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Edward Hoffman: a importância da empatia

Edward Hoffman, Ph.D., é professor de psicologia na Yeshiva University, em Nova York, e autor de A Sabedoria de Carl Jung.

Por Edward Hoffman
Atualizado em 20 dez 2016, 19h43 - Publicado em 25 set 2013, 16h36
Edward-Hoffman

Você tem facilidade para detectar os sentimentos alheios? As pessoas dizem que você é um bom ouvinte? Por acaso já vivenciou as mudanças de humor de outros como se fossem suas? Em caso afirmativo, há grandes chances de você ser uma pessoa empática, e esse dom lhe será muito útil ao longo da vida. A psicologia moderna considera essa capacidade de se colocar no lugar do outro como algo vital para uma vida próspera e feliz. Além de revelar que esse traço atua como uma “cola” natural que mantém amizades, laços familiares e o amor romântico, ele aumenta as oportunidades de sucesso profissional. Faz sentido, pois, sem um grau de identificação com o outro, é pouco provável que você saiba o que agrada e o que incomoda seus clientes e colegas.

Tais achados apresentam uma perspectiva oposta à ideia que a mídia vem divulgando – de que todos nascemos com um “gene egoísta” dominante. A ciência evolutiva insiste que foram as emoções positivas inatas, como o altruísmo e a empatia, que viabilizaram a sobrevivência e a prosperidade da nossa espécie – e não a ganância e o egoísmo. Nenhum bebê sobreviveria sem a atenção e o cuidado de um adulto. E mais: o psicólogo austríaco Alfred Adler afirmou, há mais de 75 anos, que a empatia deve ser estimulada em crianças pelos pais e demais cuidadores ou permanecerá enfraquecida. Como você também pode adivinhar, filhos de pais que demonstram esse estado de espírito amigável (“Eu vejo que você está triste. O que aconteceu hoje na escola?”) são mais propensos a desenvolver tal virtude.

Muitas vezes, pessoas excessivamente empáticas comportam-se como “esponjas emocionais”, absorvendo e acumulando dentro de si sentimentos alheios, como a angústia. Pessoas assim optam, com frequência, por trabalhar na área da saúde e devem aprender a cultivar a resiliência. Existem duas boas maneiras de fazê-lo: estabelecer limites claros na relação com familiares, colegas e clientes, e reservar diariamente um tempo para si a fim de recarregar as energias.

Entretanto, a maioria de nós tem o problema oposto: não somos camaradas o suficiente e pagamos um preço alto por esse ponto fraco. Nossos relacionamentos sofrem. Pesquisas recentes vêm claramente vinculando satisfação amorosa a bons níveis de companheirismo entre os parceiros, quando as capacidades de entender o outro e de se fazer entender por ele andam de mãos dadas. Nossa vida espiritual também se beneficia de uma atitude assim. Não é à toa que o antigo Talmud judaico declarou que, “quando duas pessoas escutam uma a outra pacientemente, Deus as escuta também”. De fato, a lenda cabalística de Lamed-Vov – os 36 santos ocultos que amparam o mundo – enfatiza que a poderosa empatia dos santos ajuda a manter a humanidade viva com esperança, otimismo e perspectiva de crescimento. O psicólogo americano Carl Rogers, criador das técnicas modernas de aconselhamento, disse melhor: “Quando uma pessoa percebe que está sendo escutada, os olhos umedecem, como se estivessem chorando de alegria. É como se ela estivesse dizendo: ‘Graças a Deus, alguém me escutou. Alguém sabe como eu me sinto’ ”.

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