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Carlos Drummond de Andrade: veja fotos de sua casa da infância

O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade passou seus primeiros anos de vida em uma espaçosa casa em Itabira

Por Da redação
Atualizado em 14 dez 2016, 11h22 - Publicado em 30 out 2013, 19h34

A casa em que Carlos Drummond de Andrade passou seus primeiros anos de vida fica na Penha, em Itabira – cidade citada em tantas de suas obras. É um solar, construído no século XIX, em estilo colonial mineiro. Tem 32 cômodos e um jardim interno, com canteiros em forma de estrela e meia lua. Em 2004, o casarão foi restaurado. Carlos Drummond, uma dos mais reconhecidos poetas do Brasil, nasceu em 31 de outubro de 1902 e morreu aos 85 anos, em 1987.

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Confira abaixo três poemas do poeta:

 

Infância

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Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.

Minha mãe ficava sentada cosendo.

Meu irmão pequeno dormia.

Eu sozinho menino entre mangueiras

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lia a história de Robinson Crusoé,

comprida história que não acaba mais.

 

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu

a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu

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chamava para o café.

Café preto que nem a preta velha

café gostoso

café bom.

 

Minha mãe ficava sentada cosendo

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olhando para mim:

– Psiu… Não acorde o menino.

Para o berço onde pousou um mosquito.

E dava um suspiro… que fundo!

 

Lá longe meu pai campeava

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no mato sem fim da fazenda.

 

E eu não sabia que minha história

era mais bonita que a de Robinson Crusoé

 

Alguma Poesia (1930)

 

LIQUIDAÇÃO

 

A casa foi vendida com todas as lembranças

todos os móveis todos os pesadelos

todos os pecados cometidos ou em via de cometer

a casa foi vendida com seu bater de portas

com seu vento encanado sua vista do mundo

seus imponderáveis

por vinte, vinte contos.

 

Em Boitempo (1968)

 

Casarão Morto

 

Café em grão enche a sala de visitas, 

os quartos – que são casas – de dormir. 

Esqueletos de cadeiras sem palhinha, 

o espectro de jacarandá do marquesão 

entre selas, silhães, de couro roto. 

Cabrestos, loros, barbicachos 

pendem de pregos, substituindo 

retratos de óleo de feios latifundiários. 

O casarão senhorial vira paiol 

depósito de trastes aleijados 

fim de romance, p. s. 

de glória fazendeira.

 

Menino Antigo (Boitempo II) (1973)

 

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