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“Design e arquitetura devem acalentar a alma”, diz Mendini no Brasil

Designer e arquiteto italiano, Alessandro Mendini, palestra no Brasil em evento promovido pela CASA COR STARS. Confira os assuntos abordados

Por Marcel Verrumo
Atualizado em 19 jan 2017, 13h54 - Publicado em 16 set 2013, 18h44

Profissionais e estudantes brasileiros da arquitetura e do design caíram da cama cedo na última quarta-feira, 11 de setembro, para prestigiar um dos grandes nomes do design mundial: Alessandro Mendini. O mestre italiano palestrou em evento organizado pela CASA COR STARS no hotel World Trade Center, em São Paulo. Em seu discurso, o mestre de 82 anos, deixou explícita a mensagem para que os profissionais façam projetos voltados não somente aos interesses comerciais, mas para a promoção do novo. Ele conta que foi assim, com muito experimentalismo, que criou grande parte de seu legado ao lado do irmão, Francesco Mendini, com quem divide o Atelier Mendini. Veja alguns dos assuntos abordados na palestra.

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Alma versus negócios no Design

Ao lado do irmão, Francesco Mendini, com quem divide o Atelier Mendini, Alessandro contou que seu norte sempre foi experimentar. “As pessoas precisam ser tocadas pela alma das coisas. O design deve tocá-las. É importante que os profissionais criem, experimentem e projetem prédios que sejam como uma acupuntura na malha urbana, acalentando almas”, defendeu Mendini.

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Papel dos movimentos Memphis e Studio Alchimia

Durante a discussão que se seguiu à palestra, Mendini foi questionado sobre o papel do Movimento Memphis e do Studio Alchimia no Design Italiano do final do século 20. “Eles surgiram em contraposição ao consumismo dos anos 1970. A gente era contra o funcionalismo [ramo da sociologia que busca explicar a sociedade a partir das funções desempenhadas por suas instituições] da Alemanha. Como o movimento era contra o design feito no período, acabamos ganhando projeção internacional. Éramos um grupo formado por pessoas com ideias diversas. As discussões eram muito calorosas, mas muito gostosas. Hoje, décadas depois, cada membro seguiu um caminho. Talvez o que una os integrantes seja o fato de todos serem pessoas muito interessantes e acreditarem na utopia da transformação do mundo por meio da imagem”, finaliza.

O futuro do Design

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Questionado sobre o futuro de sua profissão, Alessandro Mendini afirmou que o cenário é nebuloso e que é difícil prever um futuro. “Há muitas áreas surgindo e se expandindo. Há o fenômeno da autoprodução: estudantes – ainda nem formados – abrem o próprio escritório, se organizam em objetos internacionais e comercializam suas obras com o auxilio das novas tecnologias. Também há gente que trabalha com design artístico, que desenvolve um trabalho todo experimental (não é muito o caso do Brasil, onde as pessoas buscam, na maioria das vezes, produtos de boa qualidade e com baixo custo). Existe também uma vertente virtual, na qual os coreanos são os mestres”, diz.

Qual conselho você daria aos jovens designers que estão começando?

“Não darei nenhum conselho. Nunca fui professor. Sempre me recusei a trabalhar em escolas e universidades, porque tenho muita insegurança em aconselhar. Trabalho da melhor forma que preciso. Me comunico por meio do meu design. Se algum jovem encontrar uma mensagem em alguma das minhas criações, é o melhor que posso fazer”, encerrou.

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