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Mestres ensinam o caminho da harmonia interior

Especialistas dão dicas para encontrar o equilíbrio no dia a dia

Por Raphaela de Campos Mello
Atualizado em 20 dez 2016, 21h50 - Publicado em 9 Maio 2012, 13h22
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A natureza, o Universo e o corpo humano estão em constante ebulição. Essa é a regra de ouro da existência. Portanto, não há outra saída. Temos de alcançar o equilíbrio em meio às inúmeras tarefas cotidianas. E já que a roda da vida está sempre em movimento, cabe a cada uma de nós marcar o próprio compasso. Para iluminar essa busca, a BONS FLUIDOS ouviu dez profundos conhecedores da alma humana. Veja os conselhos de cinco deles e encontre seu eixo.

Um pacto com si mesma (Lidia Aratangy, psicoterapeuta)

 

Ao contrário do que as pessoas costumam pensar, harmonia interior não é ausência de conflito, e sim saber lidar com eles, sem se deixar dominar. Claro que a capacidade de tolerar dificuldades varia de acordo com as etapas da vida. À medida que o indivíduo intensifica o autoconhecimento, essa tarefa vai se tornando menos complicada. Vale lembrar que a terapia não é o único caminho para se conhecer. Bons amigos e experiências emocionais, como aquelas proporcionadas pela literatura e pelo cinema, fazem toda a diferença.  Precisamos estar atentas a três atitudes que, em geral, trazem insatisfação. A primeira é dar atenção demasiada às coisas não realizadas. Essa postura empobrece a vida que temos hoje. Igualmente prejudicial é a busca por aceitação. Em nome dela, as pessoas costumam abandonar seus próprios valores e desejos para adotar referenciais alheios. Por fim, não podemos nos esquecer de nos indagar periodicamente se os planos de ontem ainda fazem sentido hoje. Com esses cuidados, podemos alcançar momentos de harmonia, traduzidos em uma atitude de abertura para o novo, com a consciência plena de que a vida vale a pena.

Uma boa razão para viver (Sandra Spiri, psicóloga e aromaterapeuta)

 

Precisamos encontrar um sentido para a vida. Sem isso, perdemos o foco. Logo, a alegria e a esperança vão embora e, em seu lugar, a doença se instala. É comum entrarmos numa roda-viva, pressionados por questões de todo tipo até que um belo dia nos damos conta de que não fizemos o que gostaríamos de ter feito. Esse descontentamento faz o corpo gritar. Por exemplo, a pele fica irritada quando perdemos a paciência e a tolerância. Pessoas tristes e solitárias costumam desenvolver problemas renais ou cardíacos. Quem engole sapo está mais propenso a adquirir gastrite ou úlcera. Há pontos que precisamos trabalhar se quisermos atingir a leveza do coração. Aí entra a aromaterapia, técnica que lida com óleos essenciais de plantas e flores e atua no campo das emoções. Esse é apenas um caminho. Há inúmeras maneiras de olharmos para dentro de nós. Já aqueles que investem no autoconhecimento são mais honestos consigo e com os outros. Um recurso acessível e eficaz é, de tempos em tempos, se perguntar: o que posso fazer pela minha felicidade hoje?

Cuidado holístico (Alex Botsaris, médico e fisioterapeuta)

 

A harmonia interior não é uma conquista perene, e sim uma busca contínua. Mesmo indivíduos iluminados, como o Dalai-lama, perseguem esse estado de espírito todos os dias. Para viver com serenidade, é preciso treinamento espiritual, mental e físico. O caminho de cada indivíduo é único. Mas é certo que, independentemente de religião, crenças e valores, precisamos estabelecer um contato legítimo com as energias que movem o Universo e transformar essa conexão em fonte de equilíbrio. No campo mental, devemos perseguir uma vida tranquila e com o mínimo de conflitos emocionais. Para a medicina chinesa, o principal fator de equilíbrio é a alimentação. Ao selecionar os nutrientes que ingerimos, influenciamos positivamente a composição do nosso organismo. O sono precisa de horários regulares e quantidade de horas adequadas. Recomendo exercícios físicos diários e, como complemento, ioga ou meditação. Tratamentos que relaxam, como acupuntura e massoterapia, são excelentes para nos proteger dos desgastes cotidianos.

Escolhas certeiras (Ana Lúcia Faria, psicóloga especializada em psicoterapia reichiana e análise bioenergética)

 

Entendo a harmonia interior como a sensação de bem-estar e conforto consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Quando alcançamos esse estágio, somos guiados por um senso de realidade muito verdadeiro. Aceitamos e respeitamos nossos limites, ou seja, compreendemos que podemos fazer muitas coisas, mas não todas ao mesmo tempo. Apropriamonos de nós mesmos e abandonamos as ilusões. Para conquistar esse entendimento, precisamos estar inteiros em nossas escolhas. Mas, antes, devemos assimilar que escolhas são construções que acarretam a renúncia de algo. Quando priorizamos e valorizamos uma meta, conseguimos abrir mão do que for necessário para atingi-la, sem apego. O desafio é desenvolver esse comportamento com atenção. Nesse caso, o corpo responde à altura, fica mais flexível. O problema é que o estresse e, portanto, a desarmonia, nasce da ilusão de sermos super-homens e super-mulheres, que exigem de si mesmos muito mais do que podem, trabalham horas excessivas, dormem pouco e comem mal. Quando sabemos reconhecer nossos limites, temos tempo para os amigos, os amores, a família, enfim, as relações, que, em última instância, são o palco de nosso crescimento interior.

No balanço da vida (Mario Sergio Cortella, filósofo de doutor em educação)

 

Na realidade, a harmonia é alcançada por meio da capacidade de lidar com as adversidades. Nós encontramos o equilíbrio quando conseguimos ir de um extremo a outro sem nos perdermos. Em nossa vida, a harmonia é uma construção cotidiana. Uma busca pela ordem que exige esforço, pois sempre há o risco de sucumbirmos em meio às dificuldades. Mas, nessa jornada, o contraponto é fundamental para valorizarmos o que temos em mãos. A ausência nos faz desejar a presença, o trânsito diário nos faz vibrar em dias de feriado quando as ruas estão vazias. E assim por diante. A harmonia se manifesta na vida que pulsa em suas várias possibilidades, inclusive nas sombrias. Nas relações afetivas e familiares vivenciamos essa dinâmica. Estamos juntos, rompemos, reatamos. Experimentamos uma harmonia vibrante, que passa pelo choro, pelo riso, pela dor e pelo silêncio. Quando a desarmonia trouxer inquietação, podemos respirar com tranquilidade, meditar sobre a situação e olhá-la com distanciamento. Assim, certamente iremos enxergar a saída e prosseguiremos, lembrando sempre do velho dito: “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”.

 

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