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Terraço voltado ao mar é a estrela desta casa portuguesa

Uma reforma respeitosa fez do oceano a boa companhia das temporadas passadas nesta casa em Algarve, litoral sul de Portugal

Por Por Silvia Gomez | Projeto Camarim Arquitectos | Fotos Nelson Garrido
Atualizado em 19 jan 2017, 14h05 - Publicado em 11 dez 2013, 19h06

Pense em verões quentes e secos, em refeições ao ar livre, no barulho das ondas e na visão do oceano ao fundo de um terraço. Assim, sem nenhum compromisso sério, são os dias nesta casa de férias no Algarve, costa de clima temperado e com águas calmas ao sul de Portugal, um dos principais destinos turísticos da Europa. Erguida há mais de 20 anos em Concelho de Lagoa, numa praia emoldurada de falésias de arenito no bairro do Levante, a construção andava um tanto esquecida. “Depois de dez anos de abandono, tinha acabamentos e cômodos obsoletos: uma cozinha pequena e apartada do setor social, banheiros exíguos e complicados de usar e uma cobertura desperdiçada, além de materiais aleatórios”, afirma o arquiteto e autor da repaginação, Vasco Correia, sócio de Patrícia Sousa no escritório Camarim Arquitectos, com sede em Lisboa.

O lugar e suas casas

 

Mesmo diante de tantas constatações, reformar era para os arquitetos uma questão cuidadosa. Como atualizar os espaços sem macular as características do estilo típico da região? “A obra segue a tradição construtiva do Algarve. Em vez de forçar uma nova linguagem, procuramos dar substância e continuidade a seu jeito original.” Um dos pontos do continente mais próximos do norte da África – o Marrocos fica a cerca de 250 km de distância –, esse litoral fez parte do império árabe antes de pertencer a Portugal. Tal legado é visível na arquitetura, marcada por fachadas brancas caiadas, arcos internos e elementos vazados. “As residências tradicionais têm, geralmente, um ou dois pisos sob um terraço plano, acessado por uma escada exterior. Esse último andar conservava o edifício fresco e protegido do sol e servia, ainda, a tarefas cotidianas, como secar peixe. Também fazia as vezes de sala a céu aberto nas noites amenas.”

A casa e seu terraço

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Com uma vista de 180 graus para o mar, essa área deixou de ser um canto árido e sem abrigo da insolação para se tornar uma espécie de segundo estar. Isso graças a um elegante sistema de portas que se abrem com movimento basculante, formando, de repente, uma cobertura. “A solução evita a poluição visual de toldos e ombrelones. Sem nenhum apoio vertical, os painéis–pérgula criam uma zona de sombra para refeições e enquadram o encontro entre o céu e o mar.” Descendo, após passar pelos quartos, chega-se ao térreo, onde cozinha e salas se comunicam de maneira fluida e informal. “Alteramos sobretudo o modo como os ambientes se relacionam a fim de torná-los mais práticos e conectados”, afirma Patrícia. Formas, texturas e materiais seguiram preservados em sua maioria, quando possível. “Foram intervenções localizadas, cirúrgicas, sempre com a intenção de ativar a percepção de estar rodeado pela paisagem”, reforça Vasco. Sim, porque tudo ali é paisagem: ao fundo de um terraço, a visão do oceano.

 

Fluidez no percurso

A reformulação manteve o número de cômodos, mas alterou a relação entre os espaços: originalmente aberta para o hall, a cozinha agora enxerga jantar e estar.

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Entrada isolada: antes da intervenção, o hall dava acesso à cozinha. Essa ligação foi fechada para que ele se tornasse um local silencioso de transição entre a rua e o estar.

Banheiro novo: reformulado, o ambiente perdeu o formato recortado e assumiu uma posição mais central no corpo da construção.

Área: 230 m²; Colaborador do projeto: Tiago Garrido; Estrutura: LNM Engenharia Civil; Construção: Civifran Construções.

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