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Nossa ilha

Encontrar refúgio num paraíso distante é o sonho de muitos. Construir ali, porém, requer espírito de aventura

Por Redação
Atualizado em 20 dez 2016, 22h29 - Publicado em 2 nov 2006, 19h32
Azul e branco predominam na casa, reproduzindo as cores do mar. de resto, a c...

Arquiteta: Renée Sbrana

Área: 168 m2 (terreno de 1.000 m2).

Localização: ilha de Boipeba, sul da Bahia

Por que é ecológica: usou materiais naturais, envolveu a comunidade local, preservou a mata no terreno construindo em módulos.

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Chegar a Boipeba a partir de São Paulo exige subir num avião, vencer uma estrada sinuosa e encarar boas horas de barco. O exemplo pode soar estranho, mas serve para mostrar o quanto é complicado alcançar a pacata ilha. E como se sentem recompensados os visitantes que enfim põem os pés nesse povoado tradicional, fundado por padres jesuítas em 1537. Boipeba é rica em tartarugas, tatus, estrelas-do-mar, mangues e exemplares da mata Atlântica, mantidos sob os cuidados de uma Área de Proteção Ambiental. Também abriga uma comunidade engajada na tarefa de preservar seus costumes, encontrar meio de vida e cuidar da natureza. Pois foi exatamente sob o impacto de descobrir esse paraíso escondido (“ouvi falar do lugar e passei por aqui numa viagem pelo Nordeste”), que a arquiteta paulista Renée Sbrana tomou uma decisão ousada: construir na ilha sua casa de praia. Ao primeiro encontro, em 2003, seguiram-se viagens freqüentes, por meio das quais Renée estreitou o contato com os moradores locais.

Um título para uma foto sem titulo Um título para uma foto sem titulo

Quando Renée encontrou uma área disponível na ilha – íngreme e cheia de mato -, comprou-a imediatamente. “Os moradores só oferecem lotes a pessoas de confiança”, revela. O projeto e a construção proporcionaram à arquiteta e seu marido, o engenheiro Sérgio Costa, uma experiência singular: ela montou uma comissão de experts do lugar para identificar as árvores raras de seu terreno e implantar a casa sem cortes nem podas, por exemplo. Convidou um pescador a apontar como a brisa poderia refrescar a cabana. E contratou só trabalhadores locais (“eles sabem quem faz o que e onde encontrar as coisas”, diz), remediando a desocupação da baixa temporada turística. Foram sete meses de empreitada, nos quais muitos materiais eram trazidos de carro, depois de barco e então subiam o morro puxados por bois. “Ergui uma casa sólida e ganhei relações verdadeiras de vizinhança”, avalia.

O previsto era fazer paredes de pau-a-pique (com terra e armação de taquara... Para afastar a umidade (e também os bichinhos) e vencer o declive, a arquite... Um título para uma foto sem titulo O terreno de 1000 m2 é repleto de mucurizeiros e dendezeiros, entre tantas e... Passarelas e decks de ipê unem cozinha, sala e suíte do casal. Receberam v�... No banheiro, as divisórias são de biribinha com casca, em versão diferente... A suíte do casal prima pelas boas idéias, por dentro e por fora. No quarto,... Nada de carregar esquadrias pesadas ladeira acima. Os trabalhadores montaram ...

Ação local, efeito global A história de Renée Sbrana tem algo a ensinar a quem imagina que as investidas de um turista sobre um local pouco desbravado termina sempre em predação. Necessário no início (para viabilizar a construção), o contato com a comunidade se revelou prazeroso e rico. Hoje, ela participa de inúmeras iniciativas locais e contribui para outras, como a Associação de Moradores e Amigos de Boipeba (Amabo). Há várias outras ações louváveis. Mestre Beá ensina capoeira às crianças, desde que sigam nos estudos. A escola municipal reforça os costumes da região em celebrações animadas de folclore. E a recém-inaugurada biblioteca (apoiada pela associação Luz Cultural de Boipeba) apresentou uma novidade aos ilhéus: “As crianças presentes no ciclo de poesia brasileira vivem contando o que aprenderam aos pais”, diz Renée. “Também vejo a turma na praia, comentando os livros que lêem. Não é demais?!”

Projeto: Renée Sbrana

Execução: Sérgio Costa

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