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Refúgio minimalista valoriza ao máximo a paisagem

Antes de colocar os pés na areia era preciso atravessar a rua à frente do terreno. Mas não haveria barreiras ao olhar, uma vez elevado o ponto de observação. Esse foi o mote para o projeto da casa de praia onde o térreo fica 1,20 m mais alto a fim de alcançar uma vista de puro azul e branco. E que vista!

Por Por Déborah Apsan (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) | Projeto Studio Arthur Casas
Atualizado em 9 set 2021, 13h56 - Publicado em 21 out 2016, 18h00

Como não poderia deixar de ser num lugar como este – um trecho urbanizado, mas especialmente tranquilo do litoral norte paulista –, o mote era construir aproveitando ao máximo o panorama. O terreno, porém, tinha lá suas peculiaridades. Para começar, o oceano repousava logo adiante, pertinho. Mas havia uma rua no meio do caminho. A casa ao lado, projetada anteriormente pelo mesmo escritório, também impunha uma condição: os proprietários deste refúgio de veraneio queriam algo com a mesma linguagem do vizinho, porém distinto, com personalidade própria. 

Diante de tais demandas, a equipe do Studio Arthur Casas desenvolveu uma solução em níveis. Desde o início, imaginou-se uma proposta onde o arranjo dos patamares desempenharia papel decisivo. Nada de posicionar os ambientes de convivência na altura da praia ou da calçada, por exemplo. Era preciso subir. Após alguns estudos, a conta fechou: o térreo ficaria a 1,20 m de altura – necessário e suficiente para uma vista estonteante, mas não elevado demais de modo que o conjunto todo ultrapassasse os limites previstos em lei. Acima dessa base, um outro patamar reuniria os ambientes íntimos. E, embaixo, a escavação do solo em 1,50 m acomodaria a garagem.

Assim, cada parte foi encontrando seu melhor lugar no projeto: cinco suítes no andar mais alto, uma outra livre de escadas (para os pais idosos da proprietária) embaixo… O programa de necessidades extenso reforçava tais decisões. Afinal, a família grande pedia seis quartos para se instalar confortavelmente e desejava ainda piscina, spa e churrasqueira. Empenhados em contornar a necessária ocupação do lote estreito e a consequente ausência de verde, os arquitetos imaginaram plantas em cada muro lateral e um denso jardim nos fundos. Deu-se início à empreitada.

A marca do renomado escritório aos poucos foi se desenhando, sintética, em concreto. O enorme pórtico que apoia lajes protendidas (e assim pede apenas dois pilares redondinhos como auxílio na sustentação) distingue o conjunto. Painéis metálicos o tornam singular. “Criamos uma segunda pele metálica perfurada, possibilitando a ventilação e harmonizando as muitas aberturas”, explica Arthur. Mas nada faria sentido se, afinal, um enorme muro frontal tampasse tudo. E aí entrou em cena outro toque engenhoso: o portão de 3 m de altura que pode ficar invisível, embutido no solo. Imbuídos da causa, os proprietários e os vizinhos foram além: enterraram toda a fiação dos postes da rua, garantia de que só encontrarão pela frente um horizonte da mais pura beleza.

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