Descubra todos os detalhes do novo prédio do MASP!
Assinado pelo escritório METRO Arquitetos Associados, o novo prédio do MASP aumenta a capacidade expositiva em 66% e conquistou a certificação LEED.
O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) vive um momento histórico em sua trajetória com a expansão que culminará no novo edifício Pietro Maria Bardi. Este projeto representa o maior salto físico do museu desde sua instalação na icônica sede da Avenida Paulista, em 1968, projetada por Lina Bo Bardi.
O escritório METRO Arquitetos Associados — liderado por Martin Corullon e Gustavo Cedroni — é responsável pela autoria do projeto arquitetônico. Essa colaboração dá continuidade à longa relação entre o METRO e o MASP, iniciada em 2015 e já resultante em intervenções significativas no edifício original, como a volta dos cavaletes de cristal, redesenhados a partir do sistema expositivo original do museu.
Expansão e Nova Arquitetura
Com 14 andares e 6.945 m² adicionais, o novo edifício aumentará a capacidade expositiva do MASP em 66%. O projeto respeita a escala e a linguagem do edifício de Lina Bo Bardi, evitando competir com sua monumentalidade. A volumetria consiste em um prisma retangular sobre um embasamento transparente, que preserva a continuidade visual com o famoso “vão livre” do MASP.
Um dos principais diferenciais do edifício é o revestimento em chapas metálicas perfuradas e plissadas, uma solução que controla a incidência de luz natural e reduz o aquecimento interno. Essa fachada metálica funciona como uma “pele” protetora, que diminui a carga térmica e aumenta a eficiência energética do edifício, aliviando o sistema de climatização.
Além das virtudes técnicas a inovadora fachada metálica, ao envolver toda a construção, produz uma volumetria pura e regular, em diálogo com o edifício de autoria de Lina Bo Bardi, reforçando o caráter funcional e simbólico da expansão.
Conexão e Funcionalidade
Inspirado em tipologias de museus verticais como os de Nova York, o edifício Pietro Maria Bardi incorpora um sistema de circulação que conduz os visitantes a percursos de cima para baixo, utilizando elevadores e escadas. As escadas, além de funcionarem como rotas de fuga, foram projetadas para serem espaços agradáveis, com janelas que permitem a entrada de luz natural e vidros corta-fogo, evitando a sensação de clausura e transformando-as também em áreas de circulação de público.
O projeto inclui uma passagem subterrânea que conectará o MASP ao novo edifício, facilitando a integração funcional entre os dois prédios e otimizando a circulação de público e o transporte de obras de arte. Além disso, a bilheteria será transferida para o subsolo do edifício Pietro Maria Bardi, devolvendo ao “vão livre” seu papel original como espaço público, conforme o ideal defendido por Lina Bo Bardi.
“O projeto de expansão foi pensado de modo complementar ao edifício de Lina, criando um conjunto arquitetônico que funciona como um organismo único, e não apenas uma adição de áreas.” define Martin Corullon. Ao incorporar docas de carga e descarga de obras de arte e ao criar uma central de climatização nova, que atende aos dois edifícios, o conjunto todo passa a funcionar como um grande equipamento integrado.
Ressignificação e Retrofit
O edifício Pietro Maria Bardi é resultado de um cuidadoso processo de ressignificação. Aproveitando estruturas preexistentes – um edifício da década de 1940 que havia passado por uma intervenção em 2014, inconclusa – o projeto transforma o que já foi um espaço residencial em um complexo cultural contemporâneo.
“Era fundamental entender o que poderia ser preservado, como as fundações, e o que deveria ser adaptado, como duplicar os pés-direitos, com a remoção de andares inteiros”, explica Martin Corullon. A escolha de intervir e adaptar uma estrutura existente, ao invés de construir do zero, reforça a história de São Paulo como uma cidade em constante transformação.
Desafios de Construção
A execução do projeto não esteve isenta de desafios. A principal dificuldade foi a demolição parcial do antigo edifício de concreto, que possuía diversas colunas estruturais. O processo foi conduzido com partes sendo demolidas e construídas simultaneamente, sem causar uma intervenção agressiva no entorno.
“O túnel que irá conectar os dois edifícios, além de ser uma obra de engenharia complexa dado que estamos escavando na avenida Paulista, é pouco usual em projetos de arquitetura, é sim muito utilizado em sistemas de infraestrutura mas no nosso caso servirá ao público e ao trânsito de obras de arte” comenta Gustavo Cedroni
Materiais
O projeto presta homenagens sutis ao edifício original de Lina Bo Bardi por meio do uso de materiais cuidadosamente selecionados. O piso de madeira maciça preta, por exemplo, faz referência direta ao piso preto do MASP. A pedra basalto, utilizada em diversos detalhes, como a calçada e a escada do edifício original, também está presente no novo edifício. O concreto aparente, característico do projeto de Lina, é outro material-chave que reforça essa conexão.
A pele metálica reveste o edifício até certa altura, enquanto o térreo é envolto em vidro transparente, preservando a sensação de abertura e integração com o entorno. “Quando as portas dos elevadores abrirem, você terá uma visão total das galerias de arte, sem nenhum tipo de anteparo, reforçando a ideia de conexão imediata do público com as obras de arte assim como acontece na pinacoteca do MASP” explica Gustavo Cedroni
Tecnologia e Sustentabilidade
O novo edifício do MASP não representa apenas uma ampliação física, mas também uma modernização tecnológica que posiciona o museu entre os mais avançados do mundo. O sistema de climatização e iluminação, projetado com tecnologia de ponta, atenderá às rigorosas normas internacionais de conservação de obras de arte. Além disso, a iluminação automatizada em LED assegura eficiência energética, reduzindo significativamente o impacto ambiental.
Outro aspecto crucial de sustentabilidade no projeto está no design atemporal, com formas simples e o uso reduzido de materiais altamente duráveis. Esse minimalismo estrutural reflete a longevidade natural do edifício, garantindo que sua estética e funcionalidade se mantenham ao longo do tempo, sem necessidade de grandes intervenções futuras. A sustentabilidade, portanto, vai além da eficiência energética: ela também se reflete na escolha de materiais e no projeto arquitetônico, que une praticidade e estética com a durabilidade exigida por uma obra icônica.
A sustentabilidade é um tema central no projeto, que conquistou a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). A fachada metálica dupla e os sistemas de ventilação inteligentes foram projetados para reduzir o consumo de energia, garantindo conforto térmico e economia. Essa abordagem evidencia o compromisso do METRO Arquitetos em criar um edifício que, além de inovador e funcional, respeita o meio ambiente e se integra de maneira harmoniosa à paisagem urbana.
Veja todas as fotos abaixo: