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Casa de 129m² com espaços integrados e muito afeto

O sucesso deste projeto assinado por Clara Reynaldo e Lourenço Gimenes está em buscar um espaço para ser feliz levando em conta o melhor da arquitetura contemporânea.

Por Texto Kátia Stringueto | Fotos Fran Parente | Direção de arte Camilla Frisoni Sola | Design Luciana Giammarino
Atualizado em 19 jan 2017, 15h49 - Publicado em 12 jul 2012, 17h41

Procura-se apartamento. Durante meses foram assim os fins de semana do casal Clara Reynaldo e Lourenço Gimenes quando decidiram sair de um apartamento em Higienópolis, na capital paulista, e mudar para outro maior: de 180 a 200 m2. Viram muitos, mas nada satisfazia a ambos. “Queríamos um que tivesse cozinha aberta, fosse todo integrado e transmitisse uma atmosfera fluida. Mas estava difícil encontrar”, conta Clara.

Comos eles decidiram morar em uma casa

 

Então Lourenço desistiu do apartamento e começou a procurar uma casa. Viu o anúncio de uma à venda em um conjunto de casas geminadas numa linda rua arborizada e a apenas 3 km tanto do trabalho dele (FGMF Arquitetos) quanto do escritório da mulher (CR2 Arquitetura). Apesar do cenário favorável, o casebre antigo estava praticamente ruindo, com ambientes úmidos e escuros, e seria necessário demoli-lo para que algo saudável surgisse em seu lugar. “Ponderei e senti que era a hora de construir a casa em que iríamos morar”, lembra Lourenço. “Como é do sonho de todo arquiteto, eu também queria ter uma casinha feita por mim. Mas a questão era: será que conseguiríamos fazer algo legal num terreno com apenas 4 m de largura?”

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A resposta veio com um projeto que não só acolheu os desejos do casal como foi várias vezes premiado pelas soluções que apresenta. Recebeu menção honrosa no Prêmio Jovens Arquitetos, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), arrematou o segundo lugar no Prêmio Lafarge Gypsum – Arquitetura de Interiores, conquistou o Prêmio Casa Claudia Design de Interiores, da Editora Abril, na categoria Casas Urbanas, foi selecionado para a Bienal de Arquitetura de São Paulo e, recentemente, a última boa notícia é que a casa 4 x 30, como ficou conhecida graças às suas medidas, está entre as 26 selecionadas para a VIII Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo, que acontece em Cádiz, na Espanha, em setembro.

A ousadia dessa arquitetura

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Parte do sucesso está em pensar a morada com mais liberdade. “Para encaixar a construção no espaço com poucas faces iluminadas, era necessário rever o conceito tradicional de casa”, diz Lourenço. “Por isso começamos a pesquisar lares pequenos construídos fora do país – onde se vê melhor essa realidade. No Brasil, em geral, há muito espaço para construir e a arquitetura se aproveita disso. Aqui era diferente”, explica o arquiteto.

 

A inspiração veio principalmente das minúsculas casas japonesas e holandesas. “Vimos que dava para criar um projeto honesto, confortável e agradável com aquela área e que ainda tivesse nossa cara e fosse na medida de nossas necessidades”, completa Clara. Ao integrar ambientes e eliminar os que não eram essenciais, ganhou-se em circulação. “Tanto a Zezé, nossa empregada, quanto os amigos que recebemos usam o mesmo banheiro de visitas”, diz Lourenço.

Passarelas, pisos de vidros e outros detalhes

 

Outra característica ousada da casa está logo na entrada. Ao abrir a porta, a mesma passarela que conduz ao living serve para embutir os armários da cozinha, rebaixada em 75 cm. Começar pela cozinha foi a saída para que a sala ficasse aberta para o jardim, valorizado com uma pitangueira e uma parede verde. “Deveríamos ter colocado uma câmera para filmar a reação das pessoas que entram aqui pela primeira vez”, brinca Clara. “Há quem se encante, quem estranhe e quem aprecie o resultado, embora admita que não moraria num projeto assim”, diz divertindo- se a moça. De fato, é preciso um tempo para os olhos se acomodarem e perceberem, por exemplo, que o tampo da mesa de seis lugares termina onde começa o piso da sala.

 

Passada a surpresa, a ambientação é de simplicidade, funcionalidade e conforto. Nada gera impacto visual (e a cozinha rebaixada conta muito para isso). Para onde se olha, a casa é tão iluminada, ventilada e espaçosa quanto racional. Tanta leveza foi muito bem calculada, aliás. Dos materiais às cores e à marcenaria.

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“A gente queria algo prático, rápido de construir. E também buscávamos testar algumas soluções de construção para mais tarde podermos falar com propriedade ao sugerir a um cliente”, diz a arquiteta. “As esbeltas vigas metálicas [25 cm] e o fechamento de drywall são perfeitos para uma casa geminada, sem recuo, porque economizam espaço se comparados a uma parede de concreto, que tem em média 40 cm”, explica a arquiteta.

 

Sobre a sala/cozinha, um imenso elemento branco, semelhante a um contêiner, revestido de lambri de alumínio acomoda as duas suítes. A caixa retangular fica suspensa a 2,80 m do chão e, para deixar passar mais luz natural para a sala, foi deslocada 90 cm à frente, criando um bonito efeito.

 

Já a escolha do branco para as paredes, o forro de alumínio e o piso de poliuretano semibrilho não foi apenas questão de gosto, mas uma opção para refletir melhor a luz. “Não reinventamos a roda. Esta casa é o resultado de nossas referências ao longo do tempo. Ela é pouco comum, mas a gente mora feliz”, conclui Clara. Não dá para querer nada mais.

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