Natureza e arquitetura se unem nesta morada na África do Sul

Aqui, a aventura passa longe dos clichês sobre o continente. Ela envolve o projeto desta casa de praia, hábil em capturar o visual estonteante e a natureza singular de uma península no vilarejo de Rooi Els, numa grande baía próxima da Cidade do Cabo

Por Texto Joana L. Baracuhy e Vanessa Mcculloch | Visual Sven Alberding/Bureaux.co.za
Atualizado em 9 set 2021, 14h06 - Publicado em 12 fev 2016, 09h07
Vista para as montanhas
Sala, quartos, cozinha e varanda se alinham num único patamar, ideal para o lazer. Um pouco mais abaixo fica a piscina, também ladeada de um amplo deck de balau, madeira resistente ao tempo. No ponto mais alto, a construção se eleva a 3,50 m do solo.  (Foto: Warren Heath/ Bureaux.co.za/)
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Natureza é assunto sério em Rooi Els, comunidade na Baía Falsa, a cerca de 70 km da Cidade do Cabo. Verdade que esse litoral da África do Sul se tornou famoso pela dramática beleza da paisagem, mas, especificamente na cidadezinha localizada entre o mar, um parque ecológico e uma cenográfica cadeia de montanhas, o tema orienta a vida das pessoas. Ali, moradores e frequentadores se esmeram em conservar a riqueza da fauna e das fores nativas (dizem que, na reserva vizinha de Kogelberg, a diversidade de espécies supera a da floresta tropical) e aproveitam os ventos constantes e a ondulação perfeita para o surfe, além de se fartar de pescado. 

Por isso, quando o futuro proprietário desta casa se reuniu pela primeira vez com o amigo e arquiteto George Elphick, tratou de descrever a relaxada atmosfera do lugar, que desejava ver traduzida numa construção com o mesmo espírito. À conversa inicial

se seguiram quatro anos de detalhamento e obra, período em que o refúgio assumiu contornos definidos e materiais sólidos e se despiu do que parecia desnecessário num local em que o entorno já oferecia quase tudo. Assim surgiram a estrutura de aço, fincada no solo arenoso; a cobertura curva como uma banana, que permite avistar a cordilheira; e as divisórias de vidro nas quatro faces. Para um resultado ainda mais plácido (o dono viveu no Japão, de onde trouxe o gosto pelos tatames e painéis de papel), os interiores ganharam enormes portas de correr e muita madeira, que se expande rumo ao exterior por meio dos amplos decks.

O toque final coube às engenhosas venezianas motorizadas. Quando abertas, elas basculam 90 graus para dar acesso à vista e filtrar o sol, enquanto, abaixadas e trancadas, oferecem segurança. Motivo de orgulho, a solução envolveu o trabalho de um especialista em mecanismos para cinema e arrematou o pedido do cliente, interessado em acompanhar de perto os ciclos da luz e dos ventos, o passar dos dias e das estações. Do terraço com os amigos ou mesmo da cama, agora ele contempla todas as situações: o pôr do sol na serra, a chegada das baleias-francas e a ininterrupta arrebentação.

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“O melhor do projeto é o intangível, o espaço mais do que as coisas. Gosto particularmente quando a casa está toda aberta, com as venezianas escondidas”, George Elphick, arquiteto. 

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