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Reforma amplia casa no Rio, mas mantém cobertura curva original

Ampliada na segunda reforma por meio de anexos retilíneos, num flerte assumido com a estética modernista, esta casa manteve sua marca registrada: a cobertura curva de concreto pré-moldado

Por Por Simone Raitzik | Projeto André Piva | Fotos André Nazareth
Atualizado em 19 jan 2017, 15h50 - Publicado em 16 jul 2014, 23h27

Um dinamarquês, uma espanhola. O casal, morador do Rio de Janeiro há quase duas décadas e eternamente enfeitiçado pela paisagem carioca, sempre teve dificuldade em entender a cultura local, que valoriza condomínios verticais, padronizados e compactos. “Acho impressionante como aqui, dependendo do lugar, um apartamento escuro, pequeno e voltado para a janela do vizinho é mais caro e disputado que uma casa grande, com jardim. Sim, a segurança pesa, mas a qualidade de vida, principalmente de uma família grande, muda quando se tem luz natural, espaço e vista aberta”, pondera o empresário. Pais de quatro filhos, ele e a mulher não titubearam quando surgiu a oportunidade de vender a cobertura onde viviam, em Copacabana, para comprar este imóvel no Cosme Velho, bairro residencial próximo ao Corcovado.

“Logo na primeira visita, nos apaixonamos pelo terreno, com mais de 2 mil m2, e pela construção que havia nele. Gostamos de sua estética crua, com pitadas modernistas”, conta o proprietário. Nem o ladeirão que leva à entrada nem as condições precárias da residência intimidaram a dupla, consciente da empreitada que estava por vir. Antiquados, fechados e mal iluminados, os ambientes pouco se beneficiavam da beleza dos arredores. “Chamamos o arquiteto André Piva para adaptar a morada a nosso estilo, que é muito básico, simples e busca o contato com a natureza.”

A obra, extensa, dividiu-se em duas etapas. A primeira envolveu a cozinha e o vão da escada que faz a ligação do térreo aos dois andares inferiores, onde ficam os quartos. A segunda interferência, mais radical, terminou quatro anos atrás e englobou a ampliação da sala, com o acréscimo de uma caixa envidraçada. “Unimos a curva à reta sem sobressaltos, inspirados nas elegantes linhas do Pavilhão Barcelona, de Mies van der Rohe. E, graças a toda essa transparência, a área externa se tornou mais usada, gostosa, com churrasqueira, forno de pizza e uma convidativa piscina. Outro investimento importante foi no paisagismo, que privilegiou espécies nativas e reforçou a sensação de estar no meio da floresta. O que se enxerga, por todo lado, são as várias texturas do verde”, descreve o arquiteto. Tudo isso aos pés do Cristo. Mais abençoado, impossível.

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