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Envolva-se na rede de construção solidária

Iniciativas da sociedade civil espalhadas por todo o país ajudam a concretizar o sonho da moradia própria e a melhorar a qualidade das casas existentes

Por Por Luciana Jardim Ilustrações: Ana Moraes
Atualizado em 20 dez 2016, 19h49 - Publicado em 20 jan 2011, 09h56
Um título para uma foto sem titulo

Ter uma casa é o grande sonho do brasileiro de qualquer classe social. Embora o país viva hoje um boom imobiliário iniciado em 2005, boa parte da população ainda não conquistou seu teto ou mora em espaços precários e superlotados. A premente necessidade por moradias dignas vem fortalecendo no país uma poderosa e inspiradora rede de construção solidária. Iniciativas lideradas por diversos setores da sociedade – ONGs, empresas, profissionais liberais e associações civis – visam contribuir com o poder público para melhorar os números do déficit de habitação e promover melhorias em residências de baixa qualidade.

Foi esse espírito de ajuda que norteou a construtora Goldsztein Cyrela, sediada em Porto Alegre, no desenvolvimento em 2002 do Programa Construção Solidária para atender seus funcionários. “Muitos moravam em condições precárias e decidimos reverter essa situação por meio de reformas ou da construção de uma nova residência”, conta o diretor financeiro Ricardo Sessegolo. Para se credenciar, o operário precisa estar no mínimo há dois anos na empresa, apresentar conduta exemplar, ter participado como voluntário do projeto, além de outros critérios. Ele tira cerca de 40 dias de férias e, com colegas voluntários trabalha em mutirão para erguer sua casa. Entre os parceiros também estão fornecedores que doam materiais. Em alguns casos, a Goldsztein Cyrela fornece novos móveis. Até hoje foram realizadas dezenas de reformas e 20 casas, erguidas do zero. O operador de guindaste Júlio César Ilha foi um dos beneficiados. “Quando chovia, entrava água onde eu morava, pois o telhado era fino. Conversei com o pessoal da empresa e, além de trocar as telhas, a construtora viu que minha casa precisava de reforma”, conta Júlio. Segundo Ricardo, além da satisfação de ajudar o próximo, os resultados para o empregador são claros e importantes, pois criam um comprometimento maior do funcionário com o trabalho.

Lançado em junho de 2010, o Clube da Reforma tem a proposta inicial de melhorar as condições habitacionais de 1 milhão de famílias de baixa renda. Fruto da parceria da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e da ONG Ashoka, a entidade

reúne em seu conselho consultivo representantes do governo federal, empresas, entidades

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de classe e organizações sociais. As ações incluem a troca de experiências entre os associados, as articulações de projetos conjuntos e a criação de um banco de dados com

informações sobre iniciativas de melhorias habitacionais que podem ser multiplicadas. “A ideia é construir um vínculo com as diversas ações em curso no país para que essa rede aumente sua capacidade coletiva de transformação”, explica Valter Frigieri, gerente nacional

de desenvolvimento de mercado da ABCP. Uma das empresas participantes do clube é a Tigre, fabricante de tubos e conexões, que criou em 2006 a Escola Volante Tigre (Tigrão). Dentro da carreta, preparada para abrigar uma pequena escola, acontecem aulas gratuitas de aperfeiçoamento de instalações hidráulicas prediais ministradas por técnicos da companhia. O objetivo é capacitar desempregados da construção civil, como instaladores hidráulicos, eletricistas, pedreiros e jovens a partir de 16 anos. Ao percorrer todo o país, a Tigre forma cerca de 8 mil pessoas por ano.

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Adesões à causa

Profissionais da área de arquitetura e decoração tambem se mobilizam com o intuito de minimizar os problemas das habitações precárias.

Ao se mudar para São Paulo, em 2000, a designer de interiores mineira Bianka Mugnatto ficou incomodada com a gritante diferença social exposta nas ruas da cidade. Ela começou a participar de trabalhos voluntários, dando aulas de reciclagem de materiais em ONGs, como o Projeto Arrastão. Com essa experiência, Bianka também passou a doar o material excedente das mostras de decoração e das obras residenciais e comerciais que coordenava. “Converso com os clientes e fornecedores e muitos me dão o que sobra. Assim, levo tacos de madeira, portas, revestimentos cerâmicos e telhas para algumas instituições. É importante centralizar o material em associações de bairro, centros de capacitação e ONGs, que conhecem as necessidades da comunidade, destinando os produtos de maneira eficaz”, diz.

O designer Marcelo Rosenbaum, de São Paulo, capitaneou outra ação coletiva que, segundo ele, “foge do assistencialismo, pois dá autonomia e liberdade às pessoas para prosseguirem com os projetos”. Com o objetivo de usar as cores para despertar a criatividade e transformar uma comunidade, o programa A Gente Transforma é uma parceria com as ONGs Casa do Zezinho e Instituto Elos (criada por arquitetos em Santos, SP, essa entidade mobiliza diferentes setores para o trabalho cooperativo). A primeira edição da iniciativa, que será replicada em outras cidades do Brasil, aconteceu em julho de 2010, no Parque Santo Antônio, zona sul paulistana. Ali, mais de 60 casas em torno de um campo de futebol, também recuperado pelo projeto, foram pintadas pelos moradores e vizinhos com tinta fornecida pela Suvinil. A empresa ensinou 150 pessoas da região a pintar paredes, muros e tetos, incentivando a profissionalização como pintores. “Essa ação propõe a transformação social da comunidade por meio da inclusão, da arte, da educação e da mudança do espaço”, ressalta Marcelo, um dos milhares de exemplos de pessoas que, a cada dia, fortalecem a rede de solidariedade em nosso país.

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Você pode ajudar

Se sobrou material da reforma ou construção de sua casa e você deseja doá-lo, entre em contato com as instituições abaixo:

Associação Cidade Escola Aprendiz Aceita tinta, pastilhas de vidro e de cerâmica e tacos que são reutilizados como material artístico para reurbanização de espaços públicos. Tel. (11) 3819-9226, São Paulo.

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Habitat para Humanidade Recebe portas, janelas, telhas, tintas, pisos e metais para melhorias de moradias em comunidades carentes. Tel. (11) 5084-0012, São Paulo.

Instituto Elos

Acolhe tinta, pincéis, lixas, revestimentos cerâmicos, rejunte, tábuas de madeira, parafusos, pregos. Tel. (13) 3326-4472, Santos, SP.

Um Teto para Meu País

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Aceita chapas de pínus, telha de fibrocimento, ferramentas, dobradiças, pregos, parafusos etc. para a construção de casas. Tel. (11) 3675-3287, São Paulo.

 

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