Refúgio no interior paulista se alinha com a paisagem
Erguida na região de São Francisco Xavier, esta casa adotou materiais simples e soluções engenhosas e cede o destaque para o verde ao seu redor
Por Texto Lara Muniz | Produção Deborah Apsan
Atualizado em 9 set 2021, 14h07 - Publicado em 8 fev 2016, 09h00
Refúgio no interior paulista se dilui na natureza
(Foto: Cacá Bratke/)
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Aqui, as manhãs começam devagar. Os que levantam cedo têm o privilégio de ver o sol entrar sem cerimônia através das amplas portas de vidro da sala. Um cafezinho passado na hora se encarrega de acordar os dorminhocos, e todos aproveitam o dia cercados pelo belo cenário. “A planta favorece a convivência. Além de revelar os melhores panoramas apenas na área social, ela não é grande o suficiente para alguém se isolar”, conta o arquiteto Denis Joelsons, autor do projeto com Daniela Baraúna Uchida, filha dos proprietários.
A casa, pronta em cerca de um ano, pegou o lugar de um antigo chalé de madeira pré-fabricado, cuja estrutura de 16 m² foi comprometida com o passar dos anos. “Desmontamos tudo e guardamos a madeira. Pensamos em reutilizar a matéria-prima na construção de um mirante”, planeja Gabriela. Difícil será decidir a localização do tablado: para onde se olha, a vista é de cartão-postal. As montanhas do Vale do Paraíba dividem os suspiros com a Pedra da Anta, atração em território mineiro visível no horizonte.
Por ora, todas as atenções se voltam para os pequenos caprichos dedicados ao novo refúgio. A calha que recolhe a chuva, por exemplo, foi direcionada para desaguar bem em cima da pedra junto à entrada. “Com o tempo, o limo vai tomar conta da rocha, criando desenhos bonitos”, imagina Gabriela, que carrega no DNA a típica paciência oriental. O ritmo do relógio também favorecerá o crescimento do fícus, cuja sombra refrescará a chegada dos visitantes, e terá o mesmo efeito sobre a goiabeira localizada atrás da lareira, que já perfuma o platô nos primeiros meses do ano, época da fruta. Motivos não faltam para visitas constantes ao endereço escondido, mas cheio de surpresas e atrativos.
1/13 A construção encaixa-se na encosta, deixando área plana livre para a convivência a céu aberto. Note que o telhado segue a inclinação da montanha, capricho planejado ainda na avaliação do terreno. (Foto: Cacá Bratke)
2/13 De manhã, o sol entra pela sala. Protegidos pela inclinação do terreno, os quartos não sofrem com o calor do m da tarde. A fachada sul, mais fria, abriga a lareira. (Foto: Cacá Bratke)
3/13 Sala e cozinha usam placas cerâmicas rústicas no piso (Del Favero). (Foto: Cacá Bratke)
4/13 Referências à tradição japonesa surgem nas largas folhas de correr, que tomam lâminas de assoalho como matéria-prima. (Foto: Cacá Bratke)
5/13 Detalhe das aberturas pensadas pelos arquitetos para favorecer a circulação do ar. (Foto: Cacá Bratke)
6/13 Sobras deram origem a pequenas aberturas pivotantes sobre os trilhos, que refrescam os dormitórios. (Foto: Cacá Bratke)
7/13 A vista lateral das montanhas também merece moldura. Aqui, a porta de acesso ao dormitório, partida em duas, acumula a função de janela. (Foto: Cacá Bratke)
8/13 Utilizado no piso e nos fechamentos, o ipê traz acolhimento para os ambientes de dormir. (Foto: Cacá Bratke)
9/13 Instalações elétricas e hidráulicas estão embutidas nos blocos cerâmicos gigantes (Selecta Soluções em Blocos) e subiram junto com as paredes – cuidado necessário para manter a integridade das peças, deixadas aparentes e em sua versão crua. (Foto: Cacá Bratke)
10/13 A casa de fim de semana divide-se em dois setores. A parte social fica embaixo, ao lado do platô. Seguindo o aclive do terreno, os três quartos se alinham no patamar superior, sendo que os dois das pontas possuem acesso independente. (Foto: Cacá Bratke)
11/13 Graças ao acesso pelo meio-nível, os visitantes se surpreendem com a dimensão da casa, que parece menor vista de fora. A ausência de forro expõe o verso das telhas (Ananda Metais). “Optamos por uma cozinha bem enxuta, quase frugal. A diversão aqui é a convivência” - Gabriela Baraúna Uchida, arquiteta. (Foto: Cacá Bratke)
12/13 Ele ocupa um nicho de frente para a escada, planejado para receber a marcenaria. (Foto: Cacá Bratke)
13/13 Desenhados com medidas-padrão e encomendados a um marceneiro, os caixilhos de madeira saíram mais em conta do que se tivessem sido comprados prontos. A cobertura usa telhas metálicas tipo sanduíche com recheio de poliuretano. (Foto: Cacá Bratke)