Continua após publicidade

Reforma preserva a história do sobrado paulistano

Em vez de deitar o antigo sobrado paulistano abaixo, a família pediu ao arquiteto Mauro Munhoz um projeto de reforma. A proposta preserva a estrutura original.

Por Reportagem: Eliana Medina (visual) e Marianne Wenzel (texto) Design: Manoel Vitorino Fotos: Carlos Piratininga
Atualizado em 19 jan 2017, 13h33 - Publicado em 31 out 2011, 08h40

A história da família com esta casa já conta mais de uma década. “Sempre quisemos comprá-la, mas o dono não vendia. Por isso, a alugamos todo esse tempo”, conta o morador. Nesse período, como se já soubessem que o negócio eventualmente daria certo, os inquilinos investiram em reformas pontuais – caso dos sistemas elétrico e hidráulico, além de uma abertura zenital para melhorar a iluminação natural da sala. Em 2008, quando enfim tiveram sua proposta aceita, chamaram o arquiteto Mauro Munhoz (responsável pelas intervenções anteriores) para ajudá-los a definir o destino do imóvel: demolição ou reforma? “Todos dizem que a primeira opção é mais fácil e viável economicamente. Mas nós nunca concordamos com a tendência que vimos acontecer no bairro, de imóveis caírem para dar lugar a construções novas”, diz o morador. “Além disso, gostávamos muito da nossa casa”, conta. Estava traçado o caminho. “Uma análise fria sempre conclui que vale mais a pena construir algo do zero”, observa o arquiteto Mauro Munhoz. “Mas isso não condizia com o desejo nem com a cultura da família. Filho de pai francês, o cliente tinha uma ideia forte de que uma casa não se demole, se transforma”, afirma ele, que também aborda a questão sob a óptica da sustentabilidade. “O impacto de uma demolição não se dá tanto no orçamento, mas sim no meio ambiente”, fala. Assim, o projeto dereforma manteve a estrutura básica da casa, de alvenaria. Em bom estado, ela dispensou reforços e sofreu poucas adaptações internas. O ganho de área veio com as ampliações: para suprir a demanda por mais quartos – além dos filhos de 12 e 14 anos, o casal hoje tem um bebê de 2 -, fizeram-se dois prolongamentos no imóvel. Um deles, na fachada frontal, abriga a suíte principal. O outro, na face oposta, deu origem a uma edícula para acomodar os pré-adolescentes. “A ideia de criar um anexo para os filhos nessa idade é interessante. Nessa fase, eles começam a exercitar a independência, e esse lugar simboliza uma transição”, observa o arquiteto. Sobrepostas à estrutura original, as intervenções diferem dela pelo material: empregam concreto aparente. Dessa forma, o projeto imprime a história da casa – sem negar sua preexistência nem suas feições, agrega a ela elementos novos, numa linguagem que convive com a anterior, da qual a família preserva muitas memórias e ainda pretende guardar outras tantas.