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Mary Design Diariamente: valorizando o trabalho de artesãos

Quem já conhece as bijus únicas da Mary Design sabe que pequenas coisas banais viram colares de pura poesia. Agora, esse mesmo trabalho rico invade o universo da casa.

Por Texto Kátia Stringueto | Design Roberta Jordá | Fotos Marcelo Quintanilha
Atualizado em 14 dez 2016, 12h20 - Publicado em 20 dez 2012, 18h08

*Matéria publicada em Bons Fluidos #166 – Janeiro de 2013

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Não falta pano pra manga na parceria da estilista Mary Arantes e da artesã Nara Terra. A dupla mineira, que há oito anos se firmou na produção de bijuterias escultóricas comretalhos de tecido, alçou um novo voo para além da imaginação.

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Mary, criadora da Mary Design, em Belo Horizonte, e Nara, que coordena um grupo de bordadeiras em Caeté, a 35 km da capital mineira, inventaram outra prosa. Desta vez no universo da decoração e sem perder o viés do uso de retalhos coloridos. Uma história que começou dentro de um cômodo da casa de Nara lotado de sobras de tecidos de coleções passadas de bijuterias e mais um tanto de amostras de estampas fascinantes. “Quando a Nara me falou sobre esse estoque, comecei logo a matutar sobre o que fazer com ele. Era matériaprima demais para investir somente em bijuteria. Fui direto para Caeté durante quatro meses fotografando tudo do lugar e entrando em contato com as pessoas até brotar

a ideia”, conta Mary, coordenadora nacional do programa Talentos do Brasil, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). E foi nessa espécie de laboratório criativo que Mary avistou 19 cadeiras abandonadas ao lado de um galinheiro da casa do seu Beto, um artesão da cidade. Lixo para alguns, pote de ouro para outros. “Vou vesti-las com os cetins e tafetás da Nara, pensei”, lembra Mary. Assim, nasceu em poucos dias o projeto de decoração que ganharia o nome Mary Design Diariamente. No início, cerca de 150 pessoas de Caeté, entre homens e mulheres, bordadeiras e artesãos, foram envolvidas no projeto para dar status de quase arte a móveis e objetos que agora são vendidos em lojas luxuosas de São Paulo, Rio e Belo Horizonte, entre outras capitais.

 

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Uma calorosa trama que vem entrelaçando gente de mãos habilidosas como Brenda Gleice dos Santos, 28 anos, que reveste as cadeiras sempre à noite, depois da jornada de trabalho numa corretora de seguros. “A trama me tranquiliza e representa um importante complemento da minha renda mensal”, diz ela. Na casa da dona Lica, como é conhecida Maria Antonia da Costa Araújo, 46 anos, não é diferente. “Olho para a máquina de lavar, a primeira que tenho na vida, e penso: é fruto do meu suor”, orgulha-se ela, famosa por colocar toda a família para ajudar. O marido, seu Nelson, até já providenciou um “quartinho” para a mulher acomodar os fios de tecido e não precisar recolher tudo correndo quando chegam visitas. A zeloza equipe formada por dona Lica, Brenda e tantas outras bordadeiras não dá ponto sem nó e se esmera cada vez mais para entregar a Nara e a Mary

um trabalho perfeito. “Conheço a história de cada uma dessas pessoas que trabalham com a gente e fico feliz de ver como a arte pode reconstruir a autoestima delas. Há quem descobriu seu talento, já montou seu ateliê, saiu da depressão”, conta Nara. A maioria trabalha em casa e faz seu horário como pode, entre o cuidado com os filhos e a lida do lar. “Caprichosas são todas. Desde as que fazem os cordões de viés às que revestem os pufes, cadeiras, cabaças e cipós”, gaba-se Nara. Por um fio estão ligadas. As bordadeiras dando vida nova ao que era inútil, costurando o que vem das gavetas e paióis. Mary e Nara atando esses saberes ponto por ponto, com sustentabilidade e cidadania. O resultado é de encher olhos e coração.

*Matéria publicada em Bons Fluidos #166 – Janeiro de 2013

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