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Márcia de Luca: Não sofra por antecipação

Márcia De Luca é especialista em ioga, meditação, ayurveda e uma das idealizadoras do movimento Yoga pela Paz. Também assina a coluna Coisas da Alma, da revista CLAUDIA.

Por Márcia de Luca
Atualizado em 20 dez 2016, 21h45 - Publicado em 25 set 2013, 16h27
Márcia-De-Luca

A mente do ser humano está em constante movimento e oscila como quando jogamos pedregulhos num lago de águas calmas e tranquilas. Se olharmos o lago conturbado, não conseguiremos ver com nitidez nossa própria imagem. Mas, se olharmos nosso rosto refletido nas águas calmas e tranquilas, aí, sim, veremos a realidade do nosso ser. Na verdade, nossa mente parece um macaquinho ensandecido pulando de galho em galho. Milhões de pensamentos se acavalam incessantemente, acionados pelas memórias de ações e vivências passadas armazenadas dentro de nós. São esses turbilhões de pensamentos que muitas vezes nos fazem sofrer à toa, como pressupor o que as outras pessoas pensam sobre nós.

Achamos que os outros fizeram ou deixaram de fazer algo por ene motivos, sem termos a certeza do que estamos achando. Assumimos por inteiro que nossa opinião está correta, sem ao menos questionar ou analisar. Quantos mal-entendidos e desentendimentos são gerados com base nessa atitude! Sofremos por antecedência e sem necessidade, simplesmente porque mergulhamos em suposições. Ficamos à mercê dos pressupostos.

Recentemente, uma de minhas alunas deu um depoimento pertinente a este assunto. Segundo ela, assim que chegou ao trabalho certa vez, o chefe a chamou para uma conversa no final do dia. Ela automaticamente entrou em pânico, com medo de ser despedida, tendo em vista a crise de demissões que assola nosso país. O coração disparou, e os batimentos cardíacos soaram como trovões. Numa situação assim, o corpo costuma responder com uma inevitável cascata de enzimas e peptídios “do mal”, que envelhecem e enfraquecem o sistema imunológico ao invadir nossa corrente sanguínea. Ela passou o dia inteiro com uma sensação de abandono, de insegurança, tamanha a ansiedade. Finalmente chegou a hora da conversa com o chefe. Ela foi para a sala de reuniões com o coração apertado e a respiração ofegante. O chefe entrou com uma expressão leve e tranquila. E disse que a chamou simplesmente para parabenizá-la pelo excelente trabalho que ela tinha executado referente a um projeto específico.

Pois é, quanto sofrimento desnecessário, não é mesmo? Quantas centenas de pensamentos surgiram com esse chamado e sobrecarregaram o sistema nervoso dela. Por isso digo a você: vamos, a partir de agora, aprender a não pressupor absolutamente nada. Não temos nenhuma lâmpada mágica de adivinhação a nosso dispor. Precisamos aprender a manter a calma, a respirar fundo, a confiar em nossas capacidades, a aceitar cada momento como ele se apresenta e a ter a certeza de que, quando andamos no caminho da verdade e da integridade, o universo nos protege e conspira a nosso favor. Lembre-se também do já conhecido espelho dos relacionamentos. Projetamos no outro aquilo que somos e temos e não queremos reconhecer, não é mesmo? Antes de pressupor qualquer coisa em relação aos outros ou a nós mesmos, vamos aprender a usar nosso intelecto para analisar, para indagar, e assumir o que quer que seja somente após termos a certeza do que realmente é. Assim, você verá como a vida fica muito mais leve e fácil.

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