CASACOR São Paulo: casa em tons claros foi inspirada nas novelas
O arquiteto e designer Gabriel Fernandes apresenta o ambiente Casa de Novela na CASACOR São Paulo 2025.

Na CASACOR São Paulo 2025, o arquiteto e designer Gabriel Fernandes apresenta o ambiente Casa de Novela, uma homenagem sensível ao imaginário coletivo brasileiro. Inspirado pela maneira como gerações de mães, avós e tias se referiam às casas mais bonitas como “casas de novela”, o projeto propõe uma morada que concretiza esse ideal — um lar sonhado, iluminado e profundamente ligado à cultura popular.

Com 90 m² distribuídos entre salas de estar, sala de jantar, quarto, banheiro e closet, o espaço recria a atmosfera de uma casa carioca, onde o Rio de Janeiro surge como pano de fundo poético e simbólico. A narrativa homenageia ainda a presença das mulheres e seu protagonismo cultural a partir da teledramaturgia brasileira, tecendo conexões entre arquitetura, memória afetiva e representação social.

A proposta parte da casa carioca como referência estética e simbólica, evocando o Rio de Janeiro não apenas como cenário, mas como estado de espírito. A arquitetura da cidade se revela em elementos como as estantes da sala, desenvolvidas em marcenaria Simonetto, inspiradas na fachada do edifício Gustavo Capanema — marco do modernismo recém-reaberto.

Em tons claros e com repetição ritmada, os módulos ganham ainda mais personalidade com os fundos revestidos por tecidos exclusivos criados por Gabriel para a marca Casa Bonita. O desenho dá continuidade ao trabalho iniciado em parceria com o Instituto Maria do Barro, também presente na série de almofadas desenvolvidas em conjunto com o Instituto Renato Imbroisi para a marca Amofadas. As criações utilizam tecidos com tingimento natural, produzidos no âmbito do projeto Mattricaria, que une tear manual, cerâmica e coloração vegetal.

O Museu de Arte Moderna do Rio, outro ícone da arquitetura carioca, aparece reinterpretado no forro: vigas com formas côncavas e convexas, revestidas com fórmica Carvalho americano em tom exclusivo, trazem o diálogo com a volumetria da laje do museu para o interior do ambiente.

O mobiliário reflete essa fusão entre tradição e contemporaneidade. Peças de Sérgio Rodrigues dividem a cena com criações atuais de Bruno Rangel — que assina boa parte do mobiliário — e Carlos Mota, compondo uma curadoria precisa que valoriza o design nacional. A cama do quarto, feita pela artesã Camille Souza Dias, do povoado Ilha do Ferro, foi originalmente criada em parceria com o estilista Antonio Castro para seu desfile deste ano e agora e agora compõe a decoração como peça central do projeto, que reflete o olhar de Gabriel sobre o artesanato e a arte popular brasileira.

No banheiro, o contraste entre a composição clara e a bancada do closet amplia a sensação de sonho. A cama sobre o tapete azul parece quase flutuar — como se fizesse parte de um devaneio que foi finalmente materializado. “Essas composições e histórias são a materialização de encontros entre o imaginário que me formou e as novelas que eu via com minha mãe. Sempre tentando encontrar, na TV, a tal casa que ela dizia ter visto”, explica Gabriel.

A sustentabilidade também é prioridade. As portas originais do ambiente foram preservadas, e o piso do edifício — localizado no Parque da Água Branca — foi restaurado.

A maioria dos materiais amadeirados utilizados são sintéticos, fornecidos por indústrias com práticas ambientalmente responsáveis.
A produção é assinada por Aldi Flosi e Paulo Carvalho, a iluminação por Maneco Quinderé e a harmonização energética por Jussara Leite. E como sugere o próprio arquiteto, talvez não seja exagero imaginar que, a qualquer momento, uma Helena possa bater à porta.