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Casa paulistana é construída em torno de um árvore pau-ferro

Ao todo, 54 degraus e três passarelas de madeira e metal interligam os pavimentos desta casa paulistana, em cujo coração está um magnífico pau-ferro

Por Por Carolina Diniz (visual) e Denise Gustavsen (texto) Projeto Maurício Takahashi Fotos Evelyn Müller
Atualizado em 14 dez 2016, 11h33 - Publicado em 9 out 2014, 19h47

“Avistar a Serra da Cantareira, para nós, era essencial. Com a ajuda de um serviço de visualização de imagens por satélite, vasculhei muitos pontos altos de São Paulo até chegar a este terreno, na zona norte. Notei seu potencial já na primeira visita. De topografia instigante, apresentava desnível de 1,50 m em relação à rua, na frente. Nos fundos, que se voltam para um vale, a diferença alcançava 4 m. Enfim, situação perfeita para enquadrar as montanhas. O lote também acolhia o projeto de inspiração oriental e modernista que já se esboçava na minha cabeça. Decidi aplanar o solo 3 m abaixo da calçada, pois imaginava uma implantação verticalizada com vários planos, vãos livres e ambientes distribuídos em dois blocos principais, separados pelo pátio central. A proposta se mostrou afinada com a ideia de jogar com cheios e vazios a fim de organizar a planta. Como apoiei as lajes maciças de concreto [8 m de largura] nas divisórias laterais, consegui pavimentos liberados de pilares e paredes estruturais. Não queria nenhum obstáculo visual atrapalhando a sensação de continuidade. Por isso, encostei a escada e as passarelas num dos lados do jardim onde plantamos o pau-ferro. Além de nos remeter a uma dimensão fora da urbe, a árvore se tornou ponto de ligação entre os quatro níveis. Sua copa roça o teto retrátil, encarregado de ajudar a casa a respirar e de proporcionar iluminação natural. Queria ter espaço, luz e natureza por perto e, assim, formar uma atmosfera gostosa para mim, Midori e os filhos que virão [Daiki, o primeiro, nasceu enquanto preparávamos esta edição!]. O miolo verde surgiu justamente desse desejo. Interrompido por três ilhas de concreto – destinadas à ala íntima das crianças, ao escritório-brinquedoteca e ao quintal pavimentado –, ele cria porções de vegetação visíveis até dos dormitórios. Aliás, os lugares privativos se restringem ao mínimo necessário. Minha estratégia foi deixá-los abertos e integrados para estimular o convívio. É uma pequena moradia, mas serve de modelo para a vida em sociedade.” Maurício Takahashi, arquiteto e morador

 

As boas ideias deste projeto

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aberta

 

– Teto retrátil. Com estrutura metálica, a cobertura de vidro (Iguatemi Coberturas) é acionada por controle remoto para promover luz e ventilação naturais.

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– Piso frio. Salas, cozinha e banheiros receberam cimento queimado artesanal com mix de pó de mármore e cimento branco, finalizado com uma demão de resina fosca.

– Clima fresco. O pau-ferro garante o sombreamento necessário quando o Sol passa sobre o vão central, entre 12 e 14 h.

– Superescada. Ela tem estrutura de chapa de ferro pintada de cinza-grafite e degraus de madeira (trabalho da Serralheria Prates Salvador). Tirantes formam o guarda-corpo.

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– Piso quente. Réguas de peroba-rosa de demolição revestem as passarelas.

 

Sobe e desce

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Apreciar as montanhas era indispensável, mas tirar partido do Sol e da topografa do terreno comprido (8 x 28 m), cuja antiga casa foi derrubada, também influenciou a ousada implantação.

perspectiva

 

– Apoio escondido: as lajes maciças de concreto parecem flutuar. Isso porque os pilares que as sustentam estão embutidos nos paredões erguidos nas divisas laterais do terreno.

– Contenção: feito de tijolos de demolição da construção que existia no lote, dois muros de arrimo enterrados no subsolo (na frente e nos fundos) nivelam o terreno na cota de 3 m abaixo do nível da rua.

planta

 

– Solário: no topo da residência, fica o espaço da churrasqueira, voltado para o pequeno terraço ao ar livre, de onde se tem visão panorâmica de são Paulo até mesmo de dentro da Jacuzzi, que divide o lugar com espreguiçadeiras.

 

Área: 317 m²; Construção: Bonina Arquitetura; Estrutura: Benedictis Engenharia; Projetos Elétrico e hidráulico: Fit Engenheiros Associados; Paisagismo: Erica Nagashima Paisagismo

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