Parede azul com boiseries traz personalidade para apê que mistura estilos
O projeto assinado pelo escritório Ricardo Abreu Arquitetos diferentes tendências e estilos arquitetônicos com uma paleta profunda.
O projeto deste apartamento de 97 m² na zona oeste de São Paulo, começou a ser discutido com a equipe do escritório Ricardo Abreu Arquitetos assim que a construtora entregou as chaves da unidade. Os novos proprietários, um casal composto por um advogado e um hoteleiro (que trabalhou como diretor dos maiores hotéis de luxo do Brasil), imaginaram um projeto que fosse ao mesmo tempo acolhedor e luxuoso.
Familiarizados com a linguagem estética e conceitual da arquitetura de hotelaria, o projeto inicial teve como ponto de partida o uso de cores claras, combinadas a texturas como o mármore travertino e madeiras naturais. Para o mobiliário, as referências incluíam o uso de peças modernistas em tons claros como o bege e o branco. Entretanto, conforme a concepção do projeto ganhava forma, o casal começou a questionar se essa linguagem – tão semelhante ao ambiente de trabalho – realmente era o que desejavam para o lugar onde iriam morar.
A equipe de arquitetura começou então um novo desafio, ainda maior: conhecer a real personalidade de ambos, afim de apresentar-lhes uma linguagem (ainda que diferente daquilo que estavam familiarizados) que trouxesse a ideia de lar. Como estratégia, o novo projeto partiu de uma releitura dos conceitos trazidos, a fim de manter uma familiaridade com o ideal pré-existente dos moradores, mas aplicados de uma forma totalmente diferente.
Explorou-se então o uso de diferentes tendências e estilos arquitetônicos, com sobreposição de texturas e cores fortes, bem como mobiliário diversificado que mistura peças artesanais, contemporâneas e clássicas. O projeto arquitetônico do apartamento transformou bastante a planta original, a fim de atender melhor às necessidades dos proprietários (e seus dois gatos, Gin e Tônica).
A área social tornou-se mais ampla e integrada, e as duas suítes existentes foram transformadas em um único dormitório. Para isso, o lavabo original foi demolido, aumentando a área da cozinha, que ganhou uma ilha e integrou-se à sala e à varanda. Para atender à área social, o banheiro de uma das suítes originais foi convertido em um lavabo espaçoso. O corredor de circulação interno e os dois dormitórios originais foram integrados, formando uma ampla suíte avarandada, que se conecta ao banheiro através do closet.
Quanto a linguagem visual e plástica, o projeto equilibrou referências clássicas, modernas, contemporâneas e tradicionais (com peças artesanais herdadas pelo casal). Para as paredes, foi escolhido um cinza claro como tom predominante, e um azul profundo para destacar as paredes da sala e do quarto. Em referência à linguagem clássica, utilizou-se boiseries em todas as paredes, assim como a escolha do sofá aveludado em tom de verde, e o piso marmorizado escuro. O tapete Jade Tie By Kamy foi cuidadosamente escolhido, confeccionado em tear manual a partir da técnica Ikat, formando um contraste acolhedor.
A mistura de texturas estendeu-se desde a aplicação nos revestimentos até o mobiliário: o bar espelhado da sala de estar com detalhes em couro sintético de jacaré, os tons amadeirados nas mesas laterais e de centro, os diferentes acabamentos metálicos das mesinhas laterais da linha Pingo do Leonardo Lattavo e Pedro Moog, e da clássica poltrona dos anos 1960 Platner em estrutura metálica rosé.
Para o dormitório do casal, o projeto manteve o contraste entre design contemporâneo e o design de afeto: elementos predominantemente clássicos dialogam com a poltrona Pantosh de design contemporâneo da Lattoog e as mesas de cabeceira de artesanato brasileiro, que são heranças familiares.