Instituto Tomie Ohtake inaugura programa expositivo “Diásporas asiáticas”
Composto por três exposições e um programa público com encontros, oficinas e debate, evento abre ao público no sábado, dia 02 de março
Com abertura no dia 2 de março no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, o programa expositivo Diásporas asiáticas compreende três mostras, sendo duas individuais dos artistas Chen Kong Fang (Tung Cheng, China, 1931 – São Paulo, SP, 2012) e Hee Sub Ahn (Seul, Coreia do Sul, 1940), e uma terceira mostra coletiva, que apresenta trabalhos dos ceramistas nipo-brasileiros como Akinori Nakatani, Alberto Cidraes, Hideko Honma, Katsuko Nakano, Kenjiro Ikoma, Kimi Nii, Kimiko Suenaga, Luciane Sakurada, Marcelo Tokai, Mário Konishi, Megumi Yuasa, Mieko Ukeseki, Renata Amaral, Shoko Suzuki e Tomie Ohtake. Ao lado das obras dos ceramistas, haicais do artista Kenichi Kaneko são dedicados a cada um dos ceramistas reunidos.
A presença de Tomie Ohtake se dá por uma parte do folder que acompanha a exposição – cujo acesso pode se dar por QR CODE – ser dedicada a suas obras públicas e a sua presença na cidade de São Paulo. A publicação conta ainda com textos inéditos dos curadores das mostras sobre os artistas e os universos retratados nas mostras e ainda com um texto comissionado de Lais Miwa, pesquisadora que vem se destacando no debate acerca da presença e da visibilidade da população asiática no contexto brasileiro.
Como aponta o diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, em um espaço cultural que recebe o nome de Tomie Ohtake, pensar as diásporas asiáticas é uma tarefa inevitável. Os numerosos conflitos, crises, invenções, revoluções e guerras ao longo do século XX foram determinantes tanto para a diáspora de importantes parcelas da população asiática quanto para o afluxo de imigrantes de diversas partes do mundo ao Brasil – tendo o estado de São Paulo como um destino comum para muitos fluxos diaspóricos devido a suas dinâmicas econômicas e sociais. “É um processo conflituoso, com perdas e trocas que atravessam as gerações e são definidas pela constante transformação”, completa Miyada.
Conheça um pouco sobre cada mostra:
Chen Kong Fang — O refúgio
Com curadoria de Paulo Miyada e Yudi Rafael, a mostra se debruça sobre a carreira e a obra do artista chinês que construiu sua vida no Brasil, desenvolvendo a sua prática pictórica no cenário artístico paulistano por cerca de cinco décadas. A exposição, primeira retrospectiva do artista em uma instituição brasileira, reúne um conjunto de mais de cem obras, entre pinturas a óleo e sumi-ês produzidos entre o final dos anos 1940 e o início da última década.
Segundo os curadores, em vez de um partido cronológico organizado em fases sucessivas, a mostra enfatiza como o artista, que concebia a pintura como um caminho, fez de seu labor uma lida constante com gêneros pictóricos consolidados. “Tomando partido da reabertura experimental pelas vanguardas modernas, Fang imprimiu sua dicção própria nas ideias de retrato, paisagem e natureza morta”, completam.
A exposição Hee Sub Ahn — O caminho
Com curadoria de Catalina Bergues e Julia Cavazzini, exibe pela primeira vez o trabalho da artista sul-coreana em um contexto institucional. A partir dos mais de 50 anos de criação intensa, foi selecionado um recorte das obras produzidas principalmente na década de 1980, poucos anos após sua chegada ao Brasil. Segundo as curadoras, a produção de Hee é atravessada pelas memórias do lugar de origem e pela nova comunidade aqui construída no bairro do Bom Retiro (SP), no qual a artista ocupa papel central. “A disciplinada e rotineira criação artística de Hee se torna um íntimo ritual de dar significado ao que percebe em seu entorno”, destacam Bergues e Cavazzini.
Já Tocar a terra — Cerâmica contemporânea nipo-brasileira
Com curadoria de Rachel Hoshino, curadora convidada, e que conta com assistência de Ana Roman, a mostra elege a cerâmica para tratar do tema diáspora japonesa – “por ser ela, simultaneamente, matéria e metáfora: o terreno no qual se aporta, se planta e se habita é a terra tocada com arte pelo ethos nipônico”, explica a curadoria. São obras de 15 artistas baseados no estado de São Paulo cujas atividades, pesquisas e repertórios são influenciados pelas tradições do Japão, independentemente de sua ascendência.
Segundo as curadoras, para além de forma e símbolo, é a experiência de energia latente que faz com que sementes e brotos sejam temas recorrentes em suas obras. “Muitas delas são deixadas em ambiente natural, onde continuam sua metamorfose, sob os efeitos de intempéries e da ocupação por outros seres”, explicam. Disso, ressalta Hoshino, resulta a outro importante conceito nipônico: “wabi-sabi” (侘び寂び), ideal estético-filosófico segundo o qual o belo reside no imperfeito, no impermanente e no incompleto. “A plasticidade da argila, o respeito pelo tempo e a consciência da interdependência entre tudo fazem com que a cerâmica seja prática favorável ao diálogo do ceramista com a sua história, seu entorno e consigo próprio”, completa Hoshino.
Serviço – Programa Diásporas asiáticas
Abertura: 02 de março, às 11h. Em cartaz até 26 de maio de 2024
De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake – Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) – Pinheiros (SP)
Fone: 11 2245 1900