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Joias inspiradas na realeza indiana com vibrações do bem

Enquanto cria adornos inspirados na realeza indiana, a designer Jyotsna Singh entoa mantras para que as peças emanem as melhores vibrações

Por Texto Raphaela de Campos Mello | Produção visual Lisiane de Freitas | Design Roberta Jordá | Fotos Victor Affaro
Atualizado em 19 jan 2017, 13h53 - Publicado em 22 out 2012, 18h05
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Om Bhoor Bhoova SwaHa”, em tradução livre: “Invocamos, por meio da oração e da meditação, aquele que nos inspira, o criador, fonte da alegria suprema”. O primeiro verso do gayatri mantra, presente nas escrituras védicas, sintetiza as intenções projetadas nas joias concebidas pela indiana Jyotsna Singh, criadora da marca Manjusha. Radicada em São Francisco, nos Estados Unidos, há dois anos ela encerrou, “sem olhar para trás”, como diz, a longa carreira no mundo corporativo para se dedicar à paixão herdada do avô, outrora pertencente à realeza indiana. “A energia flui e fico impressionada com as coisas que emergem do inconsciente. De repente, meu mundo se abriu para uma linda perspectiva”, afirma a designer.

Conheça a história de Jyotsna Singh

 

Criada nas cercanias da capital, Nova Déli, no norte do país, Jyotsna mantém acesas as lembranças, literalmente luminosas, da infância transcorrida entre palácios, jardins e festas. “A maior parte das minhas criações alude às joias reais usadas por meu avô. Mas elas são bem mais acessíveis”, brinca a designer, que trabalha apenas com pedras semipreciosas: lápis-lazúli, cristal, ametista e muitas outras. A gama de cores e texturas forjadas pela terra, mote para infindáveis combinações, a encanta. A atração pelas gemas, no entanto, não se justifica apenas pela dimensão estética. “Pedras são vórtices vivos de energia”, acredita ela, que, antes de manusear as rochas, se vale de mantras para neutralizar as energias negativas “sugadas” por elas. A limpeza inicial, à base de água marinha ou realizada ante a interferência de outro cristal, é feita ao som do ganesh stotra, cântico dedicado a Ganesha, divindade hindu associada à sabedoria e à dissolução dos obstáculos. Uma vez concluído, o adereço é alvo dos bons presságios emanados pelo gavatri mantra, cujo verso inicial abre esta reportagem. “Dessa forma, as pedras passam a conduzir vibrações positivas que irão beneficiar as clientes. Mas estas precisam estar receptivas”, ressalta.

 

Pertencente à décima geração da família Singh, Jyotsna simboliza a ponte entre a milenar cultura indiana e o Ocidente. Ela se divide entre sua residência americana e outra localizada em Jaipur, norte da Índia, para onde se dirige três vezes ao ano. É lá que a artista desenha e confecciona suas criações, marcadas pela extravagância e pela delicadeza. Outra prova de reverência ao passado se manifesta por meio do resgate de técnicas tradicionais, como o jadau (entalhe) e o kundan (inserção de folhas de ouro entre as pedras). O produto final, entretanto, chega às vitrines envolto em ares contemporâneos.

 

Nas visitas às suas origens, Jyotsna aproveita para reabastecer os canais espirituais no ashram do guru sri Satya Sai Baba, situado no sul da Índia. “Nesse local de energia elevada, renovo minhas forças e invisto na autorreflexão”, conta. Sai Baba (morto em 2011) defendia o lema: “Amar e servir a todos, ajudar sempre, machucar nunca”. “Todos os dias procuro colocar em prática esses ensinamentos”, diz ela, que virá ao Brasil em novembro para o lançamento de duas coleções, uma inspirada no poder das pedras e outra no design étnico. Ambas estarão disponíveis na loja Esencial, na capital paulista.

Herança de luz:

 

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Jyotsna Singh é neta do Maharaja Bhupinder Singh, nobre que governou o reino de Patiala, no norte da Índia, de 1900 a 1938. Em 1925, em passagem por Paris, ele encomendou à Cartier a peça mais valiosa já produzida pela grife francesa, posteriormente apelidada de Patiala Necklace. O luxuoso colar cerimonial, cravejado de 2 930 diamantes provenientes da África do Sul, foi concluído em 1928. E fez história. Readquirido pela empresa em 1998, então desfalcado, passou por um cuidadoso processo de restauro. Zircônias preencheram as lacunas deixadas pelas pedras originais e, assim, o precioso adorno, estimado em US$ 30 milhões, recuperou o esplendor do passado.

Cabelo e maquiagem Keyla Martinelli. Fotos realizadas na loja Esencial, em São Paulo.

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