Em prédio assinado por Oscar Niemeyer na zona sul carioca, este apartamento dos anos 50 foi atualizado para receber os novos moradores, Celina e Ricardo Miranda.
“Sou arquiteto, filho de arquitetos, nascido e criado em meio às obras do meu pai, Hircio Miranda, sócio de Luiz Paulo Conde, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Por sinal, foi no trabalho que ele conheceu minha mãe, na época uma jovem estagiária do escritório. Em muitos sábados, durante minha infância, lembro-me de visitar os projetos em andamento antes de sair para o programa do dia. Assim, quase por uma herança genética, virei fã da estética modernista, que marcou também meu período de estudante e até hoje é uma referência profissional forte para mim. Pesquiso muito sobre o assunto e sou um grande consumidor de livros do tema. No ano passado, casamento já marcado com a Celina, surgiu a oportunidade de comprar este apartamento da avó dela, em Copacabana, que leva a assinatura de Oscar Niemeyer. Construído na década de 50, conservava grande parte das características originais, como os cobogós de concreto na fachada frontal, que compreende parte da sala e a área de serviço. Um luxo. Fiquei apaixonado pelo visual do imóvel de 173 m² e optei por uma intervenção cuidadosa, capaz de adaptar o imóvel ao nosso estilo de vida, mas sem descaracterizá-lo. Com a reforma, pude dividir o generoso banheiro social em dois para criar uma suíte. A obra durou um ano e meio, tempo suficiente para restaurar tudo e personalizar o lugar com alguns novos elementos – como a estante da sala, moldada com concreto, onde guardo meus livros, a coleção de LPs e o equipamento de som. Abri ainda uma porta entre o ambiente de jantar e a cozinha a fim de facilitar a circulação. No piso, mantive os tacos de peroba- do-campo originais, finalizados com resina. De resto, a minha maior preocupação foi reverenciar a atmosfera modernista com as arandelas, o pé-direito alto, de 3 m, sem rebaixo, e os móveis que trazem, no design, a estética notável dos anos 50.”
Por Ricardo Miranda, arquiteto e morador
Transformação pontual
Área: 173 m²; Execução: Ricardo Miranda