técnicas se desenvolveram em toda a comunidade de aquascaping. O estilo iwagumi evoca formações rochosas japonesas e destacam o uso de grandes pedras e geometrias minimalistas.
Enquanto isso, o jungle-style incorpora características holandesas e japonesas, com as plantas deixadas livres para crescer, assumindo uma estética não aparada.

Aquacapistas dedicados podem entrar em competições que são julgadas não só em composição, equilíbrio e uso do espaço, mas também pelo bem-estar biológico dos habitantes do aquário.
Amadores e profissionais podem se inspirar em inúmeros vídeos no youtube que compartilham tutoriais e técnicas de aquascaping.
*Via Designboom