Foram oito anos de experiências até que a Casa Aqua se materializasse neste modelo de residência erguido e mantido sem desperdícios. Confira a seguir os detalhes da proposta
Por Por Lara Muniz (texto) | Projeto e ilustrações: Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura
Atualizado em 9 set 2021, 13h59 - Publicado em 5 jul 2016, 21h30
Construção pode ser desmontada e levada para novo endereço. Ao fim da Casa Cor São Paulo, mostra onde está instalada, ela será vendida para seu primeiro morador.
Foto: André Pinheiro/
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Uma casa capaz de gerar tantos créditos de carbono quanto uma floresta de 500 m² está montada em plena Casa Cor São Paulo, em cartaz até 10 de julho no Jockey Club. O projeto – que também pode ser chamado de produto – foi idealizado pela Inovatech Engenharia, consultoria especializada no desenvolvimento de estratégias sustentáveis para a construção civil. “Nossa intenção é provar que existe uma maneira interessante de conciliar ecologia e moradia de forma a popularizar conceitos ainda aparentemente distantes para o público não especializado no assunto”, conta Luiz Henrique Ferreira, diretor da empresa. A proposta é resultado de oito anos de estudo do escritório paulistano Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura e reúne em 50 m² uma série de soluções focadas na mais pura inteligência construtiva.
“O sistema foi pensado para eliminar qualquer descarte ou entulho na obra. Todos os componentes são reutilizáveis ou recicláveis, e a residência pode ser movida de um lugar para outro quando houver necessidade”, detalha o arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb, um dos responsáveis pela inovação. Autônomo na produção de energia elétrica, o abrigo toma partido de um esquema modular, viabilizando futuras ampliações. Podemos chamar de casa pré-fabricada? “Sem dúvida. O protótipo custou cerca de R$ 400 mil. Se houver fabricação em escala, esse valor tem chances de cair”, avalia Rodrigo.
Do led à estação meteorológica sincronizada com a automação, casa se vira sozinha
Se resumir em 50 m² todas as boas ideias que podem ser aplicadas na construção civil residencial já era um desafio, imagine a dedicação necessária para abraçar essa causa e ainda torná-la portátil. “Num projeto como esse, gastar tempo na etapa de planejamento equivale a poupar dores de cabeça na hora da montagem. Quanto mais detalhadas as peças forem para a execução, mais exato fica o resultado”, explica o arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb. Os cuidados são incontáveis. Um bom exemplo é a miniestação meteorológica instalada sobre a cozinha. Discreta, ela conversa com o sistema de automação e alerta quando há necessidade de regar as plantas do jardim com a água captada da chuva e armazenada nas cisternas suspensas. Tudo está sincrozinado e atende às demandas locais da melhor forma, como uma casa inteligente deve ser capaz de fazer.
1/6 Construção pode ser desmontada e levada para novo endereço. Ao fim da Casa Cor São Paulo, mostra onde está instalada, ela será vendida para seu primeiro morador. (Foto: André Pinheiro)
2/6 Olho nos detalhes: 1. Sintetizada a partir de embalagens descartadas e resíduos de celulose, a matéria-prima das escadas e do deck externo é a madeira plástica (Allpex), de fácil manutenção. 2. Telhas metálicas do tipo sanduíche, com propriedades termoacústicas, cobrem a parte principal da casa. Sobre elas, placas coletoras captam energia solar para aquecer a água. 3. Reaproveitar a água da chuva foi uma das primeiras decisões do projeto. As cisternas da Waterbox dão conta de armazenar o volume para uso não potável. 4. A turbina instalada no jardim gera eletricidade para os usos domésticos e para a estação criada especialmente para abastecer carros elétricos. 5. Os módulos das áreas molhadas – cozinha e banheiro – chegam prontos para serem conectados à rede hidráulica. 6. As medidas necessárias à circulação segura e confortável de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida foram obedecidas. O cuidado se repete internamente, entre a mobília. (Projeto e ilustrações: Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura)
3/6 Por dentro, a casa dispõe de conforto com verve ecológica: o concreto dá estabilidade térmica e evita condicionadores de ar. No piso, réguas vinílicas de encaixe (Duratex) dispensam cola na instalação. (Foto: André Pinheiro)
4/6 1.A estrutura das áreas molhadas foi desenvolvida pela Tecnobagno, especializada em pré-fabricados feitos com steel frame, concreto armado e drywall. 2. Para criar um colchão de ar que promova conforto témico e acústico, fachadas ventiladas de material cimentício (Solarium) dão acabamento ao lado externo do módulo. 3. Esquadrias de PVC da EBL cuidam da vedação da casa. 4. Jardins autoirrigáveis da (TecGarden, da Remaster) servem de base para as plantas sobre a cobertura da cozinha e do banheiro. 5. Também modulares, as cisternas plásticas armazenam a água coletada da chuva, destinada depois à rega das plantas e à limpeza do deck, por exemplo. (Projeto e ilustrações: Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura)
5/6 1.Detalhadas ainda na fase de projeto, as placas de concreto da Kronan chegam ao canteiro já prontas e são içadas a seus locais definitivos com a ajuda de um guindaste de pequeno porte. 2.Fachadas ventiladas derivadas do porcelanato com tecnologia Cleantec (Eliane Técnica), capaz de purificar o ar graças a um sistema semelhante à fotossíntese, finalizam o fechamento dos módulos secos. 3. As mesmas esquadrias de PVC da EBL são utilizadas aqui. 4. O vão interno é vencido com lajes de concreto leves, cobertas depois com telhas termoacústicas e placas solares. (Projeto e ilustrações: Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura)
6/6 1. Distribuição prática: a passarela central setoriza a área social à direita, mantendo quarto e banheiro à esquerda. Nos fundos, há o deck com jardim. área: 50m²; Projeto: Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura; Sistema construtivo: Kronan; Módulos de cozinha e banheiro: Tecnobanho; Automação: AZ Energy; Esquadrias de PVC: EBL; Iluminação: Brilia; Paisagismo: Daniela Sedo; Sistema de irrigação: Regatec; Jardim suspenso: Tec Garden; Coleta pluvial: Acquasave e Bellacalha. (Projeto e ilustrações: Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura)