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Econômica e sustentável: casa parece muito maior do que seus 137 m²

Esta casa térrea do interior não dispensa a profundidade visual nem a sensação de amplitude. Prova de que, num bom projeto, o maior não é sempre o melhor

Por Por Mayra Navarro (visual) e Silvia Gomez (texto) | Projeto Drucker Arquitetura | Fotos Marco Antonio
Atualizado em 19 jan 2017, 13h23 - Publicado em 17 mar 2015, 23h56

Quando chegaram a Marília, SP, a empresária Silvia Belucci Lucchi e o engenheiro Marc Tinkelenberg tinham vivido durante seis anos em Roterdã, na Holanda, eleita em novembro do ano passado a melhor cidade da Europa pela Academia de Urbanismo (entidade europeia criada para estimular boas práticas nessa área).  “Nos bairros planejados de lá, destaca-se a integração entre os espaços privado e público e se trabalha com diferentes tipos de piso e bolsão verde. Não vemos muito asfalto”, afirma Silvia. Os dois quiseram reproduzir um pouco desse ambiente urbano ideal, a começar pelo conceito das casas, no condomínio que implantaram no município paulista em 2007. Esta unidade, batizada Madri, foi a segunda a sair do papel.

Concebida pelos arquitetos Monica Drucker e Ruben Otero, a moradia precisava ser pequena, econômica e sustentável e se adequar da melhor forma ao terreno de 348 m². Como regras, o loteamento determinou recuo frontal de 4 m e lateral de 1,50 m, altura máxima de 8 m e taxa de áreas permeáveis de 20%. A Madri reservou 60%, delineando, além da generosa frente gramada de 5 m, o agradável pátio de 12,45 m², visto da sala e de todos os quartos. “Ela tem 137 m², mas parece maior. Isso se dá, sobretudo, por causa do desenho em L, integrado ao jardim. Quando se olha para fora, os ambientes ganham profundidade”, explica Monica.

A percepção de espaço foi, ainda, influenciada pelas linhas retas da estrutura de concreto sem vigas nem pilares aparentes – eles estão embutidos nas laterais. “Gostamos de usar planos horizontais, com o térreo solto do solo e paralelo à laje.” Contínua, essa laje se desdobra em beirais com largura entre 60 cm (nos quartos) e 1,20 m (na sala), medida para proteger o interior contra as altas temperaturas. “Pensamos muito no conforto térmico como premissa sustentável. Além da implantação adequada em relação ao sol, grandes aberturas opostas favorecem a ventilação cruzada, dispensando ar-condicionado. Já o forro recebeu recheio isolante de poliestireno expandido [EPS].” Entre os acabamentos, predomina o visual básico do cimento nas paredes, nas bancadas e no piso de ladrilho hidráulico. Com certo capricho no tratamento, esses materiais adquirem outro status – caso do paredão da cozinha, detalhado com janelinhas redondas em fila. “A linguagem moderna mostra que é possível ter qualidade de vida com menos área construída e mais verde, tal como experimentamos na Holanda”, compara Marc.

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Três valiosas premissas: Monica Drucker define a tônica e algumas soluções recorrentes de seu escritório com Ruben Otero.

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1. Espraiar: “Gostamos dos planos horizontais do visual modernista e das estruturas de concreto.”

2. Arejar: “Sempre que possível, buscamos criar grandes aberturas e ventilação cruzada, o que traz conforto térmico e saúde para a casa.”

3. Alongar: “Quando as portas vão até o teto, deixam o espaço mais elegante. Para ficar mais em conta, use o modelo-padrão e complete a altura com bandeira do mesmo material.”

 

Um projeto, duas versões

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Na versátil concepção dos arquitetos, o formato em L da planta de três quartos pode ser adaptadoa uma metragem menor, com uma suíte a menos.

– No meio de tudo: para otimizar o espaço, o desenho sugere que a circulação se dê pelo pátio, o qual acessa os quartos. “É neste jardim que a casa se integra, proporcionando uma área de convívio”, diz a arquiteta. Na área social, a visão dos dormitórios fica resguardada.

– Versão com dois quartos: a pedido do condomínio, batizado Residencial Costa do Ipê, os arquitetos também elaboraram uma opção reduzida da casa Madri. A planta acima segue o mesmo formato em L, mas perde uma suíte. Sala e cozinha mantêm as mesmas dimensões.

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Área: 137 m²; Arquitetos colaboradores: Victor Minghini e Ignacio Errandonea; Estrutura: Telecki; Construção: Lei Ltda. ; Marcenaria: Roma Móveis.

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