No icônico edifício Virginia, apê de 57 m² mescla história e restauro
Com arquitetura do escritório Metrópole Arq e interiores de Vitor Penha, este projeto marca o início da reinserção do edifício ao centro paulistano
Este apartamento decorado de 57 m² fica no icônico Edifício Virginia, no centro de São Paulo, e tem uma história que se confunde com a do próprio prédio: o imóvel da incorporadora Somauma tem interiores assinado pelo arquiteto Vitor Penha e soma referências e reutilização de materiais em seu décor.
Logo na entrada, a pequena cozinha possui bancada de granilite feito com resíduos da própria obra do edifício – é possível ver pedacinhos de vidro no tampo, que abriga cooktop de indução e torneira com filtro embutido. O armário aéreo também reutiliza madeira e vidros originais do prédio e o toque despojado fica por conta dos puxadores feitos de antigas fechaduras de porta.
Nesta unidade, a sala integrada com a cozinha foi instalada onde originalmente havia dois apartamentos. Tanto que é possível ver as vigas no teto e também os complementos no piso de taco restaurado. Os conduítes aparentes evitam o quebra-quebra e dão um ar meio industrial ao projeto.
Outros bons exemplos de reaproveitamento de materiais na área social são o tapete feito de redes de pesca, o pendente com pedaços de vidro, a mesa de centro de ripas de madeira e a mesa de jantar com azulejos.
Para não alterar a fachada – cujo projeto arquitetônico tem assinatura do escritório Metrópole Arq – a varanda é compartilhada pelo living e pela suíte e recebeu plantas e móveis para áreas externas, além de piso e paredes revestidos com pastilhas restauradas. Para amenizar o barulho da rua, os caixilhos de alumínio possuem alto desempenho acústico. O paisagismo é de Carla Oldemburg.
No quarto, o closet com armários abertos aumenta a sensação de amplitude e o nicho sobre a cama ganha ares de janela com a moldura de madeira.
Edifício Virginia
Com assinatura do arquiteto José Augusto Bellucci e do engenheiro Luiz Maiorana, o Virginia foi encomendado pela família Matarazzo para servir de renda para Virginia Matarazzo Ippolito e ficou pronto em 1951. Com 11 pavimentos, dois blocos de apartamentos e quatro lojas no térreo, foi um residencial de alto e médio padrão nas suas primeiras décadas de vida. A partir dos anos 1970, o prédio passou de residencial para comercial e aos poucos foi sendo abandonado, fechando as portas em 2019.
Em 2020, a Somauma assume a reinserção do edifício à cidade, com a restauração da fachada modernista e a remodelação dos apartamentos originais, que ganharão diversos tamanhos e possibilidades de configuração. O plano prevê lojas do térreo reabertas para a calçada, um bosque de espécies nativas na cobertura e um restaurante com vista para cidade aberto ao público. Para conectar as ruas Álvaro de Carvalho e Martins Fontes, será criado um anfiteatro com intervenções artísticas pelo escritório Nitsche Arquitetos. As obras terminam em em 2025 e as unidades já estão à venda na imobiliária Refúgios Urbanos.
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