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Bangalô encravado na costeira serve de refúgio para advogado em Ilha Bela

Os mais de 30 anos de convivência de um frequentador com Ilhabela culminaram num amplo bangalô, que resgata o modo de vida simples porém exuberante do litoral paulista

Por Por Joana L. Baracuhy (texto) e Silvia Goichman (visual) | Projeto Vázquez + Junqueira Arquitetos Associados | Fotos Marco Antonio
Atualizado em 19 jan 2017, 14h15 - Publicado em 4 fev 2015, 18h05

Custou um pouco para o arquiteto Marcos Figueiredo apontar para esta reportagem sua contribuição no projeto da casa encomendada pelo pai. A cabeça do carioca radicado em São Paulo desde 2006, época dessa empreitada familiar, seguia vagando pelo passado cheio de histórias que cercam o assunto. Não é pouco lastro, é verdade. Mas, aos poucos, as qualidades do projeto ganharam corpo durante a entrevista.

Quando convidou o filho a pensar com ele o refúgio de praia, o advogado Samuel Mac Dowell de Figueiredo deixou aflorar toda sua tarimba em construir (só em Ilhabela, esta é a terceira morada), o interesse por arquitetura (ele aprendeu sozinho a pilotar um tradicional software de projeto) e o ambicioso plano que envolve outra de suas paixões, a música. Era bastante, de fato, para Marcos conciliar.

Com a participação da equipe do escritório paulista Vázquez + Junqueira Arquitetos Associados, que acolheu o jovem profissional para a tarefa (e do qual, depois, ele se tornaria sócio), os caminhos se delinearam. O ponto de partida foi definir que o bangalô caiçara ocuparia a ponta do lote, um trecho relativamente plano, sem mata fechada e com ampla vista para o mar. Com o intuito de se inserir entre as enormes rochas, a construção seria dividida em blocos, todas com telhado de quatro águas, conectados por lajes e pergolados. “A funcionalidade e o visual da casa de praia anterior me agradavam muito e ditaram bastante ao novo desenho, que esmiuçamos por um ano”, conta Samuel. Em meio aos 24 meses de obra, o passado retornou com ainda mais força – o adorado refúgio que fora vendido estava sendo demolido, e partes dele permaneciam disponíveis num depósito. Pai e filho, então, arremataram vidros, portas e janelas e os aproveitaram na obra.

Tudo pronto, o equilíbrio parece ter sido alcançado. Se algumas escolhas sugerem certa nostalgia, o resultado aponta para o novo, já que o proprietário casou outra vez e desfruta com prazer do espaço confortável e informal, feito de madeira e tijolos. Daqui, Samuel batalha pela realização da grande vocação que enxergou para o lugar: no terreno, também ergueu um teatro e espera aprovar e captar recursos para a obra do Centro Cultural Baía dos Vermelhos, de incentivo às artes, que leva a assinatura do filho e dos sócios dele. Desta vez, sem olhar para o que passou, apenas mirando o que virá.

 

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Respeito à natureza

Além de driblar as rochas, a casa se postou suavementeno solo, dispensando aterros e cortes.

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Cobertura light. Nada de telhados, que obstruiriam a visão para o mar: as passagens entre os blocos privativos ganharam lajes e pergolados, devidamente aproveitados como ambientes. Neste, funcionam a cozinha e a sala de almoço.

Verso discreto. A entrada acontece por trás, mais fechada do que a frente da obra, pois fica diante de um barranco amparado em muros de contenção de pedra.

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Padrão de medida. Os ambientes são múltiplos de 4,50 m, tamanho máximo da madeira usada na estrutura. Uma exceção aparece no canto de estar, onde uma tesoura vence os 7 m de vão.

Pedras no caminho. As rochas se integraram ao projeto, ora apoiando o refúgio, ora em meio à alvenaria.

Declive Aproveitado. Valendo-se da inclinação natural, os arquitetos ainda inseriram duas suítes – uma sob a extremidade da casa e outra mais abaixo.

 

Área: 713 m²; Madeira da Estrutura: Madeireira Castilho e Madeireira Getuba; Esquadrias: Megatrio

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