Casa com tijolos aparentes remete à construções no norte da Alemanha
A família comemora a paciência que teve ao longo do processo, reiniciado do zero após a troca de arquitetos, e cultiva as raízes
fincadas em solo brasileiro
Por Marianne Wenzel
Atualizado em 9 set 2021, 10h58 - Publicado em 16 Maio 2018, 17h00
Desde a entrada, partes metálicas tingidas em tom escuro reforçam a geometria da construção e contribuem para um resultado discreto. É o caso do portão da garagem, uma ampla superfície cinzenta. Mais adiante, lá dentro, a janela baixa e longilínea (dotada de grades de ferro) fica diante da escada para o subsolo, recortando a face no geral bastante fechada para a rua.
(Nelson Kon/Divulgação)
Continua após publicidade
Há que se ter paciência para fazer uma casa, pois não são poucas as expectativas depositadas nela: dar conforto, acomodar a história de cada um de seus moradores, condizer com a rotina e o estilo de vida da família, provar-se um bom investimento e ainda despertar a sensação de pertencimento e identificação. Não há vantagem alguma em atravessar esse processo apressadamente. Foi o que comprovaram os donos desta morada em São Paulo, um casal que se conheceu na Alemanha – ela alemã, ele brasileiro – e, por razões profissionais, se estabeleceu deste lado do Atlântico.
Seguindo a cartilha dos acabamentos básicos, o piso da varanda emprega cimento queimado. A grama se estende até o limite do terreno e faz a alegria dos meninos, que montam ali seu pequeno campo de futebol. LAJE PRÉ-MOLDADA: Na sacada da suíte principal, a estrutura metálica apoia uma laje de concreto de cerca de 2,10 x 3,90 m e 12 cm de espessura (Lajes Anhanguera). Nesse ponto ainda deverá ser instalado um deck. (Nelson Kon/Divulgação)
Depois de alguns anos vivendo num endereço alugado, os dois decidiram construir. Embora eles soubessem o que desejavam, o primeiro projeto não veio redondo. “Era todo compartimentado, com janelas pequenas e um telhado muito rebuscado. Parecia um estilo brasileiro antigo”, descreve a moradora. Se hoje ela enumera sem hesitar os pontos que a incomodaram, na época eles não ficaram tão claros. Tanto que o casal chegou a dar entrada na prefeitura a fim de obter as autorizações necessárias à obra. O trâmite demorou o tempo necessário para cair a ficha. Era preciso voltar à estaca zero.
Na nova tentativa, entrou em cena a dupla Lorenz Meili e Giuliana Martini, do escritório Jamelo Arquitetura, que soube interpretar a ideia de simplicidade presente na cabeça dos clientes. “Queríamos espaços de convívio em família”, resume a moradora. Por isso, nada de ambientes segregadores, como hall de entrada e copa. Funções duplicadas, então, nem pensar. Por exemplo, como a família é sócia de um clube, a piscina presente no lote foi aterrada. E a tradicional churrasqueira na varanda, figurinha carimbada em áreas de lazer, não se justificaria, porque o chef ocasional gosta de preparar os grelhados num modelo portátil. Na parte coberta da varanda, porém, foi bem-vinda uma segunda mesa de refeições.
O cantinho da lareira (à esq., na foto) e o estar com TV ocupam este ambiente que se comunica, pela abertura à direita, com a sala de jantar conectada à cozinha. No piso, assoalho de perobinha (Felgueiras). (Nelson Kon/Divulgação)
Continua após a publicidade
Falou mais alto a cultura alemã, que preza comer draussen – ao ar livre – sempre que o clima permite. E, por falar em lá fora, é justamente na fachada que reside o elo entre a casa e Lübeck, cidade natal da moradora e onde ela conheceu o marido. Os tijolinhos, que presumimos tão brasileiros, remetem às construções do norte da Alemanha também.
1/8 Seguindo a cartilha dos acabamentosbásicos, o piso da varanda emprega cimento queimado. A grama se estendeaté o limite do terreno e faz a alegria dos meninos, que montam ali seu pequeno campo de futebol. LAJE PRÉ-MOLDADA:Na sacada da suíte principal, a estrutura metálica apoia uma laje de concreto de cerca de 2,10 x 3,90 m e 12 cm de espessura (Lajes Anhanguera). Nesse ponto ainda deverá ser instalado um deck. (Nelson Kon/Divulgação)
2/8 Na fachada dos fundos, a estrutura metálica (Plasmont) configura, ao mesmo tempo, a sacada da suíte principal, a varanda coberta do térreo e uma pérgolacom tirantes para guiar a trepadeira. E, pouco a pouco, ela avança, vinda do muro lateral. (Nelson Kon/Divulgação)
3/8 Por todo lado (esta é a vista que se tem ao ultrapassar o portão da garagem), a cor cinza-chumbo confere unidade a elementos distintos: os tubos de água pluvial (aparentes, para facilitar a manutenção), a chaminé da lareira, o acabamento da platibanda, guarda--corpos e gradis. O mesmo tom aparecenas esquadrias de PVC (Eurosystem). CAPRICHO ARTESANAL: O tijolinho da fachada é o tradicional, de barro, partido ao meio no sentido do comprimento. A escolha levou em conta o melhor acabamento nas quinas em relação às opções vendidas em forma de plaqueta (Nelson Kon/Divulgação)
4/8 Pré-fabricada pela Plasmont, a escada metálica com pisadas de perobinha maciça chegou pronta à obra – seu desenho buscou viabilizar tecnicamente a largura ideal com o mínimo possível de componentes. LUZ DE CIMA A BAIXO:Preenchido com duas chapas fixas de vidro laminado, o rasgo de 1,45 x 5,80 m liga visualmente os dois pavimentos e deixa entrar mais claridade. (Nelson Kon/Divulgação)
5/8 A entrada se dá por este corredor lateral (ao fundo, vê-se o portão da garagem). Isso porque a frente concentra a áreade serviço e as escadas que levam ao subsolo e ao andar de cima. A intençãofoi voltar os principais ambientes para o jardim nos fundos do lote. (Nelson Kon/Divulgação)
6/8 O cantinho da lareira (à esq., na foto) e o estar com TV ocupam este ambiente que se comunica, pela abertura à direita, com a sala de jantar conectada à cozinha. No piso, assoalho de perobinha (Felgueiras). (Nelson Kon/Divulgação)
7/8 A distribuição da área social favorece o convívio com os dois filhos pré-adolescentes. Ambientes como copa, presentes no primeiro projeto contratado, saíram definitivamente da pauta (Campoy Estúdio/Divulgação)
8/8 Desde a entrada, partes metálicas tingidas em tom escuro reforçam a geometria da construção e contribuem para um resultado discreto. É o caso do portão da garagem, uma ampla superfície cinzenta. Mais adiante, lá dentro, a janela baixa e longilínea (dotada de grades de ferro) fica diante da escada para o subsolo, recortando a face no geral bastante fechada para a rua. (Nelson Kon/Divulgação)