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Pilares, vigas e lajes de concreto

Grandes nomes da arquitetura moderna são adeptos desse sistema construtivo. Mas mesmo os defensores do material alertam sobre o risco de desperdícios

Por por Karina Yamamoto
Atualizado em 20 dez 2016, 23h11 - Publicado em 18 nov 2006, 21h08
Concreto usinado lançado em fôrmas de madeirite plastificado foi o principa...

Não existe empreiteiro, mestre-de-obras ou pedreiro que desconheça a utilização do concreto como elemento estrutural. “Isso indica que há mais vantagens do que desvantagens nesse sistema”, entende o engenheiro Carlos Holck, professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre as estruturas usadas para consturir casas, certamente a de concreto – à vista ou recoberta pela alvenaria – é a mais difundida no Brasil desde o século passado. E essa familiaridade com o método construtivo, com certeza, é um dos motivos pelos quais muitos engenheiros e arquitetos admitem se sentirem mais confiantes quando o incluem em seus projetos. “O fato de o país ter uma grande quantidade de profissionais acostumados a tocar obras desse tipo é outra questão a ser considerada”, assinala Holck.

A viabilização de projetos complexos e com curvas acentuadas também conta ponto a favor do método. “Só mesmo a estrutura de concreto permite essa versatilidade, uma vez que sua concepção possibilita o uso de fôrmas com os mais variados desenhos”, salienta o arquiteto Jair Valera, sócio há 20 anos do escritório carioca responsável pelas obras de Oscar Niemeyer. A má notícia é que “a desqualificação de alguns operários muitas vezes impede a correta racionalização do canteiro de obras, gerando desperdícios de materiais como madeira, cimento, brita, ferro e até água, que são a base da estrutura de concreto”, aponta o engenheiro Paulo Helene, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. “Mas tais perdas e o conseqüente aumento de custos não estão atrelados a falhas no sistema, e sim à desorganização no decorrer do processo”, avisa Helene. Ou seja, é perfeitamente possível ter uma obra bem planejada erguida com pilares, vigas e lajes de concreto.

Vigas de aço e pilares e lajes de concreto aparente (impermeabilizado pela J...

Quais são os tipos de estrutura de concreto?

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– Concreto preparado na obra: as fôrmas de madeira são montadas no local exato previsto para pilares, vigas e lajes e preenchidas com o material.

– Concreto usinado: a matéria-prima é entregue por uma empresa especializada e despejada nas fôrmas já preparadas – também nos locais exatos.

– Placas pré-moldadas: a modalidade inclui fôrmas alugadas, que podem ser de madeira, metal ou plástico. Os elementos estruturais são moldados no canteiro de obras, porém não no lugar de sua aplicação.

– Placas pré-fabricadas: quando pilares, vigas e lajes são feitos industrialmente e entregues nos canteiros.

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Pertinho do mar de Itapuã em Salvador, esta obra pedia soluções que suport...

Todas servem para construir casas?

Na opinião de Paulo Helene, as pré-moldadas e as pré-fabricadas não são muito indicadas para a construção de uma única casa. “O custo desses processos, que incluem uma produção em larga escala, costuma compensar só em obras de grande porte, como de edifícios ou conjuntos residenciais.” Mas vale lembrar que cabe aos profissionais responsáveis decidir qual a modalidade ideal.

É possível fazer uma estrutura mista?

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Sim. Mas são necessários cálculos estruturais mais específicos para que o peso da obra seja corretamente distribuído no esqueleto da construção. “Estruturas mistas, entretanto, não costumam ser econômicas, pois a compra de quantidades menores pressupõe menos poder de negociação”, diz o arquiteto Ivanir Abreu, de São Paulo.

Quais os materiais mais indicados para o fechamento das paredes?

Blocos cerâmicos e de concreto são os mais empregados, mas, no caso de uma construção mais leve, é indicado usar bloco de concreto celular ou paredes de gesso.

A estrutura de concreto é mais cara ou mais barata que as demais? A mão-de-obra especializada custa menos em relação à exigida pelo caso do aço e da madeira. Isso se explica pela vasta quantidade de profissionais disponíveis no mercado. O material que envolve a confecção da estrutura de concreto, de modo geral, também é mais barato que o aço e boa parte das madeiras nobres. Mas isso não significa que o sistema seja mais econômico. “Cada obra tem suas peculiaridades e por isso não é possível confrontar preços de diferentes técnicas”, destaca o arquiteto Milton Braga, sócio do escritório paulista MMBB Arquitetos.

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Como diminuir o desperdício?

O segredo é planejar os trabalhos no canteiro de obras. Fôrmas de madeira empregadas na confecção de pilares, vigas e lajes, por exemplo, podem ser reaproveitadas em outras etapas. O uso de concreto usinado é uma boa alternativa para evitar perdas de materiais – muito comuns quando a mistura de areia, água e cimento é feita no canteiro. “Outra opção que diminui o risco de desperdícios e garante a qualidade do concreto é fazer a mistura in loco, porém respeitando as proporções estabelecidas por um laboratório especializado nesse tipo de análise”, avalia Abreu.

A localização e a inclinação do terreno podem inviabilizar o sistema?

Terrenos muito íngremes geralmente complicam a execução das fôrmas e dos elementos estruturais. “Os de difícil acesso podem até inviabilizar a chegada de caminhão e, portanto, impossibilitar que a matéria-prima seja descarregada no local exato da obra”, salienta Abreu. Entretanto, não se pode afirmar que o método é inadequado para terrenos inclinados, por exemplo. “É preciso avaliar a situação existente”, diz o arquiteto.

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Quando deixar a estrutura aparente e quando escondê-la?

Embutir ou não a estrutura é uma opção estética. “Dependendo da dimensão e do conseqüente peso da obra, são exigidos vigas e pilares de espessuras maiores que as das paredes. Tudo isso precisa ser calculado antes da decisão ser tomada”, aconselha Braga.

A estrutura desta casa (300m²) em Aldeia da Serra, nos arredores de São Pau...
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