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Conheça 3 arquitetos engajados na bioarquitetura

Uso de barro, palha, bambu e outros materiais naturais são tendências mais saudáveis para o planeta e para as pessoas

Por Por Giuliana Capello | Foto: Divulgação
Atualizado em 9 set 2021, 13h42 - Publicado em 30 dez 2016, 09h35
Bioarquitetura para um novo mundo
Em Bali, na Indonésia, o prédio da Green School, projeto do alemão Jorg Stamm, é um bom exemplo de como a arquitetura pode unir tecnologia e natureza  (Fotos: Divulgação/)
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A bioarquitetura (ou “arquitetura com vida”) privilegia materiais naturais e disponíveis localmente para criar construções e jeitos de viver em harmonia com o meio ambiente. Dessa maneira, técnicas ancestrais, como as que empregam terra e palha, são aprimoradas com a ajuda da ciência e da experiência, ganham novas formas e, aos poucos, conquistam outro status. Deixam de ser associadas às classes sociais menos favorecidas para serem vistas como uma prática afinada com os desafios contemporâneos, tais como o colapso das cidades, a crise econômica e a chamada síndrome de falta de natureza, a qual tem levado milhares de pessoas a buscar caminhos alternativos.

O interesse pelo assunto está em alta, já que as pessoas estão buscando um estilo de vida mais saudável – incluindo desde o que comem até o modo como vivem. Um exemplo disso foi a quantidade de pessoas presentes no Simpósio Latino-Americano de Bioarquitetura e Sustentabilidade (Silabas), que aconteceu em novembro na cidade de Nova Friburgo, RJ. Cerca de quatro mil pessoas acompanharam as palestras de profissionais renomados, entre eles, Jorg Stamm, Johan van Lengen e Jorge Belanko, cujos perfis e entrevistas você lê a seguir.

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Jorg Stamm

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Há muitos anos lidando com bambu na América do Sul, o alemão Jorg Stamm conta que, na Colômbia, onde mora atualmente, já existem normas que o incluem na lista de materiais, graças aos avanços das pesquisas tecnológicas na área. Lá, 80% da população e seus antepassados vivem ou viveram no campo em casas com essa estrutura. Mas, apesar disso, a rejeição na cidade ainda é grande por causa da mudança de identidade. “Muitas pessoas consideram um desprestígio social habitar uma residência desse tipo. Por isso, no trabalho com comunidades, é mais interessante partir para obras de uso coletivo”, defende.

Para ele, vale a pena expandir a utilização da matéria-prima nas cidades porque, além de ser mais sustentável, ela oferece ótimo isolamento acústico e é eficiente para a filtragem do ar, garantias de conforto ambiental nas edificações. “O que falta agora, e isso vale também para o Brasil, são empresas com branding, que invistam no plantio de espécies de qualidade, com boa seleção e técnicas de preservação para conquistar a confiança dos profissionais e dos consumidores e tornar essa alternativa economicamente viável”, diz. Um bom passo? “Incorporar o bambu ao mercado madeireiro, reconhecendo sua importância.”

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Jorge Belanko

Há décadas na área, o arquiteto argentino se tornou conhecido internacionalmente por sua atuação focada nas classes mais humildes da população, como ele mesmo define. Autor do vídeo didático El barro, las manos, la casa, que virou um guia da construção natural, Belanko se diz apreensivo em relação ao entendimento do conceito de habitação social. “Não se trata de moradia para os pobres, como geralmente são as residências entregues pelos governos. Podemos responder às necessidades de abrigo e saúde de uma maneira ainda maior”, argumenta.

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Para ele, muitas empresas concentram-se em ampliar seus negócios e deixam de lado aspectos fundamentais. “Os materiais são aprovados pela resistência e não por promover a saúde do planeta e dos habitantes dos edifícios.” Como mudar isso? É preciso divulgar informações sobre essas técnicas, fazê-las chegar aos governantes para combater o preconceito e reduzir o desconhecimento sobre as vantagens oferecidas. “No futuro, vejo cidades abandonadas por serem simplesmente insalubres. Nossas edificações ganharão espaço à medida que as pessoas passarem a se importar com sua saúde e o lugar onde vivem, apesar da enorme publicidade em torno de tantos produtos tóxicos.”

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Johan van Lengen

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Autor do best-seller Manual do Arquiteto Descalço, síntese dos anos em que atuou como consultor para melhoria de moradias populares em várias agências governamentais, inclusive na Organização das Nações Unidas (ONU), o holandês diz que a bioarquitetura avançou bastante, mas as possibilidades são muito maiores.

Segundo ele, um edifício pode ter captação de chuva e aquecimento solar, mas também filtros biológicos de tratamento de efluentes, teto verde, hortas, aproveitamento dos ventos, etc. É primordial raciocinar num prazo mais longo, para além da economia de água e luz.

Johan é fundador do Centro de Estudos Tibá, que difunde bioarquitetura, permacultura e sistemas de produção agroflorestais. Localizado na serra fluminense, o local recebe estudantes e profissionais de todo o Brasil para cursos e estágios. “Hoje, a arquitetura ostenta várias expressões: modernismo, pós-modernismo etc. mas, no fundo, é tudo igual, sem identidade. Antes, a cultura era importante e as obras na China eram diferentes das na Indonésia, Europa, América Latina… Acho necessário recuperar a identidade de cada povo, e a bioarquitetura tem ajudado nessa tarefa”, avalia.

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