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17 boas ideias transformaram esta casa dos anos 80

Morar e trabalhar no mesmo endereço: a feliz realidade de em casal depois que uma reforma de cima a baixo trouxe luz e visual contemporâneo à sua morada

Por Cristiane Teixeira
Atualizado em 9 set 2021, 11h52 - Publicado em 2 fev 2018, 17h00

A primeira ideia se mostrou inviável quando chegou a estimativa de custo da obra, que incluía cortar o barranco no fim do terreno comprido e erguer ali um estúdio profissional de música. Sem contar que o espaço onde Gabriela Garcia e Fernando Freire Machado moravam, com ventilação e iluminação insuficientes, continuaria inalterado.

Casa e estúdio ganharam entradas independentes, ambas com acesso pela faixa lateral. O espaço acima da garagem virou um terraço com vasos de plantas. (Pedro Kok/Pedro Kok)

1. Estúdio de música: antiga sala, este ambiente agora conta com paredes duplas e tratamento acústico.

“Aí a gente preferiu investir na casa e montar um estúdio pequeno dentro dela”, conta a moça. O escritório de arquitetura que havia elaborado o primeiro projeto assumiu a reforma. “Eu e Fernando conhecíamos o Lucas Girardi, arquiteto, há alguns anos.

O corredor de entrada transforma-se em um grande e iluminado ambiente único quando a porta principal é aberta. A vista alcança até o pátio dos fundos. (Pedro Kok/Pedro Kok)

2. blocos aparentes Ao muro original, os arquitetos somaram uma segunda estrutura de alvenaria armada, erguida com blocos do tipo sílico-calcário (Prensil). O modelo recebeu apenas impermeabilizante Acquella (Vedacit).

Sabíamos qual era o estilo dele e queríamos algo na mesma linha, com uma pegada industrial e revestimentos não elaborados”, continua Gabriela. Sanar as deficiências do sobrado permitiu a Lucas e a seus parceiros no 23 Sul Arquitetura a oportunidade de colocar em prática soluções sobre as quais já pensavam.

A reforma incorporou à área interna do térreo o corredor lateral com cerca de 1,70 m de largura – a medida é imprecisa porque o muro original não corre reto da frente aos fundos. Esta coluna na altura da sala de estar é uma das cinco que vieram à luz quando a parede foi derrubada. (Pedro Kok/Pedro Kok)

3. Marcenaria embutida: o muro de blocos percorre todo o comprimento da construção acomodando armários e estantes conforme as necessidades apontadas pelos moradores.

4. Elétrica à vista: onde não foi possível embutir conduítes e caixinhas de tomadas – ou seja, nos pilares e no muro original, do vizinho – as instalações ficam acima da superfície

“Nós adotamos o princípio de abrir e iluminar a casa, dando fluidez aos espaços”, resume Gabriel Manzi, um dos sócios. “E corrigimos algumas geometrias.” O linguajar arquitetônico pode ser traduzido por tornar retas as linhas e superfícies da construção. Assim, os rapazes conceberam o marcante muro de blocos que vai da frente aos fundos do lote, traçando um eixo inexistente na estrutura original, compartilhada com o vizinho.

(Pedro Kok/Pedro Kok)

5. caixa metálica; uma estrutura leve – composta de beiral e trilhos para as portas, arrematados por vidros – avança 50 cm em relação à fachada existente, aumentando o andar térreo e melhorando a volumetria da casa.

 

(Pedro Kok/Pedro Kok)

6. Solário elevado: foi no fim da obra que a família pediu aos arquitetos uma piscina onde pudesse se refrescar no verão. Com 1,10 m de profundidade e feita de alvenaria estrutural, ela se assenta sobre a casa de máquinas.

 

O muro virou uma régua a partir da qual definimos tudo: marcenaria embutida, juntas do piso, caixilhos etc”, explica Gabriel. Instalar o estúdio onde antes ficava a sala foi, por sua vez, a condição que levou a outras alterações, como a integração do corredor lateral à área coberta, o que expandiu os limites do térreo, hoje um grande estar com cozinha. Também essencial foi criar um novo pavimento sobre o andar íntimo.

Prolongar em 50 cm o térreo rumo aos fundos bastou para criar folga na circulação ao redor da ilha da cozinha. Se uma extremidade da bancada coincide com o último pilar da casa, a outra abraça uma coluna saliente (à dir., na foto). (Pedro Kok/Pedro Kok)

7. portas-camarão: feitas de alumínio (Esquadrimax), elas são leves e fáceis de movimentar. Quando recolhidas nos cantos, abrem por inteiro o ambiente formado por cozinha e salas para o quintal.

8. cozinha na ilha: a bancada de concreto moldada na obra sobre armação metálica embute cooktop, pia e armários que combinam o laminado no tom grafite e o compensado claro, com folha de paricá.

9. piso único: a confecção do granilite (Casa Franceza) é cara, porém o revestimento dura décadas e pede pouca manutenção. O tom rosado aquece visualmente a área.

 

“Nós removemos o telhado e usamos a laje sob ele como base para o ateliê da Gabriela e para a área de serviço”, lembra Lucas. Reforços metálicos aumentaram a resistência dos pilares originais, enquanto blocos e telhas leves moldaram as partes novas. Ainda para garantir a segurança do conjunto, a caixa-d’água migrou para a porção mais alta do terreno.

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(Pedro Kok/Pedro Kok)

10. Cobogó: q área de serviço é coberta, mas recebe luz e ventilação naturais em abundância através dos elementos vazados de concreto (NeoRex) que formam a parede voltada para o terraço.

 

(Pedro Kok/Pedro Kok)

11. Telhas assumidas: o telhado só é visível para quem está dentro de casa, como no ateliê de Gabriela. A cobertura leva telhas trapezoidais do tipo sanduíche (Galvitel), que desempenham função de isolante termoacústico.

Aos acabamentos, simples e de fácil manutenção, restou aquecer visualmente o interior neutro. A marcenaria vestiu-se com o tom do paricá e, na cozinha, agregou o laminado grafite, em harmonia com os caixilhos contíguos. Os pisos cobriram-se de madeira nos quartos e de granilite – cinza nos banheiros e rosa na ala social e no ateliê. “Hoje a Lana corre de um lado para o outro sobre esse piso”, conta Gabriela, em alusão à filha de 1 ano e meio que nasceu durante a obra.

 

(Pedro Kok/Pedro Kok)

12. Adeus varandinha: ela foi integrada ao quarto do casal, que hoje dispõe de um terraço maior: a laje sobre a garagem, impermeabilizada e revestida de fulgê (Casa Franceza). Um bloco de granito faz o degrau.

 

(Pedro Kok/Pedro Kok)

13. Separação translúcida: nos banheiros, a divisória e a porta são de vidro aramado, que deixa passar a luz, porém impede a visão clara do que está do outro lado (veja na planta, na outra pág., a posição da banheira).

 

(Pedro Kok/Pedro Kok)

14. Aqui fica o lavabo: o cômodo instalado sob a escada, no térreo, passa quase despercebido graças ao acabamento de madeira que unifica a porta e a parede. Degraus de cumaru.

 

(Pedro Kok/Pedro Kok)

15. que venha a luz Grandes aberturas acabaram com a escuridão interna. Aqui, a luminosidade natural alcança o térreo passando pela cobertura de vidro que, acrescida de um gradil, funciona ainda como piso.

 

(Pedro Kok/Divulgação)
(Pedro Kok/Pedro Kok)

16. estante ou divisória? Dos três quartos originais, o do meio foi deixado sem função específica – é este na imagem à direita. Agora observe a sequência de fotos abaixo: entendeu a solução proposta pelos arquitetos? Eles desenharam um móvel que é também divisória de ambiente! 1. A peça está encostada contra a parede da casa. 2. Puxado para o meio do corredor, o móvel desliza em trilhos no teto, ajudado por rodízios sobre o piso. 3. A ação pede uma pessoa só. 4. A estante alinha-se com o painel envidraçado do banheiro. 5. Antes recolhidas atrás do móvel, as portas pivotantes giram para fechar as duas passagens laterais.

 

Ser um espaço de relaxamento, com um imenso futon e muitas almofadas (Futon Company) é uma das vocações deste ambiente. O piso, aqui, no corredor e nos quartos, oferece o toque quente da madeira, na versão de réguas de cumaru (Pau-Pau). (Pedro Kok/Pedro Kok)

17. Escada avulsa: Justamente porque este espaço pode ser saleta, quarto de hóspedes ou qualquer outra coisa, o acesso à área externa se dá por um degrau duplo de compensado, deslocado conforme a necessidade

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