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Evangelicos respondem aos gays ofendidos por Silas Malafaia

Conheça as mensagens de três líderes religiosos que acolhem gays em suas igrejas. E comente: o que sua religião tem a dizer aos homossexuais ofendidos pelo pastor?

Por Da Redação
Atualizado em 14 dez 2016, 12h00 - Publicado em 8 fev 2013, 23h20

Gays se ofenderam no primeiro domingo de fevereiro, durante a entrevista do pastor Silas Malafaia no programa De Frente com Gabi. “Se no pátio de minha igreja estiver um casal de homossexuais se beijando, e eu botar para fora, [posso pegar] de três a cinco anos de cadeia”, disse o psicólogo à jornalista Marília Gabriela. Silas fazia uma interpretação do Projeto de Lei da Câmara 122, que altera diversas leis para coibir as discriminações de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero.

Malafaia lidera a igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo – uma das dezenas de denominações evangélicas do país. Evangélico e protestante são palavras guarda-chuva, que dão nome a diversas igrejas. Esses grupos percebem-se  ligados uns aos outros por uma mesma tradição, mas seguem diferentes doutrinas, votam em partidos diferentes e têm atitudes diferentes. Por isso, existem igrejas onde gays são recebidos como qualquer fiel.

O Casa.com.br foi atrás delas. Mandamos uma mesma pergunta a vários líderes evangélicos: O que os protestantes têm a dizer aos homossexuais que se sentiram ofendidos pela entrevista do Pr. Silas Malafaia?

Também queremos saber sua opinião, leitor, qualquer que seja sua fé. O que você tem a dizer aos homossexuais ofendidos?

André Rocha – Relações Públicas da organização missionária Jovens com uma Missão

“Nós da JOCUM Sampa (organização cristã com 53 anos de existência e desde 1991 em São Paulo) fazemos parte de um movimento missionário e não temos restrição em relação a nenhuma classe da sociedade.

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Somos cristãos e um de nossos princípios é “fazer com que Deus seja conhecido por todos”. O que queremos fazer é que a sociedade, tão carente de amor, sinta esse amor de Jesus que excede todo o entendimento.

Todos os anos nós mobilizamos cristãos para irem à Parada GLBT para atuarmos com o que chamamos de “Promoção Humana” que consiste em auxiliar estrangeiros com tradução, localizar crianças que se perdem de seus pais na festa e encaminhá-las aos postos policiais, distribuir e conscientizar sobre o uso do preservativo e conduzir pessoas alcoolizadas aos postos de atendimento médico.

Sendo cristãos aprendemos a fazer como Jesus fez: hora estava ensinando na igreja, hora estava em festas partilhando do mesmo espaço com pessoas que eram excluídas pela sociedade, hora estava na casa de amigos, hora na casa de desconhecidos, etc. Ou seja, Jesus não fazia distinção de pessoas. E é dessa forma que temos tentado viver.”

 

Marcos Gladstone, Pastor da Igreja Cristã Contemporânea

Marcos Gladstone – Pastor da Igreja Cristã Contemporânea, sediada no Rio de Janeiro

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“Assistir a entrevista no “De frente com Gabi” nos faz perceber nitidamente o real motivo pelo qual o Senhor Jesus se sentia muito mais a vontade em comer uma singela refeição de pães e peixes com os pecadores do que se banquetear na presença dos religiosos.

Silas Malafaia é uma nova versão dos mesmos fariseus religiosos dos tempos de Jesus, aqueles que complicam a fé e entulham o caminho de acesso ao Pai.

Sinceramente se um pastor deveria conduzir pessoas ao caminho da Salvação creio que na entrevista é a jornalista Marília Gabriela que se investe desta direção nas palavras do Mestre que tem a seguinte máxima: “…E o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” (João 6, 37).

O pastor se coloca como detentor da medição da moral e dos bons costumes espirituais no que tange aos homoafetivos; o faz manipulado as Escrituras Sagradas, deturpando pesquisas, se apoiando em teorias superadas, adulterando ensinos da biologia, da genética, da psicologia…

Mas a si mesmo se veste de uma espécie de “imunidade eclesiástica” parecida com a dos parlamentares (só que para temas morais e espirituais) onde não é obrigado a se medir pela Palavra de Deus.

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O pastor gosta de usar a literalidade da Bíblia, ou seja, “aquilo que está escrito” mesmo se tiver a certeza de que houve, por exemplo, uma adulteração na palavra. É o caso do termo “depravado” (1 Coríntios 6,9) que foi transformado em “homossexual” e não consta dos originais das Escrituras Sagradas já que esta é uma palavra de criação recente (1869) e lá foi posta por algumas editoras bíblicas com único intuito de fomentar o preconceito.

Se o Malafaia segue com tanta literalidade a Bíblia, por que não faz o que Jesus disse ao jovem rico quando perguntado sobre o que era preciso para herdar a vida eterna? “E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.” (Marcos 10, 21).

Por fim, na qualidade de homoafetivo e pastor que acolhe os mesmos dentro da igreja testemunhando todos os dias o mal que estes fariseus dos nossos tempos fazem a este povo é com muita propriedade que posso dizer que Jesus não discutiu a aceitação de ninguém no campo da biologia, da genética, da psicologia, nem muito menos da religião… Jesus simplesmente se preocupava em remover a dor da falta de Deus em homens e mulheres que se achegavam para Ele e o fez isso muitas vezes passando por cima de toda uma tradição religiosa de sua época. Se o Senhor Jesus o fez por que não faremos?

Já para o Malafaia não há frase que se encaixe melhor senão as de Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando!” (Mateus 23, 13).”

 

Miguel Uchoa, Bispo da Diocese de Recife da Igreja Anglicana

Miguel Uchôa Cavalcanti – Bispo Diocesano da Diocese do Recife da Igreja Anglicana

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“A Igreja Anglicana é uma comunhão de mais de 80 milhões de pessoas. Em sua maioria é conservadora, o que chamamos de ortodoxa. Como em praticamente todas as denominações históricas. Presbiterianos, Batistas, congregacionais e mesmo Católicos Romanos, tem surgido grupos que discordam da posição oficial, que defendem uma teologia chamada de liberal. A Posição oficial da Igreja Anglicana está colocada na Conferência de Lambeth de 1998 e é a que segue:

Resolução I.10 Conferência de Lambeth 1998 sobre Sexualidade Humana

Esta Conferência:

Recomenda para a Igreja o relatório de subseção sobre a sexualidade humana

1. Devido ao ensino das Escrituras, apóia a fidelidade no matrimônio entre um homem e uma mulher em união vitalícia, e acredita que a abstinência é correta para aqueles que não são chamados a viver a vida matrimonial;

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2. Reconhece que há entre os seres humanos pessoas que têm uma orientação homossexual. Muitos destes são membros de igrejas e estão buscando o cuidado pastoral, e a direção moral da Igreja, e Deus em Seu poder está transformando suas vidas e ordenando suas relações. Nós nos comprometemos a escutar à experiência destas pessoas desejamos assegurar que elas sejam amadas por Deus

3. Enquanto rejeitamos a prática homossexual como incompatível com as Escrituras, conclamamos todos a ministrar pastoralmente e sensivelmente a todos independente de sua orientação sexual e condenamos o medo irracional de homossexuais, violência dentro do matrimônio e qualquer maneira trivial de tratar ou comercializar a sexualidade humana;

(e) Não podemos aconselhar, legitimar ou abençoar as uniões do mesmo sexo. Nem a ordenação destes que se envolvem neste tipo de união.;

(g) Denotamos …..a autoridade de Escritura em assuntos de matrimônio e sexualidade……

Sendo assim, os homossexuais terão acolhimento dentro de nossas igrejas, mas pela coerência com o que cremos nas Sagradas Escrituras e de acordo coma declaração acima no ponto 3. Serão aconselhados a buscar a direção moral da igreja. Reiteramos nosso posicionamento contra qualquer expressão do que se tem chamado de homofobia.”

Ordenamos as declarações colocando o nome dos religiosos que as assinam em ordem alfabética. Estamos procurando outros líderes e figuras de destaque no meio protestante que queiram dar declarações.

 

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