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Conheça a morada-hangar de um apaixonado colecionador de aviões

Para viver neste condomínio no interior paulista, há uma condição: saber voar.

Por Por Deborah Apsan (Visual) e Lara Muniz (Texto) | Projeto Arkitito | Fotos Victor Affaro
Atualizado em 20 dez 2016, 18h38 - Publicado em 9 abr 2015, 17h30

Nesta vizinhança,barulho de avião nunca incomoda.Pelo contrário: para a turma daqui, tal zumbido rima com lazer. “A aviação é paixão antiga da família. Começou por volta dos anos 30, com o avô do meu marido, que ocupava o posto de brigadeiro na Aeronáutica”, conta a proprietária da casa-hangar. Décadas depois, o marido em questão leva assumidamente uma vida dupla – de segunda a sexta-feira, trabalha como engenheiro, mas, nos fns de semana, o piloto fala mais alto e pelo menos uma das quatro aeronaves vai passear. Encontrar o lugar certo para incluir o hobby na rotina, no entanto, demandou perícia e habilidade dignas de um comandante. Durante a busca, o primeiro condomínio aéreo (tipo de loteamento normalmente incorporado por pilotos com o objetivo de reunir quem gosta de voar) tinha acesso por uma estrada movimentada, seguida de um difícil e longo trecho de terra batida. Quando soube que o terreno atual, em local dotado de melhor acesso, estava à venda já com o pátio de manobras construído, o casal abandonou o primeiro projeto de arquitetura nos estágios finais e mudou de endereço. Não se importou de iniciar tudo de novo, outra vez com a ajuda da dupla de arquitetos Chantal e Tito Ficarelli, do escritório paulistano Arkitito. “Aproveitar o hangar existente foi menos limitador do que imaginávamos. Reforçamos a estrutura por causada carga dos aviões em cima da morada, porém espaço sempre houve de sobra”, explica Tito. A linguagem industrial – com eletrodutos aparentes, tijolos crus e piso de porcelanato esmaltado – alinha–se ao espírito do lugar. “De certa forma, isso também agilizou a reforma e manteve os custos sob controle, pois demos unidade a todos os ambientes”, avalia Chantal. Na hora da manutenção, os acabamentos também ganham pontos. “A residência é muito grande. Preciso de praticidade para desfrutar a companhia das visitas sem me preocupar constantemente se tudo está impecável”, afirma a proprietária. O pedido foi atendido, inclusive, no galpão. Dessa forma, quando o engenheiro-comandante decide se transformar em mecânico-restaurador, a ordem permanece. A oficina funciona tão bem que, recentemente, depois de garimpar peças até no Uruguai, o piloto devolveu ao céu um Taylorcraft de 1938, que já levou a família toda para uma voltinha. A família, aliás, está sempre por perto. Em dias de casa cheia, a cozinha se enche do aroma da comida mineira, delatando a origem da moradora. A música, contudo, não toca muito alto. Pode atrapalhar a sinfonia dos motores.

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Área: 1 014 m²; construção: Célio Vicentini; Serralheria: Carvalho Serralheria Industrial; Vidros e espelhos: Vidraçaria São Luiz; Marcenaria: Marcenaria Freire’s; Caixilhos: Van-Mar Serralheria. No pátio (planta à direita), quatro aviões dividem espaço com o escritório. Bastante amplo (20 x 20 m), o galpão ainda abriga uma ofcina para a manutenção das aeronaves, supervisionada pelo proprietário

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