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Yoga Dance ajuda a alinhar os chacras e a reenergizar o corpo

Embalado pelos mais variados ritmos, o yoga dance alia a consciência da prática milenar indiana à liberdade da dança. Os chacras se alinham, o corpo se reenergiza e a alma flutua, feliz da vida.

Por Texto Raphaela de C. Mello | Direção de arte Camilla Frisoni Sola | Design Luciana Giammarino | Fotos Célia Mari Weiss | Reportagem fotográfica Carla Zullo
Atualizado em 21 dez 2016, 01h04 - Publicado em 2 ago 2012, 19h11

A catarinense Fernanda Cunha, criadora e diretora do Programa de Formação de Professores em Yoga Dance do Brasil, carrega uma certeza: a alegria de viver pode cochilar, hibernar até, mas ela é parte de nós. Só precisa ser despertada. De preferência, com graça e fluidez. É o que ela ensina em workshops pelo Brasil e Estados Unidos e também às alunas da escola Yogaflow, em São Paulo.

O que é o yoga dance?

 

Como o nome sugere, o yoga dance combina movimentos livres e cadenciados com asanas (posturas), relaxamento e meditação. A modalidade é resultado das buscas de Fernanda por aperfeiçoamento. Em sua estada de cinco anos nos Estados Unidos, ela estudou diferentes estilos, como ashtanga, vinyasa flow e yoga terapia. Mas foram as estimulantes combinações de ioga e dança, entre elas, journey dance, shake your soul, yoga trance dance e let your yoga dance, que a fizeram rodopiar de contentamento. Abastecida por essas correntes, mas não satisfeita em segui-las à risca, ela resolveu acrescentar gingado próprio. “Tinha uma forma diferente de me relacionar com o som, talvez por influência da minha pátria amada. Então, comecei a trabalhar e criar uma prática que se diferencia de todas as outras”, revela.

 

Além de inserir mudras (gestos feitos com as mãos) e entonação de mantras, Fernanda adicionou elementos extraídos do tai chi chuan e da brasileiríssima capoeira. Deuses hindus como Shiva, Ganesh e Krishna também são reverenciados. “Através dos movimentos, celebramos a energia de cada deidade como um aspecto da nossa própria consciência a ser explorado”, esclarece.

 

As aulas, que duram cerca de uma hora e meia, são embaladas por eclética discotecagem. Faixas de world music, música eletrônica, ritmos indianos contemporâneos, árabes, africanos, latinoamericanos e brasileiros atiçam a sensibilidade. Para entrar na dança, é preciso apenas “respirar e ter o coração aberto”, garante a professora.

Como o yoga dance trabalha os chacras?

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A técnica cunhada por Fernanda explora os sete chacras – centros de energia localizados no corpo que armazenam e distribuem a força vital (prana). “Em cada música expandimos a energia de um chacra diferente, removendo qualquer zona de tensão que possa estar nos impedindo de experimentar a alegria em nossa vida”, explica a profissional. E acrescenta: “À medida que nos movimentamos, nos reenergizamos e nos curamos em todos os níveis: físico, mental, energético e espiritual”.

 

Posturas de ioga abrem a aula, lubrificando articulações e músculos. Em seguida, os primeiros chacras são “acordados” pelo sussurro das músicas lentas. À medida que a atenção avança para os demais pontos, o investimento enérgico aumenta, assim como o ritmo da trilha sonora. “Batidas mais dançantes permitem trabalharmos física, energética e mentalmente com mais amplitude

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e expressão”, diz a professora. Na última etapa, o foco se volta para os chacras superiores, pontes com nosso eu interior. As melodias são, novamente, brandas, o que favorece o despertar da consciência. “A essa altura, a prática vira uma meditação em movimento onde o corpo nada mais é que a expressão da alma”, afirma Fernanda. Voltase, então, para as posturas de ioga a fim de alongar o corpo. Depois, é a vez do relaxamento profundo – chamado shavasana, ou postura do morto –, por meio da qual se deita com os braços ao longo do corpo, seguido de breve meditação.

 

A voz terna da professora conduz o “balé” do começo ao fim. “Informo a finalidade de cada chacra, explico o motivo pelo qual sugiro certos movimentos, peço às alunas que mergulhem em si mesmas”, detalha. Ainda assim, concede os créditos a suas pupilas. Só elas, mais ninguém, podem acessar o próprio íntimo e descobrir como ele deseja se expressar. Respiração e presença, ela ressalta, são fundamentais. O resto, cedo ou tarde, transborda.

Como o yoga dance ajuda a romper amarras?

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Um dos grandes atrativos da técnica é a sensibilização, a qual dá acesso ao palco dos sentimentos. “A dança representa entrega, uma fuga da mente racional”, afirma a especialista. O desafio inicial é tomar posse do próprio corpo e silenciar a autocrítica. Dançar significa, impreterivelmente, se expor. Logo, a timidez, o medo de não acompanhar, parecer desajeitada ou empolgada além da conta ficam à espreita.

 

Para alento geral, desempenho e afetação passam longe das aulas de yoga dance. “Não há certo nem errado. Basta deixar o ‘ser’ dançar”, simplifica a professora. A alma, ela assegura, reage da melhor forma, ou seja, despeja uma enxurrada de alegria. Outra barreira muito comum é a rigidez instalada na musculatura, fruto de tensões e do estresse. Ferrugem que vai se acumulando com o passar do tempo e dos solavancos da vida. Fernanda não se intimida. Segue ludibriando resistências emocionais e físicas até reabilitar a capacidade expressiva das alunas – patrimônio inato de todas nós. “Proponho coreografias até elas chegarem ao estágio onde se sentem seguras para criar seus próprios passos, com total liberdade.” E, garante, quanto mais relaxadas, mais as praticantes conseguem se render aos prazeres da dança consciente. O ápice se dá no momento em que as alunas se desprendem do olhar externo e encontram a autenticidade, que, uma vez aflorada, contagia a roda. “Algumas se entregam mais facilmente que outras. Mas o grupo vai se entrosando e oferecendo segurança para que todas se libertem das travas internas”, garante.

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A sensação de pertencer a uma confraria arrebatou a americana Anita Paczkoski, 55 anos, adepta do yoga dance desde 2009. “Gosto de ver o rosto dos outros dançarinos, tão vivos e radiantes. Eles são um reflexo de como estou me sentindo. Não importa se eles têm 12 ou 80 anos, a luz de sua alegria brilha radiantemente”, diz. A fisioterapeuta, bailarina e instrutora de ioga e pilates Nayara Rocha Brandes, 26 anos, de São Luís, passou pelo curso formativo há oito meses. É, hoje, mais uma difusora do método e, como tal, não disfarça a empolgação. “Atualmente, dou quatro aulas semanais. É incrível como o corpo dos alunos vira mensageiro da alma.” Isso acontece, segundo Fernanda, porque nossa essência é pura luz. E, quando a tiramos para dançar, ela fica ainda mais brilhante.

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