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Edward Hoffman: hora de demonstrar amizade

Edward Hoffman, Ph.D., é professor de psicologia na Yeshiva University, em Nova York, e autor de A Sabedoria de Carl Jung.

Por Texto: Edward Hoffman
Atualizado em 14 dez 2016, 11h55 - Publicado em 18 nov 2013, 19h02
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Um antigo provérbio da cabala diz: “Amigos na vida terrena são almas que um dia se encontraram no paraíso”. Verdade. Mas a amizade carrega consigo também uma bênção às avessas, pois quando um amigo íntimo sofre, nós também sentimos dor. É quase impossível não se deixar afetar quando um amigo termina um relacionamento amoroso, enfrenta um problema de saúde, o desemprego. A mesma coisa acontece quando um membro da família passa por alguma desventura. Como observou o psicólogo americano Abraham Maslow: “Amar os familiares e amigos significa que inevitavelmente sofreremos toda a dor deles, além da nossa própria”. Todavia, Maslow sabiamente adicionou: “É um privilégio nutrir tais relacionamentos, e infinitamente melhor do que ser sozinho nessa vida”. Essa é uma atitude vital, especialmente porque nos permite responder positivamente aos infortúnios dos nossos amigos em vez de nos sentirmos sobrecarregados. Considerando que sentir-se útil é um privilégio, como se comportar quando um amigo precisa de ajuda? De acordo com a minha experiência terapêutica, aqui estão cinco sugestões que compartilho com vocês:

1. Tome a iniciativa. Amizade verdadeira envolve tanto passividade como atividade, mas quando seu amigo estiver emocionalmente mal, essa não é hora para ser passivo. Assim que ouvir as más notícias – mesmo via terceiros – responda. Não fique esperando o contato dele, que pode estar muito abalado ou triste para falar com alguém.

2. Não se preocupe em “dizer a coisa errada”. Ficar quieto e não dizer nada é muito pior. Meu pai sofreu um ataque cardíaco à beira dos 50 anos. Depois disso, recordou com amargura – e por décadas – dos colegas que nunca o visitaram enquanto se recuperava. Em compensação, nunca se sentiu chateado com bobagens que por vezes amigos lhe diziam. Regra geral, o tom da voz e a linguagem corporal importam mais do que as palavras proferidas.

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3. Não fique adivinhando os fatos. Dizer para um amigo que acabou de ser diagnosticado com câncer “que bom que está na fase inicial” é apropriado apenas se você tivesse certeza de que isso é verdade. Se não for, seu comentário poderá ser danoso em vez de tranquilizador. Não se sinta envergonhado de pedir mais informação, desde que seja com cuidado e carinho.

4. Evite comentários do tipo “tudo acontece por algum motivo”. Podem ser bem-intencionados, mas é pouco provável que seu amigo irá achá-lo útil ou encorajador. Bem melhor seria oferecer seu ouvido e reafirmar: “Estarei aqui quando você quiser conversar”. Oferecer apoio emocional – ou até mesmo chorar junto – vale muito mais do que comentários vazios.

5. Vá devagar quando se tratar de resolver problemas. Se o relacionamento amoroso de um amigo chegou ao fim, deixe que os sentimentos de mágoa dele venham à tona e sejam digeridos antes de oferecer algum conselho. Se ele perdeu o emprego, responda às emoções que surgem antes de sugerir um plano de ação. Embora seja desafiador ajudar um amigo em momentos de dificuldade, sua conduta pode fazer uma grande diferença e ser lembrada em tempos de alegria.

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