Inteira de concreto, casa de férias se destaca na paisagem

Postada no alto de um monte e dotada de um amplo belvedere, o refúgio sugere um feito: nas montanhas de Campos do Jordão, SP, a pureza do ar inspira a mais elevada arquitetura

Por Por Deborah Apsan (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) | Projeto ABPA/ Andre Becker Pennewaert
Atualizado em 9 set 2021, 13h59 - Publicado em 20 jun 2016, 19h40
De concreto, casa de férias se destaca na paisagem
O arquiteto posicionou o refúgio a 90 graus, na borda de um platô desenhado na obra, para garantir privacidade, acesso fácil (a rua fica logo atrás), boa insolação e a melhor vista do vale à frente. Um profissional da região, experiente em terraplenagem, trouxe terra dos fundos para a frente do lote, até o nível desejado.  (Foto: Victor Affaro/)
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Com clima agradavelmente frio, seco, e níveis terapêuticos de oxigênio e ozônio no ar, Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, atrai visitantes desde o século XIX. A estância climática a cerca de 1 600 m de altitude exibe cenário de cartão-postal, marcado por picos e espinhaços e, naturalmente, se firmou como um destino turístico de inverno.

Na história do proprietário deste refúgio, um detalhe a mais interferiu na escolha do lugar perfeito para curtir as férias em baixas temperaturas. Para ficar perto de amigos que haviam se estabelecido nos arredores, o jovem executivo comprou o terreno com 65 m de frente num condomínio onde boa parte da vegetação nativa manteve-se preservada e todos os lotes ostentam uma pequena floresta. Na área eleita por ele, não só existia mata adiante como também nas laterais, ao redor de um trecho central limpo mas acidentado. O visual, as companhias e o frio estavam garantidos. Restava apenas a pergunta: como construir ali?

Conhecido de longa data do cliente, o arquiteto Andre Becker Pennewaert, de São Paulo, topou o desafio. Estudou o caso até chegar à primeira decisão impactante para o projeto, a implantação. Juntos, os moços optaram por localizar a edificação na clareira existente, medida viável desde que alguma movimentação de terra fosse realizada. Ao planejar a distribuição dos espaços, Andre previu que a casa seria vedada nos fundos, onde há construções mais altas, e vazada na frente, diante da vista. “A proposta era integrar, mas, por se tratar de uma região de frio, eu precisava encontrar o equilíbrio entre aberto e fechado, transparência e aconchego”, resume. Atendendo a uma vontade expressa do dono, ficou definido que o corpo seria todo de concreto moldado no local. O arquiteto ainda imaginou o conjunto com três blocos robustos arrematados embaixo por vidro e, em cima, por madeira, em busca de viabilidade e de um certo apelo escultórico. A partir daí, era preciso pôr a mão na massa.

Um empreiteiro conhecido pelo capricho em obras do gênero foi contratado e se revelou um ótimo aliado. “Essa técnica, em que o cimento compõe ao mesmo tempo a estrutura e o revestimento, e as paredes são moldadas com fôrmas e em etapas, não aceita improviso”, explica Andre, imbuído também do acompanhamento dos trabalhos. Um ano e meio depois, quando o serviço estava perto de terminar, uma surpresa garantiu a inspiração final. O cliente encomendou uma capela, prontamente viabilizada pelo profissional. “Procurei inspiração em exemplares minimalistas e busquei sintonia com a construção principal. O meu desenho mais simples se revelou o mais interessante.”

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