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Casa reformada, em Brasília: iluminada e muito fresca mesmo no verão

Reformada, esta casa em Brasília recuperou seus traços originais e resgatou os princípios que guiaram sua construção nos anos 60: materiais neutros e ampla conexão entre interior e exterior.

Por Reportagem Deborah Apsan (visual) e Raphaela de Campos Mello (texto) | Design Renata Rise | Fotos Edgard César
Atualizado em 19 jan 2017, 15h37 - Publicado em 11 out 2012, 21h09
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No final dos anos 60, Brasília era uma utopia recémconcretizada. Nessa época, construiu-se numa alameda do Lago Sul – setor residencial previsto no plano piloto desenhado pelo arquiteto e urbanista Lucio Costa – uma série de casas idênticas, logo ocupadas pelos empresários que desembarcavam na cidade. Esta é uma delas. Desenhadas pelo arquiteto Elvin Dubugras [1929-1999], as construções apresentavam valor arquitetônico, sobretudo devido aos amplos espaços internos. Mas, com o passar das décadas, sofreram intervenções arbitrárias e se descaracterizaram. Aqui, não foi diferente”, conta a arquiteta Gabriela Müller, sócia de Gustavo Costa, coautor do projeto de reforma e dono desta unidade com 466 m², onde mora com a mulher e as duas flhas.

Quais foram os pontos chaves da reforma

 

“O ponto-chave da intervenção foi o resgate dos preceitos modernistas, como a integração entre o exterior e o interior e a simplicidade dos materiais, o que confere uma linguagem única aos ambientes e elimina a hierarquia entre eles”, destaca o arquiteto. É como se a casa inteira funcionasse como uma grande varanda, cujas aberturas favorecem o convívio e a contemplação do entorno. A ventilação cruzada e a correta orientação solar dispensam o uso do ar-condicionado até mesmo nos dias mais quentes no planalto Central, garantem os arquitetos. Já a iluminação natural abundante realça a alvura do piso e das paredes, tornando os espaços ainda mais generosos.

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Aposta em madeira reciclada

 

As portas pivotantes de 1,10 x 2,60 m da fachada lateral reaproveitam janelas e portas de ipê retiradas da casa existente. “Isso gerou 120 m² de matéria-prima e uma economia de cerca de 45% em relação ao valor de peças novas”, detalha o arquiteto Gustavo Costa, dono da ideia. A madeira rendeu 4 300 ripas de 5 x 63 cm. Utilizadas também nos portões da garagem e da entrada de pedestres, elas fecham molduras metálicas inseridas na caixilharia para estruturar cada porta. Fixadas uma a uma para garantir a boa vedação do conjunto, as ripas foram colocadas nessa estrutura por meio de encaixe macho e fêmea, dispensando parafusos ou cola. “Na base e notopo de cada peça há um rasgo que se acopla a um perfl metálico T”, explica. Depois de lixada, a superfície recebeu stain incolor Osmocolor (Montana Química). “A partir de agora, a madeira envelhecerá naturalmente”, afrma Gabriela Müller.

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