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Warka Water: vila remota na África ganha abrigo contra inundações

A estrutura criada por Arturo Vittori usa antigas tradições locais de trabalho com bambu e outros materiais naturais para promover uma vida melhor à vila

Por Yara Guerra
Atualizado em 17 fev 2020, 16h05 - Publicado em 30 Maio 2019, 15h52
“Warka House”, construída para a comunidade Pygmy, que vive em uma província ao sul de Camarões. (Divulgação/Casa.com.br)

A comunidade Pygmee Bagyeli, da vila Mvoungangomi (sul de Camarões), vive o que a maioria de nós só vê em filme: a cerca de 40 quilômetros de canoa da cidade portuária de kribi, o acesso à aldeia se dá com uma caminhada adicional de meia hora pela mata fechada da floresta tropical. As estradas não existem, o que complica o transporte e a comunicação. E, para completar, a vila sofre de inundações nas temporadas de chuva.

(Divulgação/Casa.com.br)

Mvoungangomi é habitada por caçadores-coletores da floresta, cada um com seu respectivo papel dentro da comunidade, que é composta, em média, por 30 pessoas – 100 no máximo. O grupo, que toma decisões sempre por consenso, estabelece acampamentos temporários feitos por cabanas de galhos e folhas.

Enquanto os homens caçam na floresta circundante a partir de conhecimentos e técnicas locais, as mulheres ficam responsáveis pelo cultivo de plantas e pela pesca de represa, removendo a água de uma área represada e recolhendo o peixe do leito do rio exposto. Às crianças e aos adolescentes cabe a vigia dos bebês.

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(Divulgação/Casa.com.br)

Um abrigo comunal simples é o acampamento principal dos aldeões. Em tempos de chuva, a água é coletada em bacias e baldes para manter o chão seco; já durante a temporada de seca, é comum que o grupo se mova e monte o acampamento dentro da floresta.

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Apesar da lógica comunitária bem estabelecida, a vila sofre intensamente com alguns problemas. Eles foram espremidos entre as áreas de conservação e terras entregues a empresas para exploração; enfrentam problemas de saúde devido aos mosquitos das plantações; e encaram baixas na nutrição, por causa do acesso comprometido aos alimentos de sua dieta tradicional.

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Além disso, para obter água potável, é necessário caminhar através da floresta até o rio com a ameaça eminente de ataques de crocodilo. A qualidade dessa água é imprevisível e seu armazenamento (em vasos ou baldes abertos) também traz problemas.

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Buscando prover água potável, higiene e saneamento adequados a Mvoungangomi, Arturo Vittori, fundador da ONG Warka Water e vencedor do The Design Prize 2019 de impacto social, estabeleceu o seu último trabalho: a Warka House.

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Trata-se de um abrigo substancialmente melhor do que aqueles que a comunidade já usava, com um piso isolado e teto adequado, evitando que a água da chuva pingue dentro. A estrutura é construída usando antigas tradições locais de trabalho com bambu e outros materiais naturais.

Teto da Warka House, feito a partir de folhas tecidas que impedem a entrada de água. (Divulgação/Casa.com.br)

 

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Outra solução que a iniciativa trouxe foi a de prover banheiros. Inexistentes até então, os aldeões usavam a floresta “quando a natureza chamava”, o que aumentava os riscos à saúde. Com a Warka House, esse problema foi resolvido.

O vaso Warka é projetado a partir de materiais simples e sustentáveis da região  terra, folhas de palmeira e madeira  e construídos com técnicas locais. Dois lados separados fornecem instalações para homens e mulheres.

(Divulgação/Casa.com.br)

Resíduos líquidos e sólidos são separados e, em vez de lavar a estrutura, o solo é adicionado ao buraco para que o excremento seque mais rapidamente. Uma vez que o resíduo sólido está seco, o estrume resultante se torna um fertilizante natural para o solo.

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Pygmee Bagyeli ganhou, desta forma, uma alternativa aos abrigos de pouca infra-estrutura que usava antes, e agora conta com aparatos que garantem um maior saneamento, segurança e higiene.

Para contribuir com o projeto e apoiar a missão do Warka Water, clique aqui.

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