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Yoga pela paz: conheça o iogue que venceu o câncer linfático

Gustavo Ponce encontrou na prática da ioga alento e estrutura para enfrentar um câncer linfático – hoje, sob controle. E acabou criando um novo método.

Por Texto Raphaela de C. Mello | Direção de arte Camilla Frisoni Sola | Design Luciana Giammarino
Atualizado em 29 ago 2018, 11h48 - Publicado em 5 jul 2012, 15h44

Os sábios costumam dizer que as enfermidades são mestras. O chileno Gustavo Ponce, 65 anos, assina embaixo. Pioneiro da difusão da ioga na América Latina, ele foi diagnosticadocom câncer linfático em 2004. Por um instante, o chão sob sua esteira de prática se abriu: “Não podia acreditar que a pessoa mais saudável de toda minha família estava com câncer”, conta. Passado o choque, dirigiu-se para seu canto de meditação e lá ficou até ter a resposta. “Meditando, descobri que a doença tinha sido causada por um trauma vivenciadocinco anos antes. Conhecer a origem da enfermidade é a chave para enfrentá-la”, afirma Ponce, que conheceu a ioga aos 11 anos de idade, por meio de um livro.

Como Gustavo iniciou seu método

 

Abatido pela quimioterapia e por uma série de pneumonias, que tiraram proveito do seu combalido sistema imunológico, o professor de ioga se limitava a praticar exercícios respiratórios, respeitando as instruções fornecidas por seus mestres indianos. Guias que o acompanharam de longe. “Quando fiquei um pouco mais forte, comecei a sincronizar pequenos movimentos com a respiração, criando pausas entre a inspiração e a expiração e a expiração e a inspiração.” Assim nasceu o método Prana Shakti Yoga, difundido em diversos países. Quanto à doença, motivadora da imersão interior e, posteriormente, da pesquisa de campo, ele não se considera completamente livre dela. Mas credita à ioga o fato de estar vivo e saudável. “Não posso dizer que superei o câncer linfático. Entretanto, a prática diária de ioga me permitiu elevar os níveis imunológicos e emocionais, o que evitou uma recaída que poderia ser fatal”, diz.

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Para o ex-aluno de mestres renomados como J. Yogendra, B.K.S. Iyengar, K. Pattabhi Jois e T.K.V. y K. Deskachar, é impossível separar corpo e mente. Daí o poder de fogo da ioga. “Começamos por despertar a consciência corporal e, inevitavelmente, acabamos acordando a consciência mental. É ela que nos permite nos autoobservar, bem como o mundo ao redor”, afirma o iogue. Tal afastamento, segundo ele, é crucial para alargar a percepção dos eventos e colher insights. Além, claro, de fazer com que os pequenos gestos cotidianos ganhem outra dimensão. “Passamos a nos alimentar, falar, descansar e nos relacionar de forma mais consciente. Nos damos conta de quão efêmera e transitória é a vida e aprendemos a apreciá-la a cada momento.”

 

Uma experiência que, como ele próprio sentiu na pele, pode salvar vidas. Gustavo Ponce estará no Brasil no final de agosto. Ele será um dos convidados especiais do evento Yoga pela Paz, que você conhecerá a seguir.

A reunião de novos adeptos

 

A ideia de reunir adeptos das práticas orientais e convidar outros tantos para conhecerem as modalidades e, por tabela, expandirem a consciência coletiva em prol da paz foi concebida em solo estrangeiro. Márcia De Luca, que é fundadora do Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda (Ciymam), situado na capital paulista, acompanhava um grupo de alunos que voou até San Diego, nos Estados Unidos, para participar de um treinamento espiritual conduzido pelo médico indiano Deepak Chopra. “Depois de sete dias de meditação profunda, vislumbrei o projeto. Percebi que não podemos mudar o mundo, mas podemos transformar as pessoas”, conta Márcia, que imediatamente compartilhou o sonho com o publicitário Fran Abreu, diretor da agência de publicidade DPTO. “Trouxemos de lá o desejo de fazer algo que pudesse influenciar positivamente a cidade e o planeta”, lembra o publicitário, que há dez anos pratica ioga e meditação sob orientação da mestra.

 

O pacto foi firmado em 2005. No ano seguinte, a edição inaugural se restringiu ao estacionamento de uma casa de show paulistana. Um tímido porém promissor desabrochar. Com o passar do tempo, escolas de ioga de todo o país foram abrindo suas portas e entidades apoiadoras, fortalecendo essa teia. A semente se converteu numa rica floresta. Em 2011, a tradicional meditação coletiva de encerramento reuniu 7 mil pessoas no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Momento em que os participantes potencializam a intenção de que a cidade, o país e o mundo atravessem dias mais pacíficos.

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Em 2012, o evento entra entra na sétima edição da maratona de aulas de ioga, meditação e relaxamento, além de apresentações artísticas e palestras, que acontecerá de 13 a 19 de agosto. Serão mais de 300 atividades gratuitas por todo o país (confira a programação completa no boxe). Para este ano, os organizadores estimam mais crescimento. E não só porque assim desejam, mas porque notam na sociedade uma urgência para lá de positiva. “Atuo nesse campo há 33 anos e constato que as pessoas estão buscando cada vez mais o desenvolvimento espiritual”, afirma Márcia. “Durante o mês de agosto, oferecemos ferramentas de autoconhecimento para que os inscritos iniciem a mudança interna e ampliem a consciência, aproximando-se de sua essência”, emenda. Abreu faz coro: “Quanto mais indivíduos estiverem bem consigo mesmos, mais isso se refletirá ao redor”. O perigo, lembra

ele, é postergar indefinidamente essa conquista. “Apesar das dificuldades, que sempre existirão, podemos alcançar um nível mais pacífico dentro de nós. Não dá para ficar em paz apenas quando estamos no silêncio do campo ou da praia”, enfatiza.

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Como bem observa Márcia, o Yoga pela Paz, devido a sua abrangência e profundidade, representa uma oportunidade única de aprimoramento interior. “Quando a população teria a chance de absorver o conhecimento vindo diretamente da mãe Índia, de graça?” Ela destaca a participação de importantes mestres, brasileiros e estrangeiros, que atuarão como palestrantes. São eles: o dr. José Ruguê Ribeiro Jr., expoente da medicina ayurvédica no Brasil, o espanhol Swami Digambar, professor formado pelo International Yoga Fellowship Movement e pela Bihar School of Yoga, de Munger, Índia, além do dr. David Frawley, americano profundo conhecedor das ciências védicas, Yogini Shambhavi, renomada professora indiana especializada nas tradições tântrica e védica, e o dr. Vinod, médico indiano especializado em ioga e desordens psicossomáticas. Imperdível.

 

A terapeuta ayurvédica e doula Maíra Duarte, de São Paulo, é uma fiel escudeira do evento desde os primórdios. Já somou forças como plateia, palestrante e divulgadora. E, o mais bonito, é que o marido e os dois filhos pequenos também vêm testemunhando a devoção ao projeto. “O primeiro ano do Yoga pela Paz coincidiu com a comemoração do primeiro dia dos pais do meu marido e, por isso, escolhemos celebrar a data festiva ali. Nos anos seguintes, comparecemos a todas as edições que pudemos”, conta. Se, assim como Maíra e sua família, soubermos aproveitar esse presente, o evento atingirá, com folga, a sonhada marca de 1 milhão de seres vibrando na frequência da paz. Assim seja!

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