Biofilia e neuroarquitetura: como projetar em sintonia com natureza e bem-estar

Mariana Meneghisso, uma das sócias do escritório Meneghisso & Pasquotto Arquitetura, explica quais elementos compõem ambientes biofílicos.

Por Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 jun 2025, 19h00
CASACOR SP: Sala de descompressão e relaxamento tem linhas arredondadas e tons naturais. Projeto de Tetriz Arquitetura para a CASACOR São Paulo.
 (Camila Santos/Divulgação)
Continua após publicidade

Além de trazerem beleza e frescor, as plantas também são símbolos de renovação, crescimento e vitalidade. E mais: há quem acredite que podem atrair sorte. Mas, saiba que nem só de plantas e flores vive a biofilia, já que seu conceito dispõe de uma ampla gama de elementos naturais que fazem a diferença na morada.

Biofilia e neuroarquitetura: como projetar em sintonia com natureza e bem-estar. Projeto de Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.
(Livia Krass/Divulgação)

“Quando aliamos a biofilia e neuroarquitetura, campos emergentes que estão revolucionando o design arquitetônico, criamos ambientes que conectam os benefícios da natureza à saúde física e emocional. Assim, podemos visualizar e vivenciar os projetos de maneira diferente, a partir de princípios neurocientíficos”, explica a arquiteta

Mariana Meneghisso, uma das sócias do escritório Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.

Conceitos

O que é Biofilia

Biofilia e neuroarquitetura: como projetar em sintonia com natureza e bem-estar. Projeto de Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.
(Divulgação/Divulgação)

Para entender melhor, Mariana começa pelo conceito da biofilia, derivado do grego ‘amor a vida’, que sugere que os seres humanos possuem uma conexão inata com a natureza.

“Ou seja, cada um de nós tem uma conexão individual com o meio ambiente”, continua. Um dos principais conceitos do campo é a incorporação de elementos naturais nos ambientes construídos, isso pode incluir o uso de plantas, água, luz natural, materiais orgânicos, formas orgânicas que remetem a desenhos naturais e vistas para a natureza.

Continua após a publicidade
Biofilia e neuroarquitetura: como projetar em sintonia com natureza e bem-estar. Projeto de Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.
(Divulgação/Pexels)

“Entre as premissas fundamentais da biofilia, não podemos deixar de evidenciar que a biofilia genuína está diretamente associada à responsabilidade do uso de materiais”, conta Mariana, que lembra ainda sobre a réplica das formas, relevos e elementos naturais no desenho e estética dos projetos.

“Ter impresso essas linhas e expressões da natureza, sem necessariamente ter uma planta em casa, é um viés rico e essencial na biofilia”, completa.

O que é Neuroarquitetura

Biofilia e neuroarquitetura: como projetar em sintonia com natureza e bem-estar. Projeto de Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.
(Divulgação/Divulgação)

Já a neuroarquitetura busca compreender como os espaços impactam nossas emoções e comportamentos. “Temos estudos comprovados em todos os lugares do mundo que revelam como os ambientes bem projetados podem estimular criatividade, concentração ou relaxamento”, ressalta Mariana Meneghisso.

Continua após a publicidade
Paisagismo, ripados, tapete e paisagismo dão nova cara a living de apartamento. Projeto de STAL Arquitetura.
Projeto de STAL Arquitetura. (Fernando Crescenti/Divulgação)

“Desde elementos como pé-direito alto, escolha da paleta de cores e uso de texturas podem ajudar a criar um equilíbrio entre funcionalidade e conforto”, completa Alexandre Pasquotto.

“Juntos, esses conceitos oferecem uma abordagem holística ao design, criando ambientes que não apenas atendem às necessidades funcionais, mas também nutrem a conexão emocional e física das pessoas com o espaço que habitam”, diz a arquiteta Mariana Meneghisso, especialista em neuroarquitetura da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.

Elementos para design de interiores biofílicos

Jardim vertical

Apartamento descolado tem jardim vertical exuberante com samambaias e cozinha azul. Projeto de Flávia Campos.
Projeto de Flávia Campos. (JP Image/Divulgação)

Sem falar apenas de plantas na decoração, a inclusão de outros elementos naturais no projeto de interiores passou a abranger soluções criativas que transformam os ambientes em espaços de conexão com a natureza. Uma dessas soluções é o jardim vertical, que permite incorporar vegetação até mesmo em espaços reduzidos.

Continua após a publicidade
Plantas, azulejos e detalhes com temas marinhos dão charme à apê de 100 ². Projeto de Paula Neder. Na foto, jardim vertical.
Projeto de Paula Neder. (André Nazareth/Divulgação)

Instalados em paredes, eles se tornam o ponto focal do ambiente, além de ajudar a purificar o ar e melhorar a acústica. “Outra opção é o jardim de inverno, um espaço interno dedicado exclusivamente à vegetação, que pode incluir fontes de água e pedras naturais, criando um refúgio de tranquilidade dentro do lar”, complementa Alexandre.

Materiais orgânicos

Linda casa de campo tem estrutura de eucalipto e décor rústico chic. Projeto de Solange Calio. Na foto, sala de estar, área gourmet integrada com área externa.
Projeto de Solange Calio. (Denilson Machado, do MCA Estúdio/Divulgação)

Materiais orgânicos também são fundamentais nesse tipo de design. Tecidos naturais, como linho, algodão, juta e bambu, oferecem um toque de leveza e conforto aos espaços. Eles podem estar em cortinas, estofados e tapetes, adicionando um charme artesanal e sustentável. Além disso, o uso de madeira de reflorestamento em móveis e acabamentos traz sofisticação ao projeto, enquanto reforça o compromisso com práticas ambientalmente responsáveis.

Casa de praia tem pub temático no subsolo, jardim interno e telhado verde. Projeto executado pela arquiteta Gabriela Venier e pelo engenheiro civil Germano Fenner/Fachada e interior assinados pelo arquiteto Eliseu Ferreira.
Projeto executado pela arquiteta Gabriela Venier e pelo engenheiro civil Germano Fenner/Fachada e interior assinados pelo arquiteto Eliseu Ferreira. (Fábio Jr. Severo/Divulgação)
Continua após a publicidade

Para completar, o uso de materiais rústicos, como palha e vime, em móveis ou peças decorativas, reforça a conexão com a natureza, proporcionando uma estética acolhedora e rústica.

Conceito aberto

Claraboias e brises deixam a natureza e a luz natural adentrarem nesta casa de praia moderna. Projeto de PITTA Arquitetura.
Projeto de PITTA Arquitetura. (João Paulo Soares de Oliveira/Divulgação)

Os conceitos abertos são outra forma de integrar a natureza aos interiores. Ao eliminar barreiras físicas entre os cômodos, esses espaços permitem uma melhor entrada de luz natural e maior ventilação cruzada. A presença de janelas amplas ou claraboias potencializa a iluminação natural, conectando o interior ao ritmo do dia e reduzindo a necessidade de iluminação artificial.

Pedras e água

Lago ornamental cria clima zen de contemplação em projeto de jardim. Projeto de Júlio Sousa Paisagismo.
Projeto de Júlio Sousa Paisagismo. (@ejfilms_edneyjones/Divulgação)

Além disso, o uso de pedras naturais, como mármore, granito ou quartzito, em bancadas, pisos ou paredes, adiciona texturas orgânicas e durabilidade, equilibrando funcionalidade e beleza.

Continua após a publicidade

A presença da água em elementos como fontes decorativas ou espelhos d’água não só enriquece o ambiente esteticamente, mas também promove relaxamento e auxilia na regulação da umidade.

Tecnologia

A tecnologia também tem um papel na neuroarquitetura e na biofilia. Sistemas de controle de iluminação, som e temperatura podem ser ajustados para criar ambientes que respondem às conveniências dos moradores.

Plantas para cada ambiente

Apê de 333m² tem piso em pedra natural. Projeto de Labra Arquiteto. Na foto, área social com vasos de plantas.
Projeto de Labra Arquiteto. (Ana Helena Lima/Divulgação)

Agora, para quem pretende adotar as plantinhas nos ambientes, confira algumas sugestões do escritório Meneghisso & Pasquotto Arquitetura:

  • Hall: Uma Espada-de-São-Jorge, além de afastar maldade, pode representar coragem e pode ser acolhedor para receber as pessoas no local de entrada e saída da residência.
  • Estar ou living: Espécies como fícus lyrata, costela-de-adão e zamioculcas criam um ponto de destaque e requerem pouca manutenção. Samambaias e marantas também são ótimas opções para trazer movimento e textura ao ambiente.
  • Quarto: Lavanda e jasmim são flores conhecidas por seus efeitos calmantes e podem melhorar a qualidade do sono, purificar o ar e manter um ambiente relaxante.
  • Cozinha: Hortelã, alecrim, manjericão e cebolinha são funcionais e perfumam o espaço. “Você pode cultivar uma pequena horta em vasos, calhas úmidas ou jardineiras para ter sempre um tempero à mão”, completa Mariana.
  • Home office: Suculentas, cactos, fitônias e peperômias são de fácil manutenção e ideais para reduzir o estresse. A inclusão de bonsais também traz um toque sofisticado ao ambiente de trabalho.
  • Varanda: Para áreas externas, opte por espécies como a primavera, jasmim trepador e lavanda, que adicionam fragrância e cor. Em varandas cobertas, antúrios, pacovás e filodendros podem ser usados para criar um pequeno jardim tropical.
Neste apê, sofá com encosto removível pode se voltar para sala de estar ou área gourmet. Projeto de Go Up Arquitetura.
Projeto de Go Up Arquitetura. (Robson Figueiredo/Divulgação)

Mas a arquiteta Mariana Meneghisso alerta, cada planta exige cuidados, como rega, ventilação, iluminação e poda, conforme cada espécie.

“A frequência de rega depende do clima e do tipo de planta, algumas precisam de solo sempre úmido, enquanto outras demandam menos água. Além disso, é preciso posicionar as plantas em locais com a quantidade adequada de luz solar ou sombra. A poda regular ajuda a manter o formato e a estimular o crescimento saudável”, destaca a arquiteta.

Publicidade