Continua após publicidade

Itaquera: novos horizontes

Melhorias no sistema viário e na infra-estrutura urbana agregam valor ao antigo bairro-dormitório. Com muitos planos para o futuro, os moradores vêem as mudanças chegarem aos poucos

Por Da redação
Atualizado em 14 dez 2016, 11h58 - Publicado em 20 nov 2006, 20h30

Desemprego e violência geraram, durante anos, um círculo vicioso na região. O bairro, entretanto, prepara-se para viver um novo momento. Em 2006, a abertura do túnel jornalista Odon Pereira, que liga a Velha Radial (Av. Dr. Luís Ayres) à Nova (Av. José Pinheiro Borges) facilitou o acesso do centro da cidade à zona leste, desafogando o tráfego nas vias centrais de Itaquera. A conclusão das obras ao longo do Córrego Franquinho e do viaduto sobre a avenida Águia de Haia vai encurtar a viagem de quem vem da Marginal Tietê. Já a finalização da ponte que ligará a Jacu-Pêssego às rodovias Ayrton Senna e Dutra, prometida para 2008, abrirá o caminho do desenvolvimento econômico. “Isso resolverá o problema de logística”, anima-se o sub-prefeito Laert de Lima Teixeira. As mudanças já são visíveis. Pavimentados, os baixos do viaduto Nova Radial receberam um terminal de transferência de ônibus. Em construção, o Shopping Metrô Itaquera abre em outubro de 2007 com nove salas de cinema. A restauração da Casa do Chefe da Estação, prédio de 1903 que será transformado em centro cultural, e a criação do Parque Linear Córrego do Rio Verde, prometem atrair investimentos imobiliários para os arredores. “Já temos recursos disponíveis e as obras estão em andamento”, garante Teixeira. A fama de povo engajado denuncia a origem operária de boa parte do extremo leste. “A chegada da estrada de ferro e das indústrias no final do século 19 povoaram a região”, conta o arquiteto, historiador e professor da USP, Carlos Lemos. Antes disso, a gleba abrigava aldeias indígenas e propriedades rurais. Exemplo dessa época, a Capela de São Miguel, em São Miguel Paulista, data de 1622 e é a remanescente mais antiga da capital. Ao longo do século passado, a zona leste ganhou a alcunha de “cidade dos trabalhadores”. Em direção oposta, a elite se deslocou rumo à avenida Paulista e ao Jardim Europa. “Inverter essa lógica equilibraria a cidade como um todo”, defende a urbanista Raquel Rolnik. PositivosComércio em expansão

Área verde do Parque do Carmo

Negativos

Faltam opções culturais e de lazer

Falta segurança

Continua após a publicidade

Clima de cidade pequenaCidadã de Itaquera, Viviane Garcia Manoel Diniz de Oliveira elogia o clima interiorano do lugar. “Conheço todo mundo”, diz a dentista, que divide um apartamento com o marido engenheiro, também nascido no bairro, e o filho pequeno. Não faz muito, recorda, o extremo leste era chamado de fim de mundo. “A região está crescendo e temos bons shoppings, contudo somos carentes de opções de lazer e cultura. A falta de segurança também assusta.”

Melhoria de acesso

“Não troco a zona leste por nada”, afirma Josephina Nogueira Baptista, com mais de 72 anos, moradora de Itaquera. “Mas é preciso melhorar o ensino e também os acessos ao centro”. Dona Kiki, como é conhecida, não reclama do lazer. “Faço academia, freqüento o grupo de terceira idade da igreja do Carmo e cuido das minhas plantinhas.”

Publicidade