Edward Hoffman: hora de demonstrar amizade
Edward Hoffman, Ph.D., é professor de psicologia na Yeshiva University, em Nova York, e autor de A Sabedoria de Carl Jung.
Um antigo provérbio da cabala diz: “Amigos na vida terrena são almas que um dia se encontraram no paraíso”. Verdade. Mas a amizade carrega consigo também uma bênção às avessas, pois quando um amigo íntimo sofre, nós também sentimos dor. É quase impossível não se deixar afetar quando um amigo termina um relacionamento amoroso, enfrenta um problema de saúde, o desemprego. A mesma coisa acontece quando um membro da família passa por alguma desventura. Como observou o psicólogo americano Abraham Maslow: “Amar os familiares e amigos significa que inevitavelmente sofreremos toda a dor deles, além da nossa própria”. Todavia, Maslow sabiamente adicionou: “É um privilégio nutrir tais relacionamentos, e infinitamente melhor do que ser sozinho nessa vida”. Essa é uma atitude vital, especialmente porque nos permite responder positivamente aos infortúnios dos nossos amigos em vez de nos sentirmos sobrecarregados. Considerando que sentir-se útil é um privilégio, como se comportar quando um amigo precisa de ajuda? De acordo com a minha experiência terapêutica, aqui estão cinco sugestões que compartilho com vocês:
1. Tome a iniciativa. Amizade verdadeira envolve tanto passividade como atividade, mas quando seu amigo estiver emocionalmente mal, essa não é hora para ser passivo. Assim que ouvir as más notícias – mesmo via terceiros – responda. Não fique esperando o contato dele, que pode estar muito abalado ou triste para falar com alguém.
2. Não se preocupe em “dizer a coisa errada”. Ficar quieto e não dizer nada é muito pior. Meu pai sofreu um ataque cardíaco à beira dos 50 anos. Depois disso, recordou com amargura – e por décadas – dos colegas que nunca o visitaram enquanto se recuperava. Em compensação, nunca se sentiu chateado com bobagens que por vezes amigos lhe diziam. Regra geral, o tom da voz e a linguagem corporal importam mais do que as palavras proferidas.
3. Não fique adivinhando os fatos. Dizer para um amigo que acabou de ser diagnosticado com câncer “que bom que está na fase inicial” é apropriado apenas se você tivesse certeza de que isso é verdade. Se não for, seu comentário poderá ser danoso em vez de tranquilizador. Não se sinta envergonhado de pedir mais informação, desde que seja com cuidado e carinho.
4. Evite comentários do tipo “tudo acontece por algum motivo”. Podem ser bem-intencionados, mas é pouco provável que seu amigo irá achá-lo útil ou encorajador. Bem melhor seria oferecer seu ouvido e reafirmar: “Estarei aqui quando você quiser conversar”. Oferecer apoio emocional – ou até mesmo chorar junto – vale muito mais do que comentários vazios.
5. Vá devagar quando se tratar de resolver problemas. Se o relacionamento amoroso de um amigo chegou ao fim, deixe que os sentimentos de mágoa dele venham à tona e sejam digeridos antes de oferecer algum conselho. Se ele perdeu o emprego, responda às emoções que surgem antes de sugerir um plano de ação. Embora seja desafiador ajudar um amigo em momentos de dificuldade, sua conduta pode fazer uma grande diferença e ser lembrada em tempos de alegria.