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Baixe os custos de sua obra e saiba como montar um orçamento

Na primeira reportagem da série Etapas da Construção, conheça duas experiências de quem baixou os custos ao planejar bem a obra.

Por Por Vera Kovacs
Atualizado em 20 dez 2016, 16h17 - Publicado em 22 jul 2010, 15h45

Não inicie a construção sem definir o projeto nem determinar o cronograma e o custo de cada fase da obra. Contratar bons profissionais – arquiteto, engenheiro e construtora – é o ato sagrado do bom planejamento. Conte com o CasaPRO para pesquisar arquitetos que tenham a ver com o seu estilo. Eles darão suporte não só durante o projeto como também na administração do orçamento e na compra do material. Uma alternativa – caso você queira chamar o arquiteto só para fazer o projeto – é deixar que profissionais autônomos (empreiteiro, mestre de obras etc.) cuidem da empreitada. Mas nesse caso você tem que estar certo de que poderá tomar conta do orçamento e da pesquisa de materiais sozinho. Seja qual for a sua decisão, é essencial, antes de tudo, ter dinheiro reservado para concluir a obra. O engenheiro Marcos Penteado, de São Paulo, aconselha calcular uma margem extra como segurança caso aconteça alguma surpresa. “Com um orçamento bem detalhado, entre 5 e 10% bastam”, sugere.

Clique e descubra as várias fases de um projeto

Projeto benfeito resulta em orçamento enxuto. Quanto mais tempo for investido no detalhamento do projeto, menos se gasta com refação no decorrer dos trabalhos. No estudo preliminar, por exemplo, arquiteto e cliente discutem exaustivamente se todas as necessidades da pessoa ou da família estão contempladas no projeto. Essa fase só será concluída quando o proprietário estiver satisfeito. No anteprojeto, e com base na consulta preliminar aos projetistas complementares, elabora-se um pre-orçamento. Ele vai balizar o investimento e permitir eventuais ajustes na planta que venham a adequá-lo as expectativas de custos. “Essa analise devera ser confirmada nos projetos executivos”, lembra o arquiteto Gabriel Kalili, de São Paulo. 

Como colocar tudo no papel

Depois da aprovação do projeto, é hora de pensar no cronograma que determina a ordem em que cada etapa será executada, de acordo com o tipo de serviço e os prazos de entrega dos materiais. “Com uma planilha nas mãos do responsável pela construção, a chance de faltar mão de obra ou material durante os trabalhos é mínima”, confirma Marcos Penteado. Outra providência importante: exija um contrato, documento que garante o detalhamento das atribuições e das responsabilidades acertadas verbalmente. Você deve fazê-lo com todos os profissionais – arquiteto, engenheiro e construtora. Deixe claro quem vai responder pelos projetos complementares (hidráulica, acabamentos), contratação de mão de obra, prestação de contas e gerenciamento. Cobre pela prestação de contas ao menos uma vez por mês. Por fim, convém pôr no papel o orçamento de cada item, incluindo material e instalação. 

Abaixo, você conhece duas experiências exemplares de quem baixou os custos ao planejar bem a obra

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Um título para uma foto sem titulo

1. Abaixo do Programado

Graças à experiência com gerenciamento de obras, o engenheiro Wilson e a esposa, a arquiteta Lara Brandão, tiveram mais facilidade de construir a própria casa de veraneio em Cotia, SP. A casa de 265 m² saiu por R$ 1 380 o m² construído, em setembro de 2007 (valor equivalente ao padrão luxo para a região Sudeste, segundo o Índice A&C de setembro de 2007). O estimado era R$ 1500 por m², mas, graças a muita pesquisa e boas ofertas no mercado, Wilson conseguiu gastar quase 9% menos. “Algumas mudanças nas especificações iniciais foram necessárias para aproveitar as pechinchas”, explica. As portas e esquadrias, por exemplo, seriam de madeira, porém o preço dos modelos de alumínio estava mais atraente. Outra surpresa veio dos metais sanitários e revestimentos (pastilha e porcelanato): os importados ofereciam melhor preço do que os nacionais previamente orçados. “Como percebi que a qualidade era equivalente, fiz um bom negócio”, conclui Wilson.

2. Revisão de Valores A casa de 466 m² em São Paulo, assinada pelo arquiteto Vasco Lopes, ainda não foi construída. No primeiro orçamento, feito pelo engenheiro Silvio Barana, da SBN Engenharia, descobriu-se no projeto que a obra custaria além do previsto pelos proprietários. “Até chegar à última revisão, baixamos vários itens, pois recebemos os projetos executivos.” A fundação, por exemplo, exigirá menos estacas do que o previsto anteriormente e a troca de marmoglass por mármore espírito santo trouxe uma economia de 1,19%. No final, o valor de R$ 2 888,61 por m² reduziu para R$ 2 742,32 (em novembro de 2009), acima do padrão luxo do Índice A&C para a região Sudeste. “No índice não estão computados a taxa de administração, o acompanhamento integral de engenheiro e a construção de muros laterais contemplados aqui”, justifica o engenheiro Fernando Oliveira, da SBN.

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Seis dúvidas cruciais na vida de quem está planejando uma obra:

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1. Que profissional está habilitado a fazer o orçamento para a construção da casa?

 

 

Técnico em orçamento, engenheiro ou arquiteto. Há empresas especializadas nesse tipo de serviço, e nas construtoras, em geral, existe um profissional dedicado ao assunto. 

2. O que costuma ser incluído?

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Para evitar furos, devem entrar quantidade de materiais, mão de obra, impostos e encargos sociais (INSS, FGTS etc.). Os profissionais costumam fazer uma planilha com a sequência das etapas da obra e colunas separadas para os preços de material e de mão de obra. Os impostos e encargos estarão em suas colunas correspondentes. 

3. Quais etapas e serviços devem entrar no planejamento?

 

 

De uma maneira resumida, as etapas se dividem em: serviços preliminares, fundação, alvenaria, estrutura, reboco, contrapiso e telhado, instalações hidráulica e elétrica, acabamentos, pintura, paisagismo e áreas externas e limpeza da obra. “Cada uma delas se divide em subitens, permitindo assim um orçamento preciso”, ensina a arquiteta paulista Alessandra Pires, que dá um exemplo: “A fundação do tipo baldrame deve prever marcação das estacas, perfuração, enchimento, abertura das valas, limpeza da cabeça das estacas, preenchimento do baldrame e, por fim, impermeabilização. Dessa forma, evitam-se erros e desperdício de materiais”. O engenheiro Marcos Penteado aconselha a fazer o orçamento do projeto todo, mesmo que exista a possibilidade de executar alguns itens numa segunda etapa. “Assim, o morador fica sabendo se poderá fazer ou não, adequando o projeto às suas finanças”, justifica. Segundo ele, piscinas, coberturas externas e jardins, que são isolados da construção principal, podem ser contabilizados numa próxima fase. Normalmente não incluo paisagismo, marcenaria e decoração. São itens que não exigem a presença de um engenheiro acompanhando, pois isso tende a elevar os custos. Não compensa para o cliente arcar com despesas de administração sobre eles”, pondera o engenheiro.

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4. Preciso incluir o valor de projeto e acompanhamento da obra?

 

 

O projeto é uma etapa anterior e, normalmente, já foi pago ao arquiteto, incluído nele os projetos de detalhamento aos profissionais contratados quando a obra se inicia. Já a administração deve estar embutida no orçamento. O valor de mercado é 15% sobre o total da obra, distribuído ao longo do tempo em que a construção acontece. Dependendo do tamanho da casa, esse valor é negociado e pode até ter um preço fixo, independentemente da variação do orçamento. 

5. O que é levado em conta no cálculo da mão de obra e dos materiais?

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O orçamento dos trabalhadores normalmente começa estabelecendo qual o valor homem/hora, como exemplifica o engenheiro Marcos Penteado: “Se um pedreiro gasta 30 minutos para fazer 1 m² de revestimento, calculamos a metade do custo do homem/hora para cada m² de revestimento. Multiplicando esse número unitário de cada serviço pela quantidade do item, teremos os gastos totais separados de cada serviço. O mesmo procedimento vale para materiais. Se o tijolo custa R$ 1 e consumimos 50 unidades por m² de alvenaria, concluímos R$ 50 o m²”. 

6. Os materiais devem ser bem especificados no orçamento ou faz-se uma média de custo de cada um?

 

 

Quanto mais detalhado for o projeto, mais ele vai se aproximar da realidade. “Para compor o orçamento, faço uma cotação de cada item com três fornecedores para avaliar eventuais distorções de preço”, explica o engenheiro Fernando de Oliveira, da SBN Engenharia. 

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